O STF liberou três dos quatro convocados pela CPI das Pirâmides Financeiras de comparecer em seus depoimentos, sendo eles o Sheik dos Bitcoins, Tata Werneck e Cauã Reymond.
De acordo com uma reportagem da Agência Câmara de Notícias, a CPI das Americanas também sofre com o mesmo problema, visto que os intimados a depor recorrem na suprema corte em busca de habeas corpus.
No caso da CPI das Pirâmides Financeiras, os atores Cauã Reymond e Tata Werneck faltaram em seus depoimentos marcados na última terça-feira (15), após o STF liberar ambos com um salvo-conduto.
A presença das decisões judiciais nessas CPIs então adicionou uma nova e complexa camada de desafios à busca por esclarecimentos cruciais sobre às atividades das pirâmides financeiras e às alegações de fraudes fiscais associadas às Americanas. Isso porque, a interrupção dos depoimentos gera incertezas quanto à luta pela obtenção de informações para as investigações em curso.
CPI das Pirâmides Financeiras de Criptomoedas vai lutar para esclarecer os fatos, diz deputado após falta de atores globais ao depoimento
Na CPI que investiga fraudes em esquemas de Pirâmides Financeiras estava previsto o depoimento dos atores Tata Werneck e Cauã Reymond, que fizeram ações de publicidade para a Atlas Quantum.
A empresa, que usava Bitcoins em operações financeiras, lesou clientes em R$ 2 bilhões. Sem operar no Brasil desde 2019, após stop order da CVM, a empresa nunca mais liberou saques a clientes e seu principal sócio segue foragido.
Amparados por habeas corpus concedidos pelo STF, os artistas não compareceram à reunião. Tanto Cauã Reymond, quanto Tata Werneck, compõem o elenco da atual novela Terra e Paixão da Rede Globo.
O presidente da CPI, deputado Aureo Ribeiro (SD-RJ), disse que a comissão não medirá esforços para identificar e punir os responsáveis pelas fraudes.
“Não podemos permitir que tais condutas sejam tratadas como algo casual e normal. As pirâmides se utilizam de pessoas famosas para dar credibilidade às mentiras que propagam. As pessoas cessam acessam esses conteúdos acreditam que se trata de algo sério e realmente rentável, pois acompanha a vida desses artistas e nada parece dar errado. A importância dos depoimentos de pessoas que participaram do marketing dessas pirâmides é saber quem estava por trás das empresas e tentar recuperar os ativos. Não mediremos esforços e quebraremos o sigilo de quem quer que seja para dar uma resposta a todas essas 200 mil famílias.
Esta CPI está aberta aos dois artistas, caso não queira colaborar com a investigação e punir os responsáveis por tamanho prejuízo causado aos cidadãos de bem. Gostaria que ficasse registrado em nome desta casa e de cerca de 200 mil pessoas lesadas pela Atlas Quantum. Infelizmente amparado pela decisão do supremo tribunal federal a gente não vai ter a colaboração de duas celebridades que induziram milhares de brasileiros a cair num golpe e perdeu seus investimentos, trabalhos de uma vida, sonhos interrompidos, pessoas que venderam casa, carro, que deixaram de ter oportunidade de pagar uma faculdade para um filho, que deixaram de cuidar da sua mãe, do seu pai, pela irresponsabilidade e falta de caráter desses artista, que nem hoje se colocam aqui à disposição para esclarecer o povo brasileiro como foi feita essa fraude, como eles receberam, de quem eles receberam, ou se eles não têm nenhuma participação nessa empresa, por estar protegido pelo HC do Supremo Tribunal Federal. Infelizmente temos que conviver com essa incerteza ainda, mas tomaremos todas as medidas necessárias para apurar para crimes como esse não ficam na impunidade no nosso país.”
Não está descartado nem mesmo a quebra de sigilo de suspeitos envolvidos com a pirâmide financeira.
Sócios da Atlas Quantum também faltam a depoimento
Outro artista que havia sido convocado pela CPI das Pirâmides Financeiras é o apresentador Marcelo Tas, que pediu para depor nesta quarta-feira (16). Assim, ele será ouvido na Câmara dos Deputados e deverá dizer qual foi a sua participação na Atlas Quantum, empresa que ele se diz vítima também.
Mas os principais aguardados pela CPI eram os sócios Rodrigo Marques e Fabrício Sanfelice, que mesmo convocados também faltaram. O jurídico da Atlas Quantum também não compareceu.
O delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP) se disse decepcionado com a falta dos artistas no depoimento, e espera dar uma resposta para as famílias vítimas do golpe, que estimou em 8 bilhões de reais.