Considerado um “criptoativo volátil e perigoso” por autoridades de todo mundo, o Bitcoin foi a maior proteção contra inflação de 2021.
O Bitcoin é uma moeda digital forjada na crise de 2008, sendo a primeira verdadeiramente descentralizada e sem controle de empresas e estados. Com essa história, tinha tudo para dar errado, visto que “não tem controle”.
Apesar dessa natureza incontrolável, o Bitcoin tem silenciado seus críticos, ignorando os ruídos do mercado sobre sua tecnologia. O ano de 2020 já havia sido uma degustação desse poder, quando o Bitcoin valorizou 300% em relação ao Dólar e deixou uma forte crise para trás. Perante o Real, naquele ano, a alta foi de 400%.
Ao final de mais um ano, o segundo consecutivo, o Bitcoin finaliza seu ciclo com alta de 63% contra o Dólar, em um ano em que a inflação dos Estados Unidos deve superar os 7% no consolidado de 2021, visto que até novembro já era de 6,8%.
Esse índice de inflação, vale lembrar, é apenas aquela que o governo divulga, não o que o comércio e população efetivamente trabalha com ela.
Bitcoin foi a maior proteção contra inflação em 2021 no Brasil
Segundo um levantamento feito pelo FinDocs, o Bitcoin fechou o ano com uma rentabilidade de 72% positiva, após um ano de turbulência política no Brasil. As ações americanas do S&P 500 foi a segunda opção colocada no levantamento, com alta de 29%.
Com uma inflação esperada para 2021 acima de 10% no país, essas foram as únicas opções para quem mora no Brasil se proteger do fenômeno que derrete o poder de compra das pessoas.
Na prática, isso significa que quem deixou uma nota de R$ 1 mil embaixo do colchão no início de 2021, tem um poder de compra de cerca de R$ 900,00 neste final de ano, considerando apenas o IPCA nessa conta.
Investidores de Fundos Imobiliários e Ações brasileiras ficaram no lado oposto, com um rendimento negativo, que piora ainda mais com a alta inflação. Tradicional reserva de valor em crises anteriores, o ouro apresentou um rendimento real negativo em 2021, visto que sua variação foi abaixo da inflação.
Moeda brasileira vai ter concorrência do Dólar?
Apesar de todo esse cenário, o Real amarga pelo quinto ano seguindo a perda de valor frente ao Dólar, mostrando que o momento da moeda nacional não é nada bom. O Banco Central do Brasil lutou com esse derretimento, aumentou a Taxa Selic, mas isso não conteve a alta do Dólar e muito menos da inflação.
Para buscar contornar essa situação, o governo sancionou na última quinta-feira (30) a Lei n.º 14.286, de 29 de dezembro de 2021, que permite que Dólar seja armazenado por pessoas que moram no Brasil, ainda que sob a fiscalização do Banco Central.
Essa lei prevê a modernização do câmbio nacional, um setor que foi assolado por cinco anos consecutivos e a população viu o Dólar fechar 2021 cotado em R$ 5,57.