Justiça condena suposta pirâmide financeira que patrocinou até carro da Stock Car

Empresa deverá pagar mais de R$ 80 mil para investidor que aguarda os pagamentos da Híbridos Club desde julho de 2017.

A Híbridos Club deverá pagar mais de R$ 80 mil para um investidor. Através de um processo movido pela justiça de São Paulo, a empresa reconheceu que o usuário investiu R$ 80 mil em criptomoedas no final de 2016. Porém, desde então o investidor não conseguiu reaver seu dinheiro.

Apontada como suposta pirâmide financeira, a Híbridos Club já foi processada por outros investidores. Com a promessa de lucros mensais de 20%, a Híbridos Club atraiu milhares de investidores para seus negócios. A empresa chegou a patrocinar um carro da Stock Car em busca de visibilidade para a marca.

Híbridos Club deverá pagar mais de R$ 80 mil para investidor

De acordo com o processo (1000984-94.2018.8.26.0176), o investidor aplicou R$ 40 mil em três aportes entregues para a empresa no dia 27/12/2016. Com a promessa de lucros por volta de 20% ao mês, o investidor esperava receber R$ 8 mil todos os meses da Híbridos Club.

Os primeiros repasses da empresa parecem ter acontecido tranquilamente nos primeiros meses. No processo, parece que os pagamentos deixaram de ser feitos a partir de julho de 2017. Após os rendimentos mensais não serem depositados pela empresa, o investidor decidiu rescindir o contrato com a Híbridos Club.

Ficou determinado que a empresa pagaria o valor de R$ 84.480,00 para o usuário em onze parcelas. O montante corresponde aos repasses mensais em atraso somado ao capital investido pelo autor da ação.

Além disso, uma multa de 10% que deveria ser paga pela empresa foi acrescentada no valor final do processo. Contudo, a Híbridos Club não honrou com os pagamentos, o que fez o investidor procurar a justiça.

Do patrocínio a Stock Car aos atrasos em pagamentos

Entre os anos de 2016 e 2017 a Híbridos Club operou investimentos que podem configurar a empresa como uma suposta pirâmide financeira. Segundo publicações na internet, a empresa operou até 2018, momento em que o seu criador ficou desaparecido por quase um mês. A oferta da Híbridos Club era relacionada com criptomoedas como o Bitcoin.

Hélio Caxias Filho ficou desaparecido por trinta dias no ano passado. Usuários da Híbridos Club não conseguiam contato com o empresário. Além de investidores, um patrocínio prometido por Hélio também não se concretizou. O empresário sumiu antes de repassar um patrocínio para um carro que correu na Stock Car de 2018.

A Híbridos Club também era apontada como a patrocinadora de Tuka Rocha na Stock Car. O piloto seria patrocinado pela empresa na temporada de 2018. Mas, antes mesmo do patrocínio ser concretizado, Hélio Caxias Filho não foi encontrado por Tuka Rocha. Dessa forma, o piloto teve que correr atrás de outros patrocínios, correndo o risco de não conseguir novos colaboradores a tempo.

Empresa reconheceu dívida perante investidor

Através da ação, a Híbridos Club reconheceu a dívida apontada pelo investidor. Inicialmente a empresa tentou negar a dívida, mas não teve como recorrer diante das provas. Sendo assim, no julgamento do mérito da ação a Híbridos Club apresentou outra justificativa para os pagamentos que não aconteceram.

Para a empresa, o investimento apresentava riscos e por isso os pagamentos não foram realizados. Por outro lado, a justiça entendeu que o risco do investimento foi assumido pela Híbridos Club. 

Com a promessa de lucro fixo de 20% ao mês, a Híbridos Club oferecia uma prática irregular de investimento. Segundo a CVM, investimentos de alto risco não podem garantir nenhum tipo de lucro fixo. Para a comissão, ofertas desse tipo podem evidenciar casos de pirâmides financeiras.

Com a decisão judicial, a empresa foi condenada a pagar R$ 84.480,00 ao proponente da ação. O valor deverá ser corrigido de acordo com a data em que o investidor deveria receber o dinheiro. O juiz determinou ainda que a empresa deverá arcar com as custas do processo, fixadas em 20% sobre o valor da condenação.

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Paulo Carvalho
Paulo Carvalho
Jornalista em trânsito, escritor por acidente e apaixonado por criptomoedas. Entusiasta do mercado, ouviu falar em Bitcoin em 2013, mas era que nem caviar, "nunca vi, nem comi, só ouço falar".

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