Antonio Hoffert, economista e autor do livro Criptonomia explica a importância dos Mecanismos de Consenso na blockchain e seu papel na redução de riscos, transparência corporativa e expansão dos negócios.
Mecanismos de consenso são aplicativos especializados em estabelecer uma base de confiança absoluta entre duas ou mais organizações, baseando todos os processos na tecnologia blockchain.
Em outras palavras, são aplicações descentralizadas, não manipuláveis e pertencentes às partes participantes, essas condições preservam a segurança da informação na medida em que todas as ações dos participantes são registradas na Blockchain.
Além disso, a segurança jurídica é originada por meio de uma câmara de arbitragem, que cumpre seu papel dirimindo disputas e mantendo o estado da verdade das coisas.
Antonio Hoffert, economista e CEO da tech house Criptonomia explica, em entrevista, a importância de um Mecanismo de Consenso na blockchain para empresas. A Criptonomia lidera atualmente o maior case de uso da tecnologia blockchain da América Latina, já que é a responsável pelo desenvolvimento de um Mecanismo de Consenso aplicado entre a RHI Magnesita, fornecedor líder internacional de refratários, e a Gerdau, maior empresa brasileira produtora de aço.
Para entender melhor a importância de um Mecanismo de Consenso na blockchain, Antonio Hoffert esclarece algumas questões:
Como um mecanismo de consenso na blockchain funciona?
“Em poucas palavras, podemos basear a lapidação de todo o processo em um famoso termo: Smart Contracts. Um mecanismo de consenso não é apenas um contrato inteligente, mas ele é a chave principal para o desfecho de qualquer consenso na blockchain.
Sintetizando o funcionamento, cada empresa pode definir suas requisições, sejam elas medições comerciais, laboratoriais ou qualquer outra que se faça necessária em uma negociação, assim, as partes participantes podem aceitar ou recusar cada divisão do processo. Se todas as partes forem aceitas, o consenso é finalizado sem a interferência da câmara de arbitragem, mas se alguma das partes discordar de qualquer tipo de medição ou “atravancos”, a câmara de arbitragem é acionada para dirimir a disputa e decidir se aquela determinada parte do processo deve ser reparada ou deve seguir para o próximo passo. Ao final de tudo, todo o pagamento é automaticamente calculado e enviado com base em todas as variáveis presentes no consenso, isto é, baseado na performance.”
O que ele é capaz de corrigir?
“Um mecanismo de consenso na blockchain, como a Hive, é capaz de corrigir o conflito de interesses ou contratos com “furos jurídicos”. É muito comum que empresas entrem em um acordo contratual e, em momentos de conflitos, encontrem brechas jurídicas para que esses contratos sejam alterados ou saiam do próprio escopo. Muitas vezes, alguma das partes pode acabar arcando com grandes prejuízos em decorrência desses conflitos de interesses.
Com a integridade da matemática dos códigos e a transparência da tecnologia blockchain, o contrato se torna um tipo de “programa” e, portanto, a conclusão do contrato, e consequentemente do pagamento, só é executada caso o consenso esteja resolvido, por completo, na blockchain.”
E se as partes participantes fraudarem ou mentirem no mecanismo? Isso é possível?
“Essa é uma questão que envolve um pouco da filosofia da descentralização. É possível que alguma das partes minta ou omita coisas durante o processo de consenso, no entanto, além de ser uma tecnologia que personifica os participantes (“dá nome aos bois”), ela é capaz de gerar uma estrutura de incentivo que promove comportamentos honestos, porque nenhuma grande empresa gostaria de desonrar a própria reputação em um mecanismo auditável e que possui base em uma tecnologia que entrega permanência e imutabilidade (a blockchain).
As coisas físicas também possuem um padrão que pode envolver um marco temporal inviolável, por exemplo, se você é um produtor de carne, não há maneiras de fraudar o processo de definição de uma data de validade. Porque numa fraude, a data entre o abate e a validade da carne fugiria dos padrões típicos. E isso tudo estaria registrado na blockchain.”
Qual a segurança jurídica e tecnológica agregada?
“A segurança jurídica ocorre por meio de uma câmara de arbitragem, ou seja, se as partes envolvidas não concordarem com algo, a câmara de arbitragem é acionada para que a divergência seja dirimida.
Câmaras de arbitragem são juridicamente válidas e, para além disso, os processos não sofrem com a morosidade e a burocracia de órgãos públicos de justiça, já que uma câmara privada (escolhida por ambas as partes) é capaz de solucionar os possíveis conflitos. E a segurança tecnológica é indubitável, já que a tecnologia blockchain é o protocolo da confiança e agrega transparência, mutualidade nos processos e imutabilidade.”
Por que esse mecanismo é chamado de “tecnologia corporativa indispensável”?
“Porque é um mecanismo de consenso na blockchain que entrega o estado da verdade nas negociações. Isso implica redução de riscos operacionais, que implica a redução de custos, aumento da margem de negociação, boas relações corporativas, integridade e também segurança.”
Qual o papel de um mecanismo como a Hive para o comércio exterior?
“Um mecanismo como a Hive, ou seja, um mecanismo de consenso na blockchain, é praticamente trivial em negociações internacionais. Isso porque ele é o responsável por quebrar as barreiras culturais, linguísticas e, principalmente, as barreiras burocráticas e contratuais que uma negociação internacional pode encontrar. Esse tipo de aplicação é capaz de reduzir não apenas o tempo, mas também os custos desse tipo de comércio, visto que cartas de crédito e acordos utilizando instituições bancárias podem ser movimentos de alto custo.”
É capaz de atuar em todos os setores?
“Sim. Todos os setores podem ser contemplados. Seja qual for o problema que uma empresa estiver enfrentando (externo ou interno), a Hive é capaz de mapear todo o fluxo e agregar transparência, verdade e consenso. Os setores que atualmente mais se beneficiam são os setores de supply chain, comércio exterior e, como no caso da Gerdau e RHI Magnesita, o de refratários.”
A Hive é um seguro operacional para grandes empresas. Ela é um mecanismo que reduz riscos e consequentemente eleva a margem de lucros.