Aqueles que esperam uma recuperação do Bitcoin devem saber que a moeda digital enfrentará dificuldades, de acordo com analistas do JPMorgan. O preço da criptomoeda pode permanecer abaixo dos US $ 40 mil – um indicador disso, de acordo com especialistas do banco, é uma diminuição no fluxo do principal fundo de investimentos em criptomoedas, Grayscale.
O fluxo de dinheiro para o Bitcoin Trust (GBTC), responsável pela maior parte dos ativos – US $ 20 bilhões, atingiu o pico, citam os analistas do JPMorgan. “No momento, o ímpeto de compra de investidores institucionais não é forte o suficiente para que o Bitcoin ultrapasse a marca de US $ 40.000”.
O banco também disse que os comerciantes que usam a estratégia de alavancagem continuarão fechando posições em contratos futuros. Isso só aumentará o efeito negativo sobre o valor da criptomoeda.
Bitcoin, um ativo de risco
Nas últimas duas semanas, o preço do Bitcoin caiu 17%. Os entusiastas acreditam que a criptomoeda é uma proteção contra riscos de inflação e, os céticos apontam para outra bolha especulativa.
Para analistas do JPMorgan, é mais apropriado caracterizar o Bitcoin como um ativo de “risco” que um ativo “seguro”. Isso por causa do comportamento da moeda digital no ano passado. Desde março de 2020 a correlação entre o Bitcoin e as ações da S&P500 aumentou, mostraram os estrategistas.
“Tanto o Bitcoin quanto o ouro poderiam ser mais caracterizados como ativos de ‘risco’ em vez de ativos ‘seguros'”, diz o banco, que acredita que os investidores preferem esses ativos porque são opções “alternativas” em vez de ativos seguros ou de “hedge”.
O estrategista-chefe do JP Morgan, John Normand, afirmou que o Bitcoin “não é apenas o hedge menos confiável, mas, devido à sua popularidade entre os investidores de varejo em busca de impulso, recuos generalizados do mercado são significativamente visíveis”.
Portanto, de acordo com o JP Morgan, que publicou 3 análises sobre Bitcoin nos últimos 2 meses, ações e outros ativos de risco podem ser facilmente afetados por vários fatores como: os efeitos do corona vírus, o aumento da inflação, um choque baseado em dívida, austeridade regulatória, tensões recorrentes EUA-China ou EUA-Coreia do Norte, dentre outros.
Morde e assopra
Curiosamente, no mesmo relatório que critica o Bitcoin, o analista do JPMorgan também escreve que a moeda digital melhora a eficiência do portfólio no longo prazo, mas sua contribuição provavelmente diminuirá com o tempo conforme o ativo aumenta a correlação com outros ativos.
Ignorando o fato de que qualquer pessoa que comprou Bitcoin e manteve sua posição nos últimos anos é provavelmente extremamente rica hoje, o relatório diz que “a recessão do ano passado especialmente por causa do COVID-19 reforçaram a visão da diferença entre eficiência de longo prazo e gerenciamento de risco de curto prazo. Como um ativo autônomo, as criptomoedas são várias vezes mais voláteis do que os ativos tradicionais, ações ou ouro.”
O próprio JPMorgan afirma que o Bitcoin tem um recurso extra: a proteção perfeita contra o colapso financeiro que geralmente se segue à experimentação monetária sem precedentes e à impressão de dinheiro selvagem.
“Em comparação com qualquer outra classe de ativos ou hedge de portfólio, as criptomoedas podem proteger exclusivamente as carteiras contra a perda simultânea de crédito na moeda de um país e no sistema de pagamento, visto que são produzidas e comercializadas fora dos canais tradicionais e regulamentados”.