Uma página de prova de garantia da Binance chamou a atenção da Bloomberg nesta terça-feira (24). Segundo a agência, uma carteira usada para guardar fundos de clientes também estava sendo utilizada para guardar as reservas dos B-Tokens.
Explicando melhor, essas garantias são criptomoedas que dão lastro a ativos emitidos em outras blockchains. Como exemplo, a Binance aponta que possui 68.200 Bitcoins (BTC) em sua carteira e a mesma quantia nos chamados tokens embrulhados (wrapped tokens).
Emitidos pela Binance, estes são chamados de B-Tokens e funcionam em diversas redes. No caso do Bitcoin, por exemplo, é possível encontrá-lo nas versões BBTC, BEP2 e BEP20, nos formatos ERC20, BEP2 e BEP20 das redes Ethereum, Binance Chain e Binance Smart Chain, respectivamente.
Fundos de clientes estavam nesta mesma carteira
O grande problema é que a carteira marcada como “Binance 8” é destinada a guardar fundos de clientes da corretora. No entanto, também estava sendo usada para armazenar garantias dos tokens acima.
A própria Binance assumiu o enganado. Em conversa com a Bloomberg, um porta-voz da corretora afirmou que “A [carteira] ‘Binance 8’ é uma carteira fria da corretora. Os ativos de garantia foram anteriormente movidos para esta carteira por engano e referenciados de acordo na página de prova de garantia do B-Token.”
“A Binance está ciente desse erro e está transferindo esses ativos para carteiras de garantia dedicadas.”
Segundo a própria página de B-Tokens da Binance, a corretora é responsável pela cunhagem de 94 tokens em diversas redes. Apenas em Bitcoin, a Binance é responsável pela cunhagem e manutenção de R$ 8 bilhões, mostrando o motivo do alarde.
Por fim, o porta-voz também afirmou que os fundos dos clientes “foram e continuam tendo lastro de 1:1,” evitando preocupações maiores.
Outra corretora também já se atrapalhou com fundos de clientes
Logo após a falência da FTX, corretoras corriam para auditar as suas reservas e restaurar a confiança com seus clientes, apavorados que a então segunda maior corretora do mundo havia se provado um golpe.
Na data, a Crypto.com enviou R$ 2 bilhões em Ethereum (ETH) para um endereço errado, o que acabou revoltando clientes. Segundo a corretora, o recipiente da transação seria uma segunda carteira da mesma, mas os fundos acabaram sendo depositados na Gate.io por engano, devolvidos posteriormente pela contraparte.
Voltando a Binance, a transparência tanto das criptomoedas quanto da própria corretora pode ter evitado que algo pior acontecesse com os fundos de seus clientes e com as criptomoedas que dão lastro aos B-Tokens.