Vice-presidente do Fed é a favor das stablecoins

Randal Quarles comenta: "devíamos dizer sim" às stablecoins.

Em uma conferência ontem (28) em Utah, nos Estados Unidos, o vice-presidente do banco central dos EUA, Randal Quarles, disse que a entidade deveria encontrar maneiras de dizer “sim” às stablecoins. As informações são da Coindesk.

O discurso contrasta fortemente alguns dos membros do Fed, como o presidente Lae Brainard. Ele chegou a advertir que as stablecoins podem representar risco aos consumidores e empresas.

Na 21º convenção anual da associação de banqueiros em Utah, Quarles disse que o banco central dos EUA tem um forte interesse regulatório nas stablecoins, mas que não deveria teme-las. Acrescentou, ainda, que, quando todas as preocupações a respeito da possível instabilidade desse tipo de ativo for sanada, é necessário dizer sim para essa inovação.

“De fato, a combinação de melhorias iminentes no sistema de pagamentos existente, como várias iniciativas de pagamentos instantâneos combinadas com a eficiência transfronteiriça de stablecoins devidamente estruturadas, poderia tornar supérfluo qualquer esforço para desenvolver um CBDC.” – Randal Quarles

Quarles se posicionou acerca das CBDC’s, pois nos últimos meses havia notado um forte interesse público por um “dólar digital”. Alguns especialistas vinham sugerindo que o Fed deveria emitir uma CBDC, uma moeda digital de  banco central.

No entanto, Quarles se mostrou um pouco contra e questionador a respeito de uma CBDC emitida pelo Fed, pois destacou que os americanos já fazem transações em dólares digitais, enviando e recebendo sados eletrônicos em contas bancarias.

Mas vale destacar que esses dólares não são uma CBDC porque são passivos dos bancos comerciais e não do Fed.

Sendo assim, de acordo com Quarles, o dólar já está bastante digitalizado. Pois o Fed fornece dólar digital aos bancos comerciais e esses bancos, por sua vez, fornecem dólares e outros serviços financeiros para os consumidores e empresas.

Ceticismo em relação ao bitcoin

Embora parecendo favorável às stablecoins, Quarles destacou algumas objeções a respeito do bitcoin em seu pronunciamento.

Ao comparar o bitcoin com o ouro, o vice presidente disse que o ouro possui atributos industriais e estéticos, enquanto que o bitcoin só possui novidade e anonimato. Ele disse então que o anonimato do bitcoin o faria se tornar alvo das autoridades e a novidade uma hora iria acabar.

Ademais, acrescentou que o bitcoin não passaria de um investimento arriscado e especulativo em vez de revolucionário. Logo, isso não afetaria o valor do dólar.

Esta conclusão é altamente equivocada, já que a inflação do dólar é a maior desde 2008 e, somente em julho de 2020 – durante a pandemia – foram emitidos mais dólares do que em 200 anos nos EUA.

Dessa forma, o bitcoin foi visto como o ativo que conseguiu se sustentar e não perder valor de compra frente a crise do coronavírus. Não à toa, o ativo se valorizou mais de 300% apenas em 2020.

CBDC x Stablecoin

Para melhor entender, é importante destacar que, embora parecidas, as CBDCs e as stablecoins são diferentes.

CBDCs são moedas digitais emitidas por bancos centrais, possuem as mesmas características das moedas fiduciárias. Dessa forma, são moedas mais estáveis, pois são controladas por uma entidade centralizada e fazem parte da oferta monetária do país.

A única coisa parecida em relação às outras criptomoedas é que as CBDCs também podem utilizar blockchain.

Existem basicamente dois tipos de CBDCs:

CBDC de atacado

Esse tipo é ofertado apenas para bancos comerciais e câmaras de compensação, com o objetivo de aumentar a eficiência de pagamentos interbancários nacionais ou internacionais, pois geralmente esses processos são mais morosos e caros.

Sendo assim, esse tipo de CBDC visa maior eficiência de pagamentos interbancários e em negociações de títulos.

CBDC de varejo

Já as CBDCs de varejo buscam aumentar a inclusão financeira. Servem como uma alternativa ao dinheiro físico em países onde a moeda está perdendo força.

Nesse caso, a CBDC substitui ou complementa a moeda fiduciária e serve como uma melhor alternativa aos depósitos bancários tradicionais. Além disso, incentivam a participação comercial e bancaria de pessoas desbancarizadas.

Stablecoin

Ao contrário das CBDCs, as stablecoins são ativos que visam diminuir a volatilidade das criptomoedas, pois são atreladas a um ou mais ativos mais estáveis. Podem ser colaterizadas em moedas fiduciárias de algum país, ou a um commoditie, ou até mesmo em outra criptos.

O objetivo das stablecoins é ser mais estável, facilitando negociações, além de servir como um método de diversificação de portfólio.

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Eduarda Lobato
Eduarda Lobato
Educadora sobre bitcoin & copywriter.

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