Os ETFs (Exchange Traded Funds) estão protagonizando uma revolução no mercado financeiro, e a inclusão do Bitcoin nesse universo promete transformar ainda mais o cenário dos investimentos.
Mas o que são exatamente esses fundos? Os ETFs são instrumentos de investimento negociados em bolsa, projetados para replicar o desempenho de índices de referência, como o Ibovespa, índices de ações ou até mesmo o próprio Bitcoin. Eles oferecem uma maneira prática e segura de acessar ativos, sem a necessidade de adquiri-los diretamente.
Ao investir em ETFs de Bitcoin, os investidores compram ações que representam a posse de Bitcoin, com a vantagem de que o fundo se encarrega de armazená-los e administrá-los. Essa estrutura traz uma série de benefícios, desde a maior acessibilidade até a regulamentação, tornando os ETFs uma opção atraente para uma ampla gama de investidores.
Com o crescimento exponencial desse mercado, surge a necessidade de avaliar o desempenho desses fundos, especialmente em 2024. Como eles se comparam com os tradicionais ETFs de ouro, um ativo que, ao longo do tempo, se consolidou como uma reserva de valor confiável? A análise dessa comparação não é apenas interessante, mas fundamental para entender as dinâmicas de um mercado que está se moldando rapidamente.
Os ETFs e a Estrutura do Mercado de Capitais Atual
Desde o lançamento do SPY, um ETF que replica o índice S&P 500, em 1993, os ETFs revolucionaram o mercado financeiro americano. Esses fundos democratizaram o acesso a investimentos, promovendo maior eficiência e transparência no setor. Atualmente, o mercado de ações dos Estados Unidos é avaliado em aproximadamente 46 trilhões de dólares, com uma divisão significativa entre gestão ativa (70%) e passiva (30%).
- Gestão Passiva: Representa 14 trilhões de dólares, com 8,5 trilhões em ETFs e 5,5 trilhões em fundos indexados.
- Gestão Ativa: Domina o mercado com 32 trilhões de dólares.
A penetração da gestão passiva varia entre categorias de investidores. Fundos mútuos de varejo lideram com 45% em estratégias passivas, seguidos por fundos de pensão (40%) e investidores institucionais (35%). Family offices são mais conservadores, com apenas 25% alocados em estratégias passivas.
Desempenho dos ETFs de Bitcoin em 2024: Ascensão Sem Precedentes
Os ETFs de Bitcoin lançados em 2024 não apenas atenderam, mas superaram as expectativas de mercado. O IBIT da BlackRock e o FBTC da Fidelity alcançaram um volume combinado de 4,5 bilhões de dólares no primeiro dia de negociação. Em apenas 11 meses, o IBIT acumulou impressionantes 50 bilhões de dólares em ativos, quebrando recordes e destacando a crescente demanda por produtos regulados no ecossistema de Bitcoin.
Propostas Recentes de ETFs Relacionados ao Bitcoin
Nos últimos meses, novas propostas de ETFs focados no Bitcoin e seu ecossistema surgiram e aguardam aprovação da SEC. Esses ETFs inovadores incluem opções que denominam ativos em Bitcoin, investem em empresas que adotaram o “padrão Bitcoin” e têm como base títulos de dívida vinculados ao Bitcoin.
Dois ETFs destacados foram propostos pela REX e pela Strive. A REX foca em títulos conversíveis de empresas que mantêm Bitcoin em tesouraria, geridos ativamente, com 80% dos ativos nesses títulos. Em contraste, a Strive busca uma exposição mais ampla, investindo em diversos “Bitcoin bonds” para proteger contra riscos sistêmicos do mercado tradicional.
O Bitcoin Standard Corporations ETF, proposto pela Bitwise, concentra-se em empresas que mantêm pelo menos 1.000 BTCs em suas reservas corporativas. Essa estratégia permite aos investidores exporem-se ao Bitcoin de maneira regulada através do mercado de ações tradicional, combinando desempenho operacional com a valorização do Bitcoin.
A ProShares propôs três ETFs que combinam investimentos em ativos tradicionais com posições vendidas em dólar e compradas em Bitcoin através de futuros. Embora não invistam diretamente em Bitcoin, esses ETFs utilizam instrumentos financeiros para criar exposição ao ativo subjacente, mantendo-se sofisticados e mais adequados para investidores com teses de investimento bem formadas.
ETFs de Ouro vs. ETFs de Bitcoin
Comparando com os ETFs de ouro, os ETFs de Bitcoin atraíram 36,8 bilhões de dólares em fluxos líquidos em 2024, enquanto os ETFs de ouro captaram apenas 454 milhões. Essa disparidade reflete uma mudança intergeracional nas preferências de reserva de valor, com investidores institucionais e de varejo migrando para o Bitcoin, enquanto bancos centrais permanecem focados no ouro físico.
A velocidade com que os ETFs de Bitcoin conquistaram espaço é notável. Enquanto os ETFs de ouro existem há duas décadas, os ETFs spot de Bitcoin começaram a operar em 2024 e já rivalizam em ativos sob gestão. Essa dinâmica sugere uma mudança nas preferências de alocação de capital, com investidores priorizando ativos digitais.
A “Bitcoinização” do Sistema Financeiro
A recente onda de inovações financeiras em torno do Bitcoin está transformando o mercado. Gestoras como BlackRock e Fidelity, ao comprar e custodiar Bitcoin diretamente, estão reconfigurando as estruturas tradicionais para reconhecer o ativo como uma nova unidade de conta e reserva de valor.
O crescimento dos ETFs de Bitcoin não representa apenas uma cooptação pelo sistema financeiro tradicional, mas também uma “Bitcoinização” desse sistema. Produtos como ETFs denominados em BTC, ETFs de empresas que adotaram o “padrão Bitcoin” e títulos de dívida voltados à compra de Bitcoin são exemplos dessa integração.
O mercado está se adaptando à lógica e aos princípios do Bitcoin, transformando suas dinâmicas tradicionais. Esta é apenas a fase inicial de uma mudança que pode redefinir as bases do mercado financeiro global.