Desenvolvedores do Bitcoin falam sobre segurança da rede

Enquanto um desenvolvedor aponta que o Bitcoin pode estar ameaçado por conta da segurança da rede com a diminuição da receita dos mineradores, outro grupo aborda outras questões que podem ter impacto na sobrevivência da criptomoeda.

James O’Beirne, desenvolvedor do Bitcoin Core, participou de uma conversa na última terça-feira (22) no canal Supply Shock. Como destaque, apontou que o Bitcoin tem um sério problema e as pessoas deveriam começar a se preocupar com ele.

O’Beirne está falando sobre a segurança da rede. Isso porque os mineradores podem ficar sem incentivos para deixar suas máquinas ligadas devido à redução contínua da recompensa-base, baixas recompensas das taxas de transações e um preço estagnado.

“Acredito que uma das coisas realmente importantes a observar é o quão vazio a mempool está agora”, iniciou O’Beirne sobre o desempenho do Bitcoin.

“Se você tivesse vindo até mim em 2017 e dissesse “Ei, adivinha, o Bitcoin está a US$ 84.000, é 2025, o que você acha que está acontecendo com as taxas de transação?””, imaginou o desenvolvedor. “Eu diria “Ah, sim, estão astronômicas, tipo 300 sats por vByte ou algo assim, e estamos realmente a caminho de ter um substituto para o orçamento de segurança que não seja a recompensa-base de bloco.””

Segundo dados do site mempool.space, as taxas médias dos últimos 10 blocos ficaram entre 2 a 4 sat/vB. Ou seja, algo muito barato considerando que o Bitcoin se tornou o 5º maior ativo do mundo na semana passada.

Continuando, o desenvolvedor afirma que “não há uma razão convincente para usar” o Bitcoin como um meio de pagamento.

“Então, eu realmente acho que isso deveria ser um grande sinal de alerta para muitas pessoas, e talvez começaremos a falar sobre isso cada vez mais.”

Desenvolvedor fala sobre mudanças na oferta máxima do Bitcoin

Além das várias vantagens do Bitcoin frente a outros ativos, incluindo sua anti-censura e facilidade de armazenamento e transporte, a criptomoeda ganhou força por sua narrativa ligada à escassez absoluta.

Enquanto o ouro pode ser arrancado do solo com maior velocidade quando seu preço sobe, o Bitcoin possui um limite máximo de 21 milhões de unidades.

James O’Beirne, desenvolvedor do Bitcoin, comentou que a segurança do Bitcoin está em jogo, mas que tocar nesse assunto faz com que as pessoas enlouqueçam, justamente pelas soluções apresentadas afetarem um pilar tão importante da criptomoeda, a escassez.

“E aí fica a questão: se você tem uma baixa velocidade de transações, vai precisar de taxas mais altas. Como a mempool está meio vazia, esses entusiastas realmente vão querer pagar essas taxas altas?”, iniciou O’Beirne, notando que as taxas não salvarão o Bitcoin.

Questionado sobre o “orçamento de segurança” do Bitcoin, o desenvolvedor apontou para um problema sem resposta agradável.

“É um grande problema, porque… o que deveria fazer os pelos da sua nuca se arrepiarem, quando alguém menciona no contexto do Bitcoin, é qualquer coisa que minere os direitos de propriedade — como introduzir uma emissão contínua, mudar o cronograma de oferta… essas coisas destroem completamente a premissa do Bitcoin.”

A proposta da emissão de cauda é basicamente manter uma recompensa fixa em algum momento ao invés de continuar cortando-a pela metade com os halvings.

Outros desenvolvedores do Bitcoin, como o famoso Peter Todd, que chegou a ser chamado de Satoshi Nakamoto pela HBO, apoiam essa ideia.

Outras criptomoedas como Monero (XMR) e Dogecoin (DOGE) seguem essa política monetária inflacionária. Entretanto, nenhuma delas tem uma narrativa de escassez como o Bitcoin, sendo a primeira focada em anonimato e a segunda uma memecoin.

