Em 2019, o argentino Alberto Echegaray Guevara vendeu uma obra de arte com 250 bitcoins. A obra foi apresentada na Bienal de Veneza 2019 e era uma esfera de vidro com um painel dentro cujo o preço dos bitcoins armazenados em uma hardware wallet podia ser observado ao vivo.
Guevara na verdade apresentou 3 artes em esferas de vidro, uma com 1 milhão de dólares, de verdade, triturados; outra com 1 milhão de euros na mesma condição; e a esfera com os bitcoins que podiam ser sacados a qualquer momento.
Na época em que a arte foi vendida os 250 bitcoins eram avaliados em 1 milhão de dólares. O preço de cada moeda digital era negociado na faixa dos US $ 4 mil.
O objetivo de Guevara era “mostrar o sistema econômico do passado junto com o futuro da economia e convidar à reflexão sobre o que significa o dinheiro.“, disse ele ao site argentino Infobae.
Hoje a obra está avaliada em aproximadamente R$ 42 milhões.
Arte vendida por US $ 1 milhão agora vale R$ 42 milhões
A obra foi apresentada na abertura da Bienal para um dos principais colecionadores da Europa, um descendente da família real austríaca que ficou cativado pelas 3 obras e adquiriu todas elas, disse Guevara ao Infobae.
“Hoje, com o aumento do valor dos bitcoins, a obra vale cerca de 8,5 milhões de dólares. O colecionador comprou com os 250 bitcoins, que eram de um investidor privado que os disponibilizou”
Para Guevara, a valorização da obra representa uma das maiores valorizações de uma obra de arte em pouco tempo.
Quanto ao comprador da obra, sabe-se que “investir e ganhar” não era uma de suas preocupações, mas certamente ele deve estar feliz.
O artista contou que seu objetivo com a obra era mostrar o futuro dos sistemas monetário, citando que o dinheiro atual não nos pertence, mas que o Bitcoin vai mudar tudo isso.
“Basicamente, o que eu queria mostrar com a obra é o futuro dos sistemas monetários. Tudo o que temos pela frente é uma revolução que tem a ver com o fato de que o dinheiro que ganhamos todos os dias está depositado em sistemas financeiros onde não nos pertence. Bitcoin e moedas digitais vêm para mudar tudo isso. Eu, tendo um bitcoin, sou dono do dinheiro e ninguém pode tomar; só eu decido. Essa é uma mudança fundamental ”, disse ele na rádio FM Milenium.
Outras obras contendo dinheiro
Guevara é considerado um forasteiro ou um artista em ascensão – pelo menos foi assim que foi certificado pelo prémio de Melhor Artista Emergente Global na ArtDubai (2016).
Ele é graduado em Administração Pública e, portanto, faz sentido que suas obras girem em torno de economia, no caso, do dinheiro, ou, como ele prefere defini-la, das “questões globais”.
Guevara se define como um empresário e após várias experiências de negócios ele fundou a Pascal Capital, empresa especializada em ativos digitais.
Suas obras sempre foram ligadas ao dinheiro e em 2014 ele causou polêmica quando apresentou uma arte em que uma esfera tinha 1 milhão de dólares triturados e era cercada por outras 13 artes com um milhão de pesos argentinos cada, simbolizando a diferença de preço de 1/13.
“Depois que fiz esse trabalho, visitei 14 bancos centrais ao redor do mundo, destruí dinheiro e comecei a evoluir. Qual é o futuro de tudo isso? Não só o papel está se tornando digital, mas, pela primeira vez na história, a senhoriagem começa a não estar nas mãos de um governo ou de um rei que lidera uma nação”, explicou.
Guevara tem um vídeo no Youtube onde mostra o processo de construção da obra MoneyBall.
Guevara é um daqueles pontos fora da curva que vale a pena conhecer. Um artista de verdade, talvez um gênio.
