Bandeira dos EUA. Fonte: Ray_Shrewsberry/Pixabay.
Uma jornalista divulgou uma lista de endereços de Bitcoin do governo americano nesta quarta-feira (16). As informações foram compartilhadas pelo próprio USMS, uma agência federal responsável pela gestão de ativos confiscados.
O problema é que a soma chega a apenas 28.988 bitcoins (R$ 19 bilhões), bem distante dos quase 200 mil bitcoins (R$ 130 bilhões) que eles deveriam possuir.
Isso fez com que muitos pensassem que o governo vendeu seus bitcoins. Até mesmo a senadora americana Cynthia Lummis acabou sendo enganada por essa falsa análise.
Os EUA possuem uma lei que garante o acesso público a dados governamentais, a FOIA (Lei de Acesso à Informação). Ela já foi usada até mesmo para saber se o FBI tinha informações sobre Satoshi Nakamoto, criador do Bitcoin.
Já a jornalista ‘L0la L33tz’ usou essa lei para requisitar dados sobre os bitcoins confiscados pelo governo. O incentivo foi uma promessa de US$ 10.000 por David Bailey, CEO da Bitcoin Magazine, para o primeiro que conseguisse esses dados.
“Ei @DavidFBailey, homem de palavra, parece que você me deve 10.000 dólares”, comentou a jornalista, publicando dados sobre as carteiras de Bitcoin dos EUA.
“Essa é a lista completa de ativos? Se for, parece que os Marshals não têm mais os BTCs. Qual é a fonte disso? Pode postar o arquivo?”, respondeu Bailey.
“Lista completa das holdings de BTC. O pedido foi feito em 24 de março, a resposta é de hoje. Me manda seu e-mail por DM que eu te envio os arquivos. O total de BTC em posse é de 28.988,35643016, ou aproximadamente 3,44 bilhões de dólares ao preço atual.”
“O US Marshal Service liquida ativos em leilões públicos, então, a menos que tenham anunciado uma venda, essa lista deve estar correta”, respondeu a jornalista, compartilhando outras imagens.
A primeira reação da comunidade é que o governo teria vendido os outros Bitcoins.
“Eles venderam os bitcoins”, comentou Fred Krueger, famoso investidor. “A maior parte, pelo menos. O que restou é o que eles chamam de “reserva estratégica”.”
most of it anyways. the few left is what they call the "strategic reserve"
— Fred Krueger (@dotkrueger) July 16, 2025
Até mesmo a senadora Cynthia Lummis, uma das maiores defensoras do Bitcoin nos EUA, acabou se precipitando com as informações.
“Estou alarmada com os relatos de que os EUA venderam mais de 80% de suas reservas de Bitcoin — restando apenas cerca de 29.000 moedas”, escreveu Lummis. “Se for verdade, isso é um erro estratégico total e coloca os Estados Unidos anos atrás na corrida do Bitcoin.”
I’m alarmed by reports that the U.S. has sold off over 80% of its Bitcoin reserves—leaving just ~29,000 coins.
If true, this is a total strategic blunder and sets the United States back years in the bitcoin race. https://t.co/ciYf1uhy0x
— Senator Cynthia Lummis (@SenLummis) July 16, 2025
Como resposta, muitas pessoas publicaram dados da Arkham mostrando que o governo americano ainda detém 198 mil bitcoins em suas carteiras. Ou seja, nenhuma grande venda foi feita.
A própria jornalista que publicou os dados fez questão de explicar a diferença entre ativos apreendidos e confiscados, acalmando o mercado.
“O USMS pode ser responsável por ativos apreendidos, mas esses também podem estar sob custódia das agências que os apreenderam, como a DEA ou o FBI — o que significa que pode haver outros órgãos de custódia além do USMS”, explicou.
“Para os gênios que compartilharam o rastreador de carteiras do governo da Arkham: esses não parecem ser BTC que se tornaram propriedade do governo — pelo menos não exclusivamente — o que significa que eles não podem vendê-los.”
Dentre os exemplos estão cerca de 94 mil bitcoins ligados ao hack da Bitfinex, ou seja, são moedas que devem ser devolvidas aos seus donos em algum momento e não pertencem ao governo, ao contrário dos 28.988 bitcoins reportados pelo USMS.
“Isso não significa que o governo dos EUA vendeu qualquer bitcoin — apenas que as estimativas desses sites ligados ao Tesouro dos EUA provavelmente estão erradas, já que eles não parecem diferenciar entre moedas apreendidas e confiscadas”, explicou a jornalista.
Em outras palavras, os EUA não venderam bitcoins, mas também não possuem uma reserva tão grande quanto informada por alguns sites.
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