Manual Cripto CMC 2023: Tornando a Governança Totalmente Descentralizada, por Jump Crypto

Na Jump Crypto, acreditamos que a rápida inovação e novas experiências, que caracterizam o cenário de criptomoedas, devem desempenhar um papel na governança do protocolo.

Publicado em CoinMarketCap.

O principal avanço das blockchains é permitir que desconhecidos trabalhem juntos em tarefas complexas. Por exemplo, organizações autônomas descentralizadas – DAOs – foram criadas para controlar tudo, desde os parâmetros dos protocolos de empréstimo até financiar um lance para comprar a cópia da Constituição dos EUA.

Apesar dessas façanhas sem precedentes da governança descentralizada, os protocolos continuam repletos de mecanismos de votação muito abaixo do ideal, como democracia direta e um-token-um-voto.

Muitos até parecem em grande parte relutantes em experimentar novas ideias. Na Jump Crypto nós acreditamos que os protocolos de criptomoedas devem começar a abordar essas questões com seriedade.

Esperamos que 2023 seja o ano em que a governança floresça em criptomoedas.

As Falhas na Democracia Direta

A governança descentralizada normalmente ocorre na forma de votações, nas quais nem todos os holders do token estão ativamente envolvidos em avaliar as propostas de governança.

Novas ideias de governança de protocolo surgem frequentemente e os eleitores têm pouco tempo para pensar cuidadosamente em todas elas.

Além disso, quando muitos envolvidos votam no projeto, a chance do voto de qualquer indivíduo ser fundamental é próxima de zero. Sendo assim, mesmo que as funções de governança sejam descentralizadas, os protocolos são dominados por grupos interessados e baleias.

Como discutido por Andrew Hall e Porter Smith, essas questões foram sentidas ao longo da história da governança democrática. Os protocolos de criptomoedas deveriam implementar com mais frequência a democracia representativa.

Eles deveriam manter os tokens de votos para eleger representantes confiáveis para tomar as decisões essenciais.

Os representantes celebram um tipo de contrato social com os usuários do protocolo, incorporando mecanismos de controle aos holders do token para verificarem se seus representantes abusam do poder – a comunidade pode votar em recompensas do token condicionadas a certas metas de desempenho.

Os protocolos também podem introduzir comitês representativos adaptados a iniciativas específicas. Por exemplo, o protocolo Lido, de staking de liquidez, possui comitês para concessões no ecossistema, recursos e muito mais.

DeDAO — que gerencia o projeto DeGods NFT — apresenta uma abordagem diferente, com diferentes comitês representados por líderes da comunidade eleitos e uma “equipe de Alpha Gods.”

Para garantir uma representação de alta qualidade, recompensas condicionantes podem ser utilizadas como incentivo para os representantes que demonstrem comportamentos positivos, como contribuir ativamente para as discussões e manter altas taxas de aprovação.

Elaborar cuidadosamente uma estrutura de representação pode levar as ações de governança deliberadas e focadas, não afetadas pela atuação de grupos específicos.

Mesmo em protocolos que não desenvolvem sistemas de representação, a delegação do token pode ser uma forma interessante de mitigar os problemas da democracia direta.

As partes interessadas que possuem pequenas quantidades do token e tempo limitado podem delegar seus stakes a especialistas mais informados, e para aquelas com grandes stake.

No entanto, conflitos de interesse podem atrapalhar a descentralização. A forma de delegar pode ser realizada através de contratos jurídicos ou até mesmo por contratos inteligentes.

Um-Token-Um-Voto e a Dominância das Baleias

Os protocolos descentralizados de criptomoedas normalmente são dominados por seus desenvolvedores e investidores iniciais. Normalmente, a maioria dos tokens em circulação são mantidos por esses grupos. Para fins de descentralização, busca-se mitigar o impacto dessas grandes baleias.

Uma das formas já sugeridas é o uso da votação pela raiz quadrada. Neste mecanismo, os participantes do protocolo votam em proporção à raiz quadrada dos seus saldos de token. Assim, um indivíduo com 35 tokens tem apenas cinco vezes mais poder de voto do que um indivíduo com um token.

Obter mais token aumenta o poder de votação, mas não de forma linear. Dessa forma, os pequenos participantes têm uma atuação maior na governança do protocolo, sendo encontrado um equilíbrio entre eficiência (maximizar o pagamento esperado entre todos os holders do token) e equidade (permitir que todos os holders do token tenham voz).

No entanto, como as carteiras de criptomoedas muitas vezes não estão vinculadas à uma identidade do mundo real, uma pessoa ou organização pode espalhar grande parte do saldo do token em várias carteiras para acumular mais poder de voto.

Resolver esse problema “Sybil” é desafiador, mas há diversas formas possíveis de mitigá-lo. Existem soluções de identidade que vinculam as carteiras de criptomoedas aos indivíduos por trás delas; soluções de fricção, que tornam os ataques Sybil caros de executar; e soluções de desafio, que incentivam os participantes a policiar o protocolo. Apresentamos um exemplo de cada abordagem no artigo vinculado acima.

As DAOs devem considerar a escolha de mecanismos de votação como apenas uma ferramenta em um conjunto geral para contrariar a dinâmica de um-token-um-voto.

Podemos observar também outras oportunidades. Por exemplo, os protocolos podem distinguir classes de token para que certos tokens sejam elegíveis para um rendimento maior, mas não podem ser utilizados para participar da governança. Isso poderia incentivar as baleias a sacar as suas reservas de tokens de governança em favor de possuir um token com rendimento maior.

Mecanismos gerais para construir mais “skin in the game” na governança também podem ser úteis, como escrito por Vitalik Buterin. Um exemplo é o bloqueio de tokens dos holders que votarem a favor de uma proposta até que essa proposta seja implementada.

Os protocolos devem estar dispostos a compor estas ideias, além de outras, a fim de atender suas próprias necessidades de governança com base nos pontos de centralização mencionados.

Um Chamado à Experiência

A governança em protocolos de criptomoedas “blue-crip” está bastante ultrapassada, e as DAOs convergiram para mecanismos similares. Nós acreditamos que as soluções de governança não devem ser criadas num modelo padrão, mas sim específicas para as necessidades de cada protocolo.

Os protocolos e os holders de seus tokens devem considerar fortemente experimentar novas ideias.

Na Jump Crypto, acreditamos que a rápida inovação e novas experiências, que caracterizam o cenário de criptomoedas, devem desempenhar um papel na governança do protocolo.

Afinal, a governança centralizada pode ajudar os protocolos a sobreviver aos problemas iniciais, mas a verdadeira governança descentralizada é uma característica crucial para garantir que eles não fiquem ultrapassados.

Os protocolos devem ser sensíveis às suas necessidades de governança e assegurar que eles estejam utilizando todas as opções para permitir uma governança descentralizada saudável.

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