Militante do Hamas (Imagem: Tar.Digital Flickr)
Embora autoridades israelenses tenham confirmado o confisco de criptomoedas do grupo Hamas nesta terça-feira (10), o comunicado não revelou as quantias apreendidas. De qualquer forma, uma análise da Elliptic revela que os terroristas receberam cerca de R$ 474 milhões em criptomoedas nos últimos anos.
Segundo uma das primeiras revelações da empresa de análise, o Hamas começou a aceitar doações de criptomoedas ainda em janeiro de 2019. No entanto, suas carteiras tiveram poucas movimentações até maio de 2021, quando a situação mudou devido ao início de mais um conflito na região.
“As Brigadas Al-Qassam (AQB) são o braço militar do Hamas e foram designadas como organização terrorista por vários países, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia.”
Apesar da campanha de arrecadação do Hamas ter sido um fracasso em seus dois primeiros anos, o grupo terrorista conseguiu ganhar apoio após o início de mais um conflito armado contra Israel. A carteira que recebia poucos milhares de dólares em criptomoedas rapidamente chegou a US$ 7,3 milhões.
Além de Bitcoin, a Elliptic também rastreou transações de Ethereum (ETH), Tron (TRX), Tether (USDT) e até mesmo Dogecoin (DOGE). Em maio de 2022, as carteiras dos terroristas apresentou seu ápice, recebendo quase US$ 10 milhões em doações.
“Tal como muitos outros grupos terroristas islâmicos que operam em Gaza e na Cisjordânia, a atividade das carteiras afiliadas ao Movimento da Jihad Islâmica na Palestina (PIJ) parece estar correlacionada com grandes escaladas no conflito.”
Quanto a queda das doações, percebida em maio deste ano, a Elliptic destaca que o Hamas deixou de aceitar criptomoedas ainda em abril. Um dos motivos seria a transparência da blockchain, que facilita tanto o reconhecimento dos apoiadores da causa quanto o destino final das criptomoedas.
“Após uma nova série de ordens de congelamento por israelitas, em abril de 2023, o Hamas anunciou aos seus apoiantes que já não aceitava doações de criptomoedas — reconhecendo que a utilização de criptomoedas o deixava vulnerável à identificação e apreensão de fundos.”
Apesar de ter interrompido sua campanha de arrecadação para financiar suas barbáries, a Elliptic alerta que o Hamas pode voltar a aceitar criptomoedas em breve devido à escalada da guerra.
“À luz do conflito atual, é razoável perguntar se o Hamas — e outros grupos na região, como o PIJ — poderia voltar a [aceitar] criptomoedas como mecanismo de angariação de fundos”, comentou a Elliptic. “Há certamente uma possibilidade muito real de que sim. O anúncio da ordem de congelamento israelense de 10 de outubro sugere que o grupo continuou tentando usar contas em exchanges de criptomoedas até hoje.”
De qualquer forma, a transparência do Bitcoin e outras criptomoedas parece ser o maior desafio para os terroristas e seus apoiantes. Portanto, é possível que eles optem por métodos tradicionais, como transações bancárias para financiar suas atividades.
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