“No entanto, se você chegar a uma situação em que a recompensa-base está indo embora e as taxas de transação não estão altas, e talvez o preço esteja em um lugar semelhante, isso começa a ficar muito desconfortável.”

“E o tempo que temos para resolver essa questão não é muito […] daqui a dois halvings você terá uma recompensa-base drasticamente reduzido, e isso está a sete anos e meio de distância”, pontuou o desenvolvedor.

“Pense sobre como os últimos sete anos passaram rapidamente, de 2018 até agora; parece que não aconteceu muita coisa. Então, eu realmente acho que é uma questão com a qual as pessoas precisam começar a lidar.”

Nomes como Cobra, dono do site Bitcoin.org, criado por Satoshi Nakamoto, são contra a ideia. Em específico, Cobra disse que prefere ver o Bitcoin morrer do que ultrapassar o limite de 21 milhões de moedas.

Desenvolvedores continuam brigando contra NFTs e outros ativos além do BTC na rede do Bitcoin

Embora outros ativos pudessem aumentar a atividade na rede do Bitcoin e, por consequência, a concorrência para entrar em um bloco, causando aumento nas taxas de transação e na recompensa dos mineradores, muitos se mostram contra tudo que não seja BTC.

Dentre os maiores exemplos estão os Ordinals e os Runes. No caso de stablecoins, é difícil acreditar que usuários preferissem pagar taxas mais caras do que usar outra rede.

Mesmo com pouco uso e aparecendo como uma possível solução para a segurança da rede em termos de receita para mineradores, outros desenvolvedores continuam brigando para expulsar NFTs e outros tokens da rede do Bitcoin.

Em um grupo de discussões, o desenvolvedor Antoine Poinsot revela que as restrições de tamanho do campo OP_RETURN para desencorajar o armazenamento de dados na rede estão sendo ineficazes.

Como sugestão, Poinsot sugere que essas restrições devam ser abandonadas.

Nomes como Sjors Provoost, Antoine Riard, Peter Todd, Greg Sanders, Vojtěch Strnad e Pieter Wuille se mostraram a favor da proposta.

No entanto, Luke Dashjr se mostrou contrário a ela.

“Deveria ser desnecessário dizer, mas essa ideia é uma completa insanidade”, iniciou Dashjr, se mostrando decepcionado com as respostas positivas de seus colegas.

Afirmando que esses casos de uso são “bugs”, o desenvolvedor que isso deve ser resolvido.

“Já estamos há mais de 2 anos nessa onda de ataques, e o dano que já foi causado deveria ser mais do que suficiente para provar que a atitude de ‘não interferir’ não é viável. Sou o único que ainda se importa com a sobrevivência do Bitcoin nessa lista?”

Luke Dashjr discordando de mudanças no Bitcoin sugeridas por seus colegas.

Enquanto um desenvolvedor aponta que o Bitcoin pode estar ameaçado por conta da segurança da rede com a diminuição da receita dos mineradores, outro grupo aborda outras questões que podem ter impacto no futuro da criptomoeda.

Somado a isso, outros focam na ameaça da computação quântica para o Bitcoin.

Independente das soluções apresentadas, as conversas mostram a preocupação dos desenvolvedores, bem como a transparência sobre assuntos sérios.

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Henrique HK
Henrique HKhttps://github.com/sabotag3x
Formado em desenvolvimento web há mais de 20 anos, Henrique Kalashnikov encontrou-se com o Bitcoin em 2016 e desde então está desvendando seus pormenores. Tradutor de mais de 100 documentos sobre criptomoedas alternativas, também já teve uma pequena fazenda de mineração com mais de 50 placas de vídeo. Atualmente segue acompanhando as tendências do setor, usando seu conhecimento para entregar bons conteúdos aos leitores do Livecoins.
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