
Moedas de bitcoin ao lado de miniatura da Torre Eiffel, símbolo da França. Foto: Atlantic Ambience/Pexels.
A França pode ser mais uma grande economia a criar uma reserva estratégia de Bitcoin. Um Projeto de Lei publicado na última terça-feira (28) visa a aquisição de 2% da oferta total de bitcoin ao longo dos próximos seis anos.
Em números absolutos, seriam 420 mil bitcoins, hoje avaliados em US$ 45,4 bilhões/R$ 244,8 bilhões.
Como comparação, a Strategy detém 640,8 mil bitcoins e o IBIT, ETF de Bitcoin da BlackRock, outras 805 mil moedas. Já o governo americano possui 326,3 mil bitcoins, mas nem todos fazem parte de suas reservas por estarem em disputa.
O Projeto de Lei foi apresentado por Éric Ciotti, deputado pelo partido UDR, na última terça-feira (28). Como justificativa para a compra de Bitcoin, o político aponta que a dívida pública está atingindo níveis alarmantes em diversos países, incluindo na França.
“A França deve começar a acumular Bitcoin, criando um Estabelecimento Público Administrativo dedicado, que constituirá uma reserva estratégica de bitcoins.”
“Essa constituição será realizada no mercado primário, por meio de mineração, e no mercado secundário, comprando, conservando apreensões judiciais, direcionando uma parte da poupança dos franceses e aceitando o pagamento de impostos em bitcoins”, continua o PL, notando que a reserva “será sem custo para o orçamento”.
Como comparação, Ciotti aponta que Bancos Centrais possuem 37 mil toneladas de ouro. Enquanto EUA é líder com 8.133 toneladas, a França ocupa o 4º lugar com outras 2.437 toneladas do metal.
“Seguindo aproximadamente as mesmas proporções de detenção de ouro em relação aos Estados Unidos — cerca de 3 vezes menos — e adotando uma estratégia semelhante, a França poderia almejar, dentro de sete a oito anos, acumular 2% da oferta total de bitcoins, ou seja, 420.000 [bitcoins] — de um total de 21 milhões.”
Como já destacado, a proposta não envolveria a compra direta de bitcoins, mas sim sua aquisição através de outros meios.
Um dos exemplos citados é a mineração.
“A França dispõe de uma vantagem comparativa considerável, com seu parque nuclear e seu preço marginal de produção elétrica muito baixo”, aponta o projeto de lei. “Uma proposta de lei do Rassemblement National, apresentada pelo deputado Aurélien Lopez-Liguori em 11 de julho de 2025, visa justamente autorizar, a título experimental, o uso dos excedentes elétricos para a mineração de criptoativos.”
“Essa abordagem não impacta o orçamento francês. Além disso, ajuda a estabilizar a rede elétrica e o uso dos reatores: em caso de baixa demanda, não há mais necessidade de reduzir a atividade, o que prejudicaria o parque nuclear; os mineradores, tanto públicos quanto privados, se conectam à rede e consomem o excedente de energia.”
Outra estratégia seria segurar os bitcoins de apreensões judiciais, como tem feito os EUA. “Em segundo lugar, quando o Estado decidir vender suas ações em empresas, a receita será destinada à compra de bitcoins”, continua o PL.
Por fim, o projeto também propõe que a França comece a aceitar Bitcoin como forma de pagamento de impostos. As moedas recebidas iriam diretamente para os cofres do governo e não seriam vendidas.
Segundo estimativas apresentadas, hoje 10% dos franceses investem em criptomoedas, superando o número de investidores de empresas no país.
Comentários