Enquanto muitos se preocupam se El Salvador se arrependeu de ter adotado o Bitcoin como moeda de curso legal, sua população aproveitou para usar a moeda para comprar comida.
Esse movimento de adotar o Bitcoin como moeda de curso legal no pequeno país da América Central foi apresentado ao mundo em 2021. Rapidamente, o presidente elaborou uma Lei Bitcoin, enviou para o Congresso Nacional e em poucos meses El Salvador entraria para a história ao ser o primeiro país a legalizar o Bitcoin assim.
Esta ação certamente foi alvo de ataques internacionais ao governo local, acusado de colocar as finanças da população em risco. Além disso, críticas sobre a volatilidade do Bitcoin foram endereçadas ao país, que comprou mais de 1 mil moedas no mercado como reserva de valor.
Vale lembrar que o Dólar também é uma moeda de curso forçado local, mas o banco central não emite uma moeda própria como no Brasil, onde o Real é produzido com lastro na confiança do sistema financeiro local.
Segundo pesquisa, 82% da população usou Bitcoin para comprar comida
Outra crítica comum ao Bitcoin é que ele não é uma moeda, mas um “criptoativo”, tendo características ruins como meio de troca para quem não gosta da tecnologia.
Mas em El Salvador, o governo deu um saldo em Bitcoin para toda a população por meio da carteira Chivo, oficial do país. Apesar das polêmicas em torno dessa ferramenta, quem se cadastrou no app ganhou suas primeiras frações de Bitcoin.
E segundo uma pesquisa divulgada na última terça-feira (18), 82% das pessoas usaram o Bitcoin para comprar comida. Ou seja, além de ser uma moeda, o Bitcoin ajudou a colocar mais comida na mesa das famílias locais, mostrando um caso de uso importante no consumo.
Após o consumo de comida, 4,7% usaram Bitcoin para comprar combustível, 4,1% para gastos com saúde, 3,2% entretenimento e apenas 0,6% como investimento. Essa pesquisa foi feita pelo Centro de Estudos da Opinião Pública Fundaungo e divulgada pelo Diário El Mundo.
Remessas com Bitcoin ainda não estão populares
A adoção do Bitcoin no país tem decolado, e o presidente já afirmou que mais salvadorenhos estão com a carteira da moeda digital que com contas em bancos tradicionais.
Mas a pesquisa indicou que apenas 6 entre 10 salvadorenhos tem a Chivo instalada em seus dispositivos. Com relação às remessas financeiras com Bitcoin, apenas 8,1% das pessoas ouvidas confirmaram ter usado a moeda digital para isso, um número ainda baixo no período apurado.
Sobre el uso del Bitcoin, seis de cada 10 (61.4 %) salvadoreños afirmaron haber descargado la aplicación “Chivo Wallet”. Además, únicamente el 8.1 % de la población que recibe remesas asegura que ya las han recibido por medio de Bitcoin. pic.twitter.com/k9SrTVpsBG
— Fundaungo (@Fundaungo) January 18, 2022
De qualquer forma, o Bitcoin segue sendo utilizado como moeda no país onde já é possível comprar até um cafezinho na rua, enquanto a adoção por El Salvador tem pouco mais de quatro meses e está apenas no início.