A FUNAI se defendeu das acusações de não ajudar a localizar os desaparecidos, citando até uma criptomoeda do índio no caso. Nos últimos dias, o presidente da FUNAI fez declarações sobre o episódio que chama atenção do Brasil e despertou até um movimento grevista no órgão.
Um dos desaparecidos é o jornalista britânico Dom Phillips, que trabalhou para The Guardian, Financial Times, Washington Post, New York Times, Intercept e outros mais. O outro é o indigenista Bruno Araújo Pereira, servidor de carreira da FUNAI.
Desde o dia 5 de junho, eles não foram mais vistos na região do Vale do Javari, na Amazônia e próximo da fronteira com a Colômbia e Peru. As buscas começaram pelos próprios índios da região, que depois alertaram as autoridades que se uniram a causa.
Até o momento, foram encontrados apenas pertences dos dois. Parte da imprensa nacional acusou a FUNAI de não ajudar nas buscas, que emitiu uma nota negando.
FUNAI diz que ajuda nas buscas dos desaparecidos e tem lutado para melhorar o uso de recursos
Na última segunda-feira (13), a Fundação Nacional do Índio (Funai), divulgou uma nota pública sobre acusações de que não ajuda na busca por desaparecidos no Vale do Javari.
Segundo a fundação, as buscas têm sido incessantes, sendo destinadas para a região quatro embarcações com 14 servidores para ajudar a encontrar Bruno e Dom Phillips. A Funai disse que pertences dos dois foram inclusive encontrados com ajuda dos servidores que estão no campo.
“Em relação ao trágico episódio, a Funai se solidariza com os familiares e amigos das vítimas, bem como com os servidores da instituição, ao tempo em que reafirma o seu compromisso com a legalidade, segurança jurídica e pacificação de conflitos.”
Para justificar que tem procurado ajudar os índios, a Funai ainda declarou que investiu 10 milhões de reais em ações no Vale do Javari nos últimos 3 anos. Segundo a nota assinada pelo Presidente Marcelo Augusto Xavier da Silva, nos 3 anos anteriores foram investidos apenas R$ 4,8 milhões na região.
Presidente da Funai cita criptomoeda do índio para culpar governos anteriores pelo problema da região
No entanto, o presidente da Funai disse que a região sofre com anos de problemas, que tem relação com décadas de fracasso da política indigenista brasileira, principalmente de governos anteriores, que não tinham transparência e usavam ONGs para o trabalho.
Marcelo lembrou que a Funai teve que lidar até com o caso de uma criptomoeda do índio, que causaria um prejuízo de R$ 45 milhões aos cofres públicos e poderia prejudicar ainda mais as ações do atual governo em prol dos povos indígenas. Essa moeda é fala constante do presidente Jair Bolsonaro, que lembra que encerrou ela em seu primeiro dia do mandato.
“Infelizmente, hoje convivemos com a péssima herança de problemas mal geridos do passado. O que havia era malversação dos recursos, que nunca eram aplicados da forma adequada, vide o caso da criação de uma criptomoeda indígena, cujo contrato foi cancelado na nossa gestão e que, se fosse adiante, causaria um prejuízo de R$ 45 milhões aos cofres públicos.”
Mesmo com a defesa do presidente da Funai sobre sua atuação em prol da região e os possíveis esforços feitos para encontrar os desaparecidos, a UOL divulgou que servidores da fundação preparam uma greve, com apoio de sindicatos ligados.