A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras de Criptomoedas ouviu, nesta quarta-feira (12), Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como faraó dos bitcoins, acusado de criar uma das maiores pirâmides de criptomoedas do país.
Ao ser chamado, Glaidson inicialmente se recusou a dar explicações sobre a Gas consultoria, argumentando que não teve tempo para se preparar e consultar sua defesa, apesar de estar preso há quase dois anos e ser convocado para depor na CPI há vários meses.
O deputado Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), presidente da CPI, deixou claro que a reunião era uma oportunidade única para o investigado dar explicações aos brasileiros, o que fez Glaidson pedir 10 minutos de reunião com sua defesa.
Após o retorno, o faraó decidiu responder às perguntas, que começaram sobre sua origem, o funcionamento do mercado de criptomoedas, sua relação com políticos, artistas e autoridades religiosas e, por fim, as atividades da Gas consultoria, empresa que aplicou golpe em investidores.
Glaidson se recusou a responder perguntas sobre o patrimonio da Gas consultoria, afirmando que isso é “coisa dos contadores”, e também se recusou a informar quais os maiores investidores da empresa.
“Não vou expor os clientes, isso aí é sigilo”, disse.
Volta das atividades e esposa
Ao ser perguntado se sua empresa poderia retomar as atividades, Glaidson disse que sim, desde que os valores na Binance e aqueles confiscados pelas autoridades sejam desbloqueados, afirmando que em 9 anos de atividades, a GAS consultoria nunca atrasou um pagamento.
Visivelmente acuado e abatido, Glaidson usava uma camisa social branca, gravata preta e um óculos. De forma calma, tentou explicar, sem sucesso, como funcionam as criptomoedas.
Enquanto isso, sua esposa, que está foragida e vivendo nos Estados Unidos, comentava no vídeo que estava sendo transmitido ao vivo através do Youtube.
“Olá a todos, estou presente agora. Que Deus ilumine suas palavras, passando toda energia positiva.” Disse ela.
Seguindo, Glaidson se recusou a responder perguntas relacionadas a como investia as criptomoedas dos clientes, em quais corretoras negociava e em quais bancos possuía contas.
Também se recusou a responder perguntas sobre qual seu patrimonio, afirmando que teme pela sua segurança física.
Ao falar sobre a carteira de criptomoedas em posse de Mireles Diaz, esposa do faraó, Glaidson afirmou que não possui acesso e senha, acrescentando que todos os valores foram “sequestrados” pela Polícia Federal.
Sobre as acusações de homicídio que enfrenta, Glaidson disse que não tem nenhum envolvimento, e reclamou que o assunto não faz parte da pauta da CPI.
Vale lembrar que ele é acusado de contratar pistoleiros para eliminar os concorrentes. Ele também é acusado de ser o mandante do assassinato de Wesley Pessado, no dia 4 de agosto do ano passado, e de também de estar por trás da tentativa de homicídio contra Nilson Alves da Silva, no dia 20 de março de 2021, em Cabo Frio.
Glaidson também negou envolvimento com lavagem de dinheiro do PCC, e afirmou que sua esposa não é criminosa, negando ainda revelar a localização da mesma.
Fim da Gas consultoria é culpa da PF, diz faraó dos bitcoins
A culpa do fim da Gas consultoria é culpa da Polícia Federal, disse o faraó, afirmando que antes da operação, sua empresa pagava regularmente seus clientes.
Mas ao contrário do que diz, a empresa vinha operando um esquema de pirâmide e diversas pessoas já reclamavam de atrasos de pagamentos. Quando ele começou a procurar e exterminar concorrentes que atuavam na região.
Em uma espécie de delírio, Glaidon disse que a Gas consultoria voltará a exercer suas atividades, ao mesmo tempo em que negou, mais uma vez, fornecer senhas das carteiras de criptomoedas que a justiça não conseguiu confiscar.
Por fim, Glaidson se recusou a ajudar as autoridades a indenizar os clientes que perderam economias na Gas consultoria, se esquivando das perguntas e colocando a culpa nas próprias autoridades.
