Tsz Wing Boaz Chan (35), natural de Hong Kong, foi condenado recentemente há 7 anos de prisão por invasão de residência, roubo de Bitcoin, confinamento ilegal e agressão sexual. O caso aconteceu entre os dias 27 e 28 de abril de 2024.
Segundo o processo, outras três pessoas participaram da ação. O grupo demandava 200 bitcoins da família, mas acabou saindo com somente 30 bitcoins (então avaliados em US$ 2 milhões).
A família — composta por pai, mãe e filha — foi amarrada, ameaçada, torturada e abusada sexualmente até que as criptomoedas fossem transferidas.
Nas redes sociais, a comunidade aponta que a pena foi pequena diante das circunstâncias.
Canadá sentencia homem a 7 anos por sequestro ligado a roubo de Bitcoin
O documento revela que Tsz Wing Boaz Chan já estava preso desde julho do ano passado e se declarou culpado pelas três acusações. O processo revela os momentos de angústia passados pela família.
Como exemplo, o grupo ameaçava cortar a família com uma faca e até mesmo matá-los caso eles não fornecessem as senhas que davam acesso às suas criptomoedas.
O pai da família, identificado somente como “W.G.”, levou diversos socos na cabeça, rosto e peito. Já sua esposa, identificada com “M.Y.”, teve seus olhos e bocas tapados por fitas e uma toalha.
“O homem ao telefone disse a E.G. [a filha adolescente] para fingir ser agredida sexualmente para que seu pai acreditasse que aquilo estava acontecendo. Ele disse a ela para “parecer excitada e gemer”. O homem ao telefone disse a ela que, se ela não fizesse parecer real, os homens realmente a tocariam”, aponta o processo.
Dentre as ameaças, os sequestradores afirmaram que gravariam um vídeo da filha do casal nua e, caso eles fossem à polícia, ele seria enviado aos seus contatos e publicado nas redes sociais da família.
O processo aponta que os criminosos não somente gravaram um vídeo, como dois vídeos.
Somado a isso, o pai da família foi submetido a uma técnica de tortura chamada de afogamento simulado. Ou seja, seu rosto foi coberto por um pano molhado e os criminosos continuavam despejando água sobre sua cabeça.
A vítima foi despida e espancada a noite inteira com um objeto não revelado no processo.
“Os homens sabiam que possuíam criptomoedas e queriam acesso às suas contas, ameaçando cortar os genitais de W.G. caso ele não lhes concedesse o acesso.”
“W.G. deu acesso às suas contas, mas eles disseram que não era suficiente, pois queriam 200 bitcoins”, continua o texto. “Enquanto W.G. era espancado e submetido a afogamento simulado, os homens reduziram sua exigência de 200 para 100 bitcoins.”
Ao final, os sequestradores conseguiram roubar 30 bitcoins, então avaliados em US$ 2 milhões, incluindo US$ 400 mil que pertenciam à irmã do pai da família.
Ao chegar no local, a polícia encontrou diversos itens deixados pelos criminosos, incluindo uma réplica de uma pistola Beretta, duas faca, dois celulares, três carregadores de laptop, um martelo de borracha, dois sprays de pimenta, abraçadeiras de náilon, rolo de fita, dentre outros itens.
Outro ponto que chama atenção foi um saco de lixo com duas camisetas azuis, duas camisas brancas e um boné de beisebol.
Isso porque os sequestradores fingiram ser dos Correios do Canadá com essas roupas, motivo pelo qual a esposa da família abriu a porta para eles em um primeiro momento.
Comunidade se indigna com pena de 7 anos: “merecia mais”
Ainda segundo o processo, os sequestradores sabiam que a família possuia um grande investimento em criptomoedas. Isso por que W.G. “se gabava e exagerava sobre seu sucesso com investimentos em criptomoedas” dentro da comunidade chinesa da Colúmbia Britânica, no oeste do Canadá.
No entanto, a vítima explicou que perdeu suas criptomoedas em um golpe em 2018, algo que um dos sequestradores tinha conhecimento.
Independente disso, Tsz Wing Boaz Chan, único acusado no documento, foi condenado a 7 anos de prisão.
Devido ao teor das declarações destacadas acima, grande parte da comunidade achou a pena branda.
No Reddit, por exemplo, um usuário comentou que “7 anos é uma piada” e que ele deveria ter sido condenado a 20 anos, no mínimo, ou até mesmo prisão perpétua. “Não há sistema de justiça no Canadá”, disse outro.
O número de casos do tipo está em ascensão no último ano.
Como exemplo, na semana passada um jovem foi preso ao entrar com granadas em uma corretora de criptomoedas na Rússia e um homem roubou US$ 11 milhões em criptomeodas ao se passar por um falso entregador nos EUA.