Com os bloqueios de pagamento, a prisão da diretoria no último dia 17 de outubro e as indefinições quanto ao futuro da Unick Forex, “lideranças” à frente do marketing multinível da empresa estão divulgando agora uma nova empresa, a MoGuRo.
Fazemos questão de colocar “lideranças” entre aspas pois pessoas que levam outras a entrarem em esquemas que logo quebram, deixando milhares de investidores sem seu dinheiro, em nosso entender, não deveriam ser chamadas de “lideranças”.
O movimento parece intenso e as “lideranças” têm vindo a público explicar os motivos de estarem migrando para a outra empresa. Entre os líderes “Diamante” da Unick (aqueles que trouxeram mais clientes para a empresa), pelo menos 3 já anunciaram que estão agora na MoGuRo, empresa com funcionamento muito semelhante à Unick.
É o caso de Alexandre “Xandão”, de Curitiba, que divulgou vídeo no YouTube explicando sua passagem para a nova empresa. Já na descrição do vídeo ele deixa claro que migrou para a MoGuRo:
No seu vídeo, Xandão afirma:
“Não tem como eu sair da Unick, eu tenho um mundo de investimento lá dentro, como tenho em outras. A única diferença é que eu não visto mais a camisa da Unick”, diz. Depois, afirma que “o negócio é diversificar, mas não conseguimos fazer rede em duas empresas”, explicando sua ida para a MoGuRo.
No vídeo, Xandão também afirma que outro líder fez o mesmo movimento, Adair Bueno. Em vídeo divulgado pelo canal Samuel Pereira Oficial, no YouTube, Adair fala da entrada dele na MoGuRo:
“Estamos em Curitiba, viemos conhecer a sede da empresa MoGuRo Clube, e hoje a gente veio com a galera de 18 líderes do Brasil todo aí”. Depois ele diz: “A gente vai fazer nome nesse mercado também, assim como a gente fez nessa empresa que deu alguns problemas”, afirma, em referência à Unick.
Além deles, outros nomes conhecidos da Unick que aportaram na MoGuRo foram Rangel Andrades e Eduardo Tamir da Silva, responsável pelo canal Efatá Bitcoin, além de Maurício Guterres e Elaine Gonçalves, de Florianópolis.
A MoGuRo é uma empresa muito recente, que foi lançada em 15 de julho passado, e que se comunica publicamente ou por seu site, pelos membros da rede, ou por seu presidente, chamado Silveira Júnior, que afirma ser engenheiro e membro de um grupo de empresários de Curitiba chamado “Grupo Silveira”.
Já parecendo querer evitar um comunicado da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que vêm notificando e proibindo atividades de empresas que oferecem investimentos, a MoGuRo se coloca como uma empresa de “consultoria e treinamento no mercado financeiro”, como aparece na entrada de um dos seus sites:
De acordo com seu PDF de divulgação, que pode ser encontrado neste site da empresa, a MoGuRo afirma reservar 70% do valor investido pelos clientes para uma de suas “mesas de operações”, o que proporcionaria um lucro “compartilhado” com os clientes.
Além disso, eles dizem ofertar em sua ferramenta uma lista de “salas de sinais”, ou seja, espaços com dicas de investimentos rentáveis.
Segundo a empresa, as formas de “lucrar” do cliente são 6:
O PDF de divulgação promete ainda que, “em breve”, estarão disponíveis para os clientes um sistema de leilão de produtos, um e-commerce de produtos da empresa e de parceiros, uma plataforma de jogos e até um token, chamado Token ERC 20, que promete ser usado em plataformas parceiras e nas “principais exchanges internacionais”.
O site também indica um objetivo de “expansão internacional” da empresa, apresentando vídeos e PDFs de apresentação em 6 idiomas, português, inglês, espanhol, coreano, chinês e japonês.
Dificilmente uma empresa de investimento se coloca no mercado com tantos elementos que indicam ser ela uma pirâmide financeira. Por isso, chama a atenção a ousadia da MoGuRo.
Prometer lucros exorbitantes e usar de marketing multinível para angariar clientela é tradicional das pirâmides. Usar das criptomoedas como isca para novatos, também. Ter um negócio confuso, que nunca se sabe de onde vai vir o dinheiro é mais um item a pesar contra a empresa.
Mas a MoGuRo parece se sofisticar no quesito “rede de participantes”. Ela conseguiu, em três meses, angariar divulgadores de uma das mais famosas empresas do mercado, a Unick Forex, ou Unick Academy, empresa cujos diretores estão presos pela Polícia Federal e que está há meses com pagamentos atrasados, questões que sugerem, como a polícia já pontuou, tratar-se de uma pirâmide financeira.
Por isso, para quem tem qualquer intenção de investir, a MoGuRo parece ser uma empresa para se passar bem… bem longe.
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