Influenciadores são presos por lavagem de R$ 23 bilhões com criptomoedas

Para uma das empresas eles chegaram a afirmar que queriam os serviços para processar pagamentos feitos por clientes.

Recentemente uma história envolvendo Bitcoin, NFTs e um casal de “famosos da internet” acabou em prisão com um esquema de lavagem de dinheiro bilionário. Ilya “Dutch” Lichtenstein, de 34 anos e a sua esposa, Heather Rhiannon Morgan, 31, foram presos pela acusação de ajudarem a lavar 119 mil bitcoins que foram roubados da corretora Bitfinex, um dos maiores casos de hack da história das criptomoedas.

Segundo os promotores do caso as moedas roubadas foram transferidas para carteiras controladas por Lichtenstein, como apontou o site The Daily Beast.

Documentos da corte descreveram que o casal de Nova York estava envolvido em uma “investigação incrivelmente complexa” que foi descoberta por agentes especiais da IRS (Receita Federal dos EUA), FBI e pelo Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos.

Casal hipster

Morgan, que também é conhecida por seu nome artístico Razzlekhan, se casou com Liechtenstein recentemente. Além de rapper, ela é também colunista da Forbes, tendo escrito vários artigos para o site, mas a Forbes já esclareceu que ela tinha apenas vínculo como colunista e nunca foi uma funcionaria.

Uma fotógrafa que foi contatada para documentar o noivado disse ao The Daily Beast que eles se descreviam como “estranhos e excêntricos”, dizendo que ambos gostavam de “taxidermia e arte estranha”.

O casal é acusado de conspirar para lavar 119.754 bitcoins que foram roubados, depois que um hacker atacou a Bitfinex e iniciou mais de 2.000 transações não autorizadas
O casal é acusado de conspirar para lavar 119.754 bitcoins que foram roubados, depois que um hacker atacou a Bitfinex

A influenciadora, que se referia a si mesma na terceira pessoa, disse que ela era “chamativa e colorida”, enquanto Lichtenstein estava “em cinza e preto e um pouco de couro e ninja gótico”, de acordo com o fotógrafo, que pediu para não ser identificado.

Como seu alter ego “Razzlekhan”, o homem se descreveu como “Genghis Khan, mas com mais glamour.”

“Ninguém sabe ao certo de onde esse rapper é – poderia ser do deserto do norte da África, das selvas do Vietnã ou outro universo”, diz ele em seu site. “Tudo o que importa é que ele está aqui para defender os desajustados e oprimidos. (Nós sabemos que ele é descendente de uma tribo nômade!)”

O influenciador, que às vezes encurta “Razzlekhan” para “Razz”, afirma ter sinestesia, um fenômeno neurológico no qual as pessoas “vêem” sons e “ouvem” cores. Por causa disso, a “arte de Razz muitas vezes se assemelha a algo entre uma viagem de ácido e um pesadelo delicioso”, diz seu site.

Lavagem bilionária

A acusação apontou que Morgan e Lichtenstein realizaram diferentes “técnicas de lavagem de dinheiro” incluindo o uso de identidades falsas para criar contas onlines e criar programas de computador para automatizar transações para conseguir lavar grandes quantidades de dinheiro em um curto espaço de tempo.

A investigação aponta que ela tentou esconder de diferentes maneiras várias transações feitas para suas carteiras de criptomoedas, mas que a origem desses fundos são de roubos e de mercados negros da darknet.

Os promotores do caso disseram que a dupla gastou o dinheiro do roubo em ouro, NFTs e “coisas mundanas, como comprar um vale-presente do Walmart por US$ 500”.

Um especialista forense em criptomoedas e cofundador da Elliptic, empresa com sede em Londres que investiga crimes financeiros de criptomoedas, acredita que o casal provavelmente foi descoberto por meio de informações federais apreendidas em 2017 do mercado darknet Alphabay.

Esquema simplificado da lavagem de dinheiro realizado por Morgan. Fonte: Corte de Columbia, EUA.
Esquema simplificado da lavagem de dinheiro realizado por Morgan. Fonte: Corte de Columbia, EUA.

Lisa Monaco, Procuradora-geral adjunta dos Estados Unidos, acredita que a prisão junto da apreensão, que foi uma das maiores da história, mostra que o criptomercado não se tornou um lugar seguro para criminosos.

“As prisões de hoje e a maior apreensão financeira da história do departamento mostra que o criptomercado não é um abrigo para criminosos. Em uma tentativa fútil de tentar manter anonimato digital, os réus levaram fundos através de um labirinto de transações com criptomoedas.

Graças ao trabalho meticuloso de agentes da lei, o departamento novamente mostrou que é capaz de seguir o dinheiro, não importante a forma que ele assuma.” , disse monaco.

Morgan e Lichtenstein foram acusados de enganar várias empresas e serviços financeiros, mentindo sobre suas intenções.

Para uma das empresas eles chegaram a afirmar que queriam os serviços para processar pagamentos feitos por clientes.

Por fim, a acusação é que os dois estavam lavando dinheiro de diferentes fontes ilegais, incluindo o ataque hacker da Bitfinex, que foi um dos maiores da última década.

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Matheus Henrique
Matheus Henrique
Fã do Bitcoin e defensor de um futuro descentralizado. Cursou Ciência da Computação, formado em Técnico de Computação e nunca deixou de acompanhar as novas tecnologias disponíveis no mercado. Interessado no Bitcoin, na blockchain e nos avanços da descentralização e seus casos de uso.

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