A Polícia Federal, em operação conjunta com a Receita e Ministério Público Federal, mandou bloquear criptomoedas e contas bancárias de um desembargador federal de Minas Gerais e de seu filho, que atua como advogado.
A ação ocorreu nesta terça-feira (14), por meio da Operação Flight Level II. Ao todo, 5 mandados de prisão temporária, 5 de prisão preventiva e mais 25 de busca e apreensão já estão cumpridos.
Os alvos estavam em Belo Horizonte (MG), São Paulo (SP), Florianópolis (SC), entre outras cidades.
Além disso, 17 mandados de sequestro de veículos automotores e de sete imóveis, além do bloqueio de contas bancárias e de criptomoedas de 34 pessoas naturais e de pessoas jurídicas foram expedidos pela 3.ª Vara Federal Criminal da Subseção Judiciária de Belo Horizonte.
Crime de tráfico internacional de drogas utilizou contas bancárias, joias, veículos de luxo, imóveis e criptomoedas para lavagem de dinheiro
De acordo com a Receita Federal, as investigações preliminares identificaram aquisições de imóveis, veículos de luxo, joias e até criptomoedas. Contudo, os rendimentos e receitas declarados pelos suspeitos não se mostravam suficientes para justificar o acréscimo patrimonial nos períodos apurados.
Durante a operação desta terça, participam da operação 12 auditores-fiscais e analistas-tributários da Receita Federal e 120 policiais federais.
Os líderes da organização criminosa se passavam por empresários do setor financeiro e constituíam empresas para movimentar recursos no território nacional. Chamou atenção as empresas criadas em nome de interpostas pessoas, sem capacidade econômico-financeira. As suspeitas que a prática visava disfarçar a conexão delas com os líderes do esquema e com o propósito de desviar a atenção das autoridades públicas.
As investigações apontaram que os envolvidos na primeira fase da operação seriam uma “célula” de uma organização criminosa maior, voltada ao tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro e crimes financeiros.
Desembargador federal suspeito de venda de sentenças entre os alvos da PF
Entre os suspeitos, o Ministério Público Federal informou que um desembargador e seu filho advogado vendia sentenças positivas aos suspeitos, participando dos crimes.
O caso está sob apuração no Superior Tribunal de Justiça, que busca identificar uma possível corrupção do magistrado.
De acordo com o MPF, já se encontra apurado nos procedimentos em curso, que apenas em criptomoedas, as empresas envolvidas no esquema teriam movimentado valores que superam os R$ 60 milhões.
No âmbito do MPF, essa é a primeira operação decorrente do trabalho coordenado entre a Procuradoria-Geral da República, que atua perante o STJ, e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em Minas Gerais.
Outros municípios mineiros também receberam agentes federais em cumprimento de buscas, assim como a capital do Maranhão, São Luís.