Kanye West revelou na noite desta sexta-feira (7) que recebeu uma proposta fraudulenta para promover uma criptomoeda falsa em troca de um pagamento de US$ 2 milhões.
Em postagem no X, o rapper polêmico expôs uma prática que já era suspeita por muitos: o uso de perfis famosos para impulsionar esquemas de golpe, enganando milhões de pessoas.
Segundo a imagem compartilhada pelo rapper, o plano envolvia um pagamento inicial de US$ 750 mil, seguido por mais US$ 1,25 milhão caso a postagem permanecesse no ar por pelo menos oito horas.
A fraude consiste basicamente na promoção de uma criptomoeda falsa, e, após o período acordado, a celebridade poderia alegar que sua conta havia sido “hackeada”, tentando se isentar de qualquer responsabilidade.
Kanye afirmou que recusou a oferta e cortou relações com quem a propôs.
I was proposed 2 million dollars to scam my community Those left of it I said no and stopped working with their person who proposed it pic.twitter.com/WKHdP9FkOq
— ye (@kanyewest) February 7, 2025
“Conta de fulano foi hackeada e promove criptomoda falsa”
Quem acompanha o Livecoins certamente já viu inúmeros casos de contas de famosos que foram supostamente hackeadas e promoveram criptomoedas falsas.
Nos últimos dias, por exemplo, contas de grandes nomes como UFC, LEGO e até Bolsonaro foram invadidas para divulgar criptomoedas falsas. O esquema rendeu milhões de dólares aos golpistas antes de ser derrubado.
O modus operandi desse tipo de fraude geralmente envolve duas abordagens: em alguns casos, os perfis são realmente hackeados e usados para espalhar golpes.
Mas em outras situações, os próprios influenciadores aceitam a proposta, fazem a publicação e depois fingem que foram vítimas de um ataque para escapar da responsabilidade.
A revelação de Kanye West expõe a fragilidade do mercado de criptomoedas diante desse tipo de manipulação.
Com o crescente número de esquemas fraudulentos e influenciadores promovendo projetos duvidosos, a recomendação para investidores continua sendo a mesma: desconfie de promessas milagrosas e sempre fuja de shitcoins.
Afinal, de acordo com um relatório do FBI, as perdas decorrentes de golpes relacionados a criptomoedas nos Estados Unidos aumentaram 45% em 2023 em comparação ao ano anterior, totalizando mais de US$ 5,6 bilhões.
Esses golpes representaram quase metade do valor total perdido em fraudes financeiras no país durante o ano. As vítimas mais comuns foram pessoas com mais de 60 anos, seguidas por investidores entre 30 e 40 anos. A maioria das fraudes envolveu falsas oportunidades de investimento, explorando o desejo de ganhos rápidos e faceis.
No Brasil, o cenário é igualmente preocupante. Entre 2019 e 2023, pelo menos 23 empresas foram acusadas de operar esquemas de pirâmide financeira envolvendo criptomoedas, causando um prejuízo estimado de R$ 40 bilhões e afetando cerca de 4 milhões de brasileiros.
Golpes com criptomoedas falsas
Os golpes envolvendo criptomoedas falsas seguem um padrão recorrente: os criminosos criam um ativo sem valor real, promovem de forma agressiva e, quando a moeda atinge um pico de valorização artificial, vendem suas participações e desaparecem, deixando os investidores no prejuízo.
Esse processo começa com a criação de um token em redes como Ethereum ou Solana, que permitem desenvolver novas moedas rapidamente e com poucos custos.
Em seguida, os golpistas iniciam uma campanha de manipulação para atrair vítimas, utilizando influenciadores e celebridades para dar credibilidade ao projeto. Algumas dessas personalidades são pagas para promover a criptomoeda e, quando o golpe é descoberto, alegam que foram hackeadas para escapar de qualquer responsabilidade.
A manipulação do preço acontece de forma deliberada. Os criadores do golpe realizam grandes compras iniciais para inflar artificialmente o valor da moeda e estimular a euforia no mercado.
Paralelamente, bots e perfis falsos promovem a criptomoeda em redes sociais, criando um ambiente de falsa valorização.
Com o aumento da demanda, investidores comuns começam a comprar acreditando que se trata de uma oportunidade legítima de lucro. Quando o preço atinge um pico esperado, os golpistas vendem todas as suas participações, derrubando o valor do ativo.
Outra prática comum é o chamado rug pull, ou “puxada de tapete”, onde os golpistas simplesmente removem toda a liquidez do projeto, tornando impossível que os investidores vendam seus tokens.
Muitas vezes, os contratos inteligentes desses tokens são programados para permitir apenas que os criadores realizem vendas, bloqueando qualquer tentativa de retirada por parte dos investidores.
Assim que arrecadam uma quantidade alta de dinheiro, os responsáveis pelo esquema encerram o site, apagam redes sociais e desaparecem com os fundos. Esse tipo de fraude já afetou milhões de pessoas ao redor do mundo, reforçando a importância de uma análise criteriosa antes de investir em qualquer criptomoeda recém-lançada.
Por fim, esse tipo de fraude continua acontecendo porque a especulação em torno das criptomoedas ainda atrai tanto iniciantes quanto veteranos em busca de retornos expressivos.
Enquanto não houver uma fiscalização mais rigorosa e um maior nível de conscientização por parte dos investidores, esses golpes seguirão explorando a falta de conhecimento e a euforia do mercado.
A lição que fica é clara: desconfie de promessas milagrosas, pesquise antes de investir e não confie cegamente em qualquer recomendação, por mais famosa que seja a pessoa que a esteja promovendo.