O paranaense Philipe Wook Han, 37, é conhecido no mercado financeiro brasileiro. Ele é suspeito de ter orquestrado um golpe de R$ 1 bilhão por meio da FX Trading/ F2 Trading, suposta pirâmide financeira associada a criptomoedas que prometia rendimentos de 2,5% ao dia. A Polícia Civil de São Paulo, conforme reportou o Livecoins em maio, abriu três inquéritos para apurar o caso.
Apesar de todo o “caos financeiro” gerado por Han, desde o mês passado o brasileiro com ascendência coreana está por trás de um novo suposto golpe: a My Hash, que promete rendimentos de 30% ao mês aos investidores. A empresa afirma ser formada por um grupo suíço de bancos privados. Além disso, diz ter recebido licença bancária da FINMA, espécie de CVM (Comissão de Valores Mobiliários) da Suíça.
A suposta autorização que a My Hash alega ter recebido da FINMA, no entanto, não é verdadeira. Desde o mês passado, a empresa é alvo de investigação do órgão suíço. De acordo a FINMA, a My Hash não tem registro comercial e não pode atuar. Em outras palavras, o suposto esquema fraudulento não pode captar investidores nem fazer promessas mirabolantes de rendimentos.
My Hash está em lista pública
Há cerca de três semanas, a autoridade suíça inseriu a nova empresa de Philipe Wook Han em uma lista pública que reúne nomes de companhias e indivíduos não autorizados a atuar.
“Vários serviços financeiros requerem autorização. Se a FINMA receber informações de que um provedor está operando consciente ou inconscientemente sem autorização, ela investigará o assunto”, informa a CVM da Suíça em seu site.
“Se as suspeitas iniciais se consolidarem, a FINMA pode iniciar procedimentos de execução e impor medidas de severidade variada que podem até mesmo levar ao fechamento da empresa”, complementa o órgão.
A autoridade suiça ressalta, no entanto, que o fato de uma empresa estar na lista não significa que as atividades dela sejam ilegais. O nome na relação, de acordo com a FINMA, apenas demonstra que o negócio ou a pessoa não tem aval para atuar. Se no decorrer das investigações a My Hash provar seriedade, por exemplo, pode ser que saia da lista.
My Hash também não tem autorização da CVM
Além de não ter autorização do órgão suiço, a empresa também não tem aval ou dispensa da CVM para captar clientes no Brasil.
Vale lembrar, no entanto, que a CVM só regula empresas do mercado de capital constituídas no Brasil ou com filial no país, conforme informação repassada pela assessoria de imprensa do órgão. Como a My Hash afirma estar somente na Europa, a autarquia federal não tem competência para regular o negócio, mesmo que os investidores captados pela empresa residam no Brasil.
Divulgadores de supostas pirâmides “adotam” My Hash
Apesar do passado do criador da My Hash, a empresa já virou queridinha de divulgadores de supostas pirâmides. Só nos últimos sete dias, conforme apurou o Livecoins, pelo menos 20 vídeos sobre o novo suposto esquema fraudulento foram publicados no YouTube.
Um dos principais divulgadores é o youtuber Valberti Freitas, da Academia de Líderes. Ele afirma em seu canal que busca educar as pessoas e “trazer informações atualizadas sobre tecnologia blockchain, de maneira responsável e verdadeira, ensinando você trabalhar em casa a custo quase zero”.
Nos últimos dois dias, Freitas publicou pelo menos seis vídeos sobre o novo suposto golpe de Philipe Wook Han. No material divulgado nesta quinta-feira (9), por exemplo, ele afirmou ter supostamente lucrado 1,03% em um dia na plataforma da empresa.
Freitas, no entanto, passa longe de ser um educador. Isso porque ele é conhecido por divulgar supostos golpes, a exemplo da FX Trading/F2Trading e da Unick Forex, suposta pirâmide gaúcha que movimentou R$ 29 bilhões de forma ilegal. Além disso, ele fez propaganda da Nui International, também suspeita de fraude.