A queda de preço do Bitcoin está começando a afetar grandes mineradoras. Em estudo, publicado nesta quarta-feira (1.º), a Compass Mining aponta que mineradores de Bitcoin estão vendendo boa parte de suas moedas no mercado aberto.
Além da queda do Bitcoin reduzir o dinheiro em caixa de tais empresas, também é notável que a concorrência do setor já está fazendo com que algumas delas desliguem equipamentos de baixa eficiência. O mesmo acontece em locais cujo custo da energia elétrica é tão alto a ponto de gerar prejuízos no momento.
Por consequência, o Bitcoin segue ainda mais pressionado com estas vendas. Afinal muitos destes mineradores são verdadeiras baleias, despejando centenas de bitcoins no mercado enquanto o mesmo tenta se manter acima dos 30 mil dólares.
Fluxo de Bitcoin de mineradoras para exchanges em crescimento
O principal ponto apontado pela carta da Compass Mining é o crescente número de bitcoins enviados por mineradores para exchanges. Conforme mostrado pela imagem abaixo, tal fluxo disparou em maio, atingindo 400 milhões de dólares, conforme o preço do BTC caia.
Uma destas mineradoras foi a Cathedra Bitcoin, que precisou vender 235 BTC por US$ 8,8 milhões (R$ 42 mi). Segundo a empresa, isso foi realizado para “reestruturar seu balanço e estar bem posicionada para aguentar uma crise econômica prolongada.”
Outra que vendeu 450 BTC nestes últimos meses foi a Riot Blockchain, aponta a Compass. De qualquer forma, a imagem acima representa bem o medo de que o Bitcoin não tenha uma reação positiva tão cedo.
Hash rate em queda, retorno de investimento mais longo
Mesmo com o Bitcoin caindo desde novembro, o hash rate (poder computacional da rede) continuava criando máximas históricas. Em outras palavras, havia uma maior competição por menos dinheiro.
Apesar disso, alguns mineradores começaram a ceder no final de maio, desligando parte de suas máquinas. Isso está relacionado ao custo de operação, que pode gerar prejuízo devido ao uso de equipamentos antigos e/ou energia mais cara que seus concorrentes.
Outra métrica que aponta a dificuldade do setor é o tempo para que os equipamentos de mineração se paguem. Ainda segundo a Compass, hoje são necessários mais de 650 dias (quase dois anos) para que uma ASIC dê retorno financeiro ao investidor.
Conforme dito acima, esta questão dos mineradores também implica em pressão vendedora nos mercados, dificultando uma retomada de preços. Portanto, isso é um sinal de alerta para investidores de curto prazo.
Queda do Bitcoin também afetou exchanges
Além de mineradoras, a queda do Bitcoin e outras criptomoedas também está afetando outros setores da indústria. Como exemplo, diversas exchanges realizaram demissões em massa nos últimos dias.
Enquanto a brasileira 2TM, responsável pela exchange Mercado Bitcoin, demitiu 90 pessoas nesta quarta-feira (1.º), outras gigantes internacionais também cortaram o número de funcionários. Como exemplo, a Gemini, dos gêmeos do Facebook, demitiu 10% de sua equipe enquanto a mexicana Bitso demitiu 80 pessoas.
Por fim, embora a Coinbase não tenha demitido ninguém, a maior corretora dos EUA parou de contratar novos funcionários. Portanto, independente do país ou do setor, toda indústria ligada às criptomoedas está sentindo os efeitos destes sete meses de baixa.