Diversos perfis famosos estão espalhando rumores de que a China baniu o Bitcoin novamente, reforçando as antigas proibições do governo chinês. No entanto, não há fontes que confirmem essas afirmações.
A história da repressão chinesa contra as criptomoedas começou ainda em 2009, quando o Bitcoin nem era conhecido. Na verdade, tratava-se de um banimento de moedas virtuais usadas em jogos, não sobre cripto.
Nos anos seguintes, o que se viu foi uma guerra contra o Bitcoin. Entre 2013 a 2021, reguladores restringiram o uso de Bitcoin por bancos, congelaram contas de corretoras, expulsaram mineradores e, por fim, baniram a negociação de criptomoedas.

Conforme a China possui a segunda maior população e segunda maior economia do mundo, ficando atrás de Índia e EUA, respectivamente, essa repressão pressionou o mercado diversas vezes.
Rumor de que a China baniu o Bitcoin novamente circula nas redes sociais
O Bitcoin iniciou o mês de agosto em queda, retornando para níveis do início de julho, antes de sua máxima de US$ 123.000. Portanto, é possível que os rumores sobre a China estar banindo o Bitcoin estejam ligados a esse movimento nos preços.
No X, antigo Twitter, é possível ver diversos perfis famosos compartilhando essas informações, mas sem citar fontes. O maior parece ser o da Investing.com.
“A China proibiu oficialmente a negociação de criptomoedas, a mineração e serviços relacionados, citando riscos financeiros, preocupações com fuga de capitais e impactos ambientais.”

Outras postagens, como de Fred Krueger, aparecem com ainda mais visualizações.
“China acabou de banir o Bitcoin.”

Enquanto alguns excluíram suas publicações, outros compartilham notícias antigas, como uma de setembro de 2021 publicada pela BBC. O caos se espalhou rapidamente.

Queda do Bitcoin foi causada pelos EUA, não pela China
Desta vez a queda do Bitcoin está relacionada aos EUA, não à China. Três acontecimentos ligados à economia americana mexeram com o mercado nesta semana.
Primeiro, Donald Trump publicou um relatório sobre o setor cripto na quarta-feira (30), mas não falou sobre a reserva estratégica de Bitcoin do país. No mesmo dia, o Fed manteve a taxa de juros inalterada e as falas de Powell também não animaram investidores, pelo contrário.
Já na sexta-feira (1º), dados de empregos dos EUA mostraram números muito abaixo do esperado. Isso fez com que até mesmo Arthur Hayes, antes animado, vendesse suas criptomoedas.
Colin Wu, renomado jornalista chinês do mercado de criptomoedas, aparece com a principal fonte para desmentir as informações sobre um novo banimento pela China.
“Algumas contas estão espalhando boatos de que a China baniu as criptomoedas novamente, sem nenhuma evidência”, iniciou Wu, notando que o movimento é o contrário. Como exemplo, Hong Kong aprovou nesta semana um regime para emissores de stablecoins.
“Os quatro fatos principais que você precisa saber:
- Hong Kong, como uma zona piloto da China, está adotando totalmente as criptomoedas
- A China nunca baniu transações individuais com criptomoedas; apenas proíbe a participação institucional
- A mineração de Bitcoin ainda ocorre em muitas regiões da China
- Stablecoins e ativos do mundo real (RWAs) estão ganhando popularidade entre autoridades do governo chinês”

Rumores sobre “Bitcoin de papel” também ganham força nas redes sociais
Há um bom tempo, tanto empresas públicas e privadas quanto ETFs estão devorando bitcoins. Como exemplo, a Strategy anunciou a compra de 21.021 bitcoins (US$ 2,46 bilhões/R$ 13,6 bilhões) na última terça-feira (29).
O problema é que o preço do Bitcoin não se moveu com essa compra. Portanto, parte da comunidade também está falando em “bitcoins de papel”, ou seja, que empresas não estariam comprando bitcoins reais.
“É bitcoin de papel”, comentou um usuário sobre as reservas da Strategy.
“Porque a Strategy tem bitcoin de papel, olha o preço das ações deles… as pessoas estão percebendo. Lixo sem valor”, escreveu outro.

Em maio, Michael Saylor, fundador e ex-CEO da Strategy, afirmou que sua empresa não revelaria os endereços de suas carteiras. Isso também contribuiu para que esses rumores se espalhassem.
Apesar disso, a Arkham mostra 466 mil dos 628 mil bitcoins da Strategy em seu site. A empresa de análise também já identificou outros 107 mil bitcoins da Strategy em carteiras da Fidelity, mas sem conseguir identificar cada endereço separadamente por conta da solução de custódia usado pela gestora, que agrega saldos de diferentes usuários em uma mesma carteira.

Outro ponto que refuta esses rumores é o próprio preço do Bitcoin.
Embora a criptomoeda não tenha saltos intradiários com esses aportes bilionários — talvez pelo modelo de compra adotado pela empresa, seja via OTC ou outro — o Bitcoin sobe 636% em relação ao seu fundo pós-colapso da FTX, em 2022, e apresenta uma valorização de 22% em 2025.
Por fim, também vale lembrar que algumas baleias também estão despejando bilhões no mercado enquanto aproveitam a alta, equilibrando a equação.