Matthew Gillum, um americano de 40 anos, foi condenado a 9 anos de prisão em 2013 por vender drogas por Bitcoin na extinta Silk Road. Embora tenha sido liderado recentemente, Gillum foi preso novamente no mês passado.
Segundo um documento publicado na última sexta-feira (22), o americano estaria usando familiares para lavar os bitcoins que recebeu há mais de uma década. No processo, é citado que Gillum estava recebendo US$ 13.000 por mês oriundos de imóveis comprados em nome da sua irmã.
A polícia também confiscou diversas criptomoedas encontradas na corretora Coinbase em uma conta que estaria sendo administrada pelo suspeito.
Homem passa 9 anos na cadeia, mas é preso assim que sai
Preso por tráfico de drogas em 2013, agora Matthew Gillum está sendo processado por lavagem de dinheiro. O americano foi preso há exatamente um mês, no dia 28 de fevereiro, no aeroporto de Sacramento, na Califórnia.
Dois celulares foram apreendidos na ocasião. Os agentes do FBI encontraram o aplicativo da Coinbase instalado em um deles, revelando que Gillum possuía diversas criptomoedas.
“Conforme descrito nos vários depoimentos em apoio a mandados de prisão federais e buscas em celulares, as autoridades policiais obtiveram registros bancários e outros registros que estabelecem que Gillum utilizou identidades dele e de outros membros da família para mover e vender milhões de dólares em Bitcoins que podem ser rastreados diretamente até a Silk Road”, aponta o processo.
“Gillum ganhou Bitcoin como vendedor de drogas na Silk Road.”
As criptomoedas apreendidas nessa conta incluem ~2,8 Ether (ETH), ~382,9 Tether (USDT), ~1.409 USDCoin (USDC) e ~483,9 Solana (SOL). Somadas, as quantias são equivalentes a R$ 507.000, sendo a maioria em SOL (R$ 448.000).
O americano teria guardado seus bitcoins por 10 anos enquanto esteve preso. No entanto, foi preso novamente ao utilizar essas criptomoedas após sair da prisão. Além disso, também teria comprado imóveis de luxo em nome de sua irmã.
“Um exame desses registros financeiros não mostrou nenhum emprego remunerado por parte de Gillum e, até hoje, ele viveu da venda dos bitcoins ganhos enquanto operava na Silk Road.”
“Os registros financeiros também mostraram que Gillum obteve uma renda mensal de aluguel de aproximadamente US$ 13.000 (R$ 65.000) de um condomínio multimilionário de propriedade de Gillum, que foi comprado por um membro da família em seu nome sob um fundo fiduciário”, continua o processo. “As autoridades podem rastrear que o dinheiro usado para comprar o condomínio veio dos Bitcoins vendidos por Gillum, que foi obtido de forma fraudulenta por Gillum operando na Silk Road.”
Localizado na Flórida, um dos imóveis foi adquirido por uma quantia de US$ 2,15 milhões (R$ 10,75 milhões) em dezembro de 2021.
Antes disso, em 2020, Gillum já havia comprado duas outras propriedades em Guerneville, também na Califórnia, por outros US$ 900.000 (R$ 4,5 milhões), e mais um imóvel em Clovis, CA, por mais US$ 1 milhão (R$ 5 milhões).
“A acusação alegou que entre 9 de dezembro de 2020 e 19 de janeiro de 2021, Gillum conduziu nove transações de lavagem de dinheiro, totalizando US$ 3.831.288,52 (R$ 19 milhões).”
Na próxima já pode pedir música
Essa não é a primeira vez que Matthew Gillum tenta enganar as autoridades. Sua prisão de 2013 também está ligada ao descuido do criminoso. Segundo documento do Departamento de Justiça, o americano só foi preso porque comprou um anel de diamante avaliado em mais de meio milhão de reais.
“Em 27 de fevereiro de 2013, Gillum comprou um anel de diamante da Tiffany and Co. por US$ 105.900 em dinheiro.”
“Como a transação envolveu mais de US$ 10.000 em dinheiro, a Tiffany foi obrigada a apresentar um Formulário 8300 da Receita Federal em nome de Gillum”, escreveu o DoJ em 2015. “No entanto, embora Gillum tenha pago pelo anel, ele usou um indicado para preencher a papelada como se o indicado tivesse comprado o anel.”
Na data, o governo americano conseguiu confiscar US$ 700.000 em Bitcoin de Gillum. Mais tarde, os EUA leiloaram 1.294 bitcoins ligados ao criminoso, mas, ao que tudo indica, ele conseguiu esconder parte de sua fortuna ao longo da última década até ser preso novamente ao tentar gastá-la.
Por fim, o caso mostra como as autoridades americanas estão aproveitando a transparência do Bitcoin para solucionar casos. De outra forma, seria quase impossível ligar as quantias ao antigo “emprego” do acusado.