As duas maiores economias da América do Sul, Brasil e Argentina, anunciarão ao longo desta semana os preparativos para desenvolver uma moeda comum, movimento que pode criar o segundo maior bloco monetário do mundo, disse o Financial Times neste domingo (22).
Autoridades disseram ao jornal que o foco inicial será em como uma nova moeda, que o Brasil propõe a chamar de “sur” (sul), poderia impulsionar o comércio regional e reduzir a dependência do dólar americano.
“Haverá… uma decisão de começar a estudar os parâmetros necessários para uma moeda comum, que inclui desde questões fiscais até o tamanho da economia e o papel dos bancos centrais”, disse o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, ao FT.
Inicialmente como um projeto bilateral, o bloco monetário será oferecido a outros países da América Latina. “Da Argentina e Brasil para o resto da região”, disse o ministro argentino.
O Financial Times estima que uma união monetária que cubra toda a América Latina representaria cerca de 5% do PIB global, enquanto o euro, a maior união monetária do mundo, compreende 14% do PIB global quando medido em dólares.
“Sur”
Brasil e Argentina já discutiram a ideia em 2019, mas as negociações pararam devido à oposição do Banco Central do Brasil, disse um funcionário próximo às discussões. Agora que ambos os países são governados por líderes de esquerda, o apoio político é alto.
No início deste mês, Sérgio Massa, o ministro da Economia argentino, visitou o Brasil e se reuniu com altos funcionários econômicos de Lula. Ele foi recebido em São Paulo por Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda, e Geraldo Alckmin, vice-presidente do Brasil.
Fontes do governo disseram que “o encontro foi muito bom porque os brasileiros têm uma perspectiva muito parecida com a de Massa, pois acreditam que essa é uma boa forma de evitar passar pelo dólar”.
O foco principal da visita era a criação de uma moeda comum, e o governo brasileiro negou a adoção de uma moeda única com a Argentina, disse o jornal Globo, acrescentando que os dois países estão discutindo a criação de uma moeda virtual para ser usada bilateralmente em transações financeiras e comerciais.
O conceito de moeda comum difere de uma moeda única porque não inclui a abolição da moeda nacional de nenhum dos países.
De acordo com as conversas, a ideia é torná-la uma moeda regional e que o resto dos países sul-americanos possam aderir gradualmente sem ter que eliminar suas moedas nacionais.