Uma empresa de Curitiba tem sido acusada de operar um esquema de pirâmide financeira e já começa a receber processos de clientes na justiça. Um caso recente de um cliente, ficou determinado a empresa pode ser um grupo sem solidez ou inidôneo.
O Bitcoin é a principal criptomoeda do mundo, ou seja, a moeda digital foi criada para ser utilizada pelas pessoas como meio de pagamento. Contudo, empresas fraudulentas associam a imagem dessa moeda para prometer lucros descabidos para investidores desatentos.
Na capital do estado do Paraná, uma nova suspeita paira sobre a Crypto Investments, que prometia rendimentos diários aos clientes. A promessa era que, em um período de 2 meses, os clientes pudessem ter rendimentos milagrosos.
Os problemas começaram a aparecer com o fim do período oferecido em contrato. Quando os clientes tentavam sacar seus investimentos, o acesso era negado.
Crypto Investments começa a receber processos na justiça brasileira
A empresa Crypto Investments possui como CEO Elizandro Medina. Segundo informações do LinkedIn, a Crypto Investments possui 17 funcionários, entre traders e consultores.
No site da empresa, nenhuma informação sobre investimentos é disponibilizada de forma pública. O convite é para entrar em contato com algum consultor e efetuar a compra de algum plano de investimentos.
Segundo consta no Processo 1004442-57.2020.8.26.0562, a ré (Crypto Investments), tem se apropriado do dinheiro dos investidores. O juiz que cuida do caso chamou o mercado de criptomoedas de nebuloso e de alto risco.
Verifica-se que a ré explora a atividade de investimento em ativos virtuais. O mercado de criptomoedas ainda é nebuloso, enseja riscos sabidos, e aparentemente o que aconteceu no caso em tela foi o depósito em grupo sem solidez ou inidôneo que, travestida da promessa de aplicação rentável, simplesmente apropriou-se do dinheiro dos investidores.
O juiz afirmou que mediante o exposto, “delineia-se, enfim, possível golpe a recomendar pronta intervenção“. Ao cliente que entrou com recurso no Tribunal de São Paulo, foi deferido pedido de justiça gratuita e arresto de bens.
Empresa não paga investidor que entrou na justiça, pelo Reclame Aqui, empresa não é recomendada
Para pagar o cliente que entrou contra a Crypto Investments, a justiça paulista definiu arresto de bens da empresa. Dessa forma, de modo a não prejudicar a parte autora do processo, a justiça deixou determinado que bens encontrados no sistema BACENJUD sejam congelados. Com isso, contas bancárias, por exemplo, poderão ter saldo bloqueado.
é forçoso que muito provavelmente a autora tenha mesmo sido vítima de golpe ou, na melhor das hipóteses, de involuntária quebra dos operadores, por má gestão
A decisão foi tomada em um Tribunal da Justiça de São Paulo, na cidade de Santos. Ou seja, apesar da sede da empresa ser em Curitiba (PR), pessoas de outros estados já investiam com a Crypto Investments. Os rendimentos em criptomoedas prometidos eram de 1 a 2% ao dia, segundo reclamações públicas no Reclame Aqui.
No Reclame Aqui, já constam reclamações de vários clientes, que nunca foram respondidas. Com isso, a Crypto Investments possui a classificação de “Não Recomendada” pela plataforma de reclamações mais usada pelos brasileiros.
A reportagem do Livecoins entrou em contato com a Crypto Investments para comentar sobre as reclamações, inclusive judiciais. Até o final dessa matéria, entretanto, ainda não haviam respondido aos contatos.
Atualização da matéria com nota dos advogados da Crypto Investments em 17/04/2020
Em contato com a reportagem no dia 17 de abril, os advogados que cuidam da Crypto Investiments esclareceram alguns pontos que haviam ficado confusos. Um deles é sobre a reclamação dos clientes em redes sociais e no próprio Reclame Aqui.
O conteúdo que os clientes escrevem nas redes sociais e na internet é de responsabilidade de cada um. Não tem como avaliar as acusações de golpe ou piramide financeira de cada um dos comentários, pois cada um escreve o que quer. O Judiciário é local para dirimir eventuais litígios.
Além disso, em conversa com o Livecoins, o advogado Bernardo Mattei de Cabane Oliveira comentou sobre a decisão judicial dos últimos dias. De acordo com Bernardo, a decisão foi tomada sem ouvir a outra parte, que deverá ser providenciado nos próximos dias.
O que juiz escreveu na decisão liminar não chegou ao nosso conhecimento até o momento da sua reportagem, trata-se de juízo de valor feito pelo magistrado sem ouvir a parte contrária. Certamente, a citação será feita, abrir-se-á prazo para apresentação de contestação, e o contraditório se instalará no processo. Logo, aos poucos saberemos a verdade.
O advogado comentou que o CEO Elizandro Medina faz arbitragem com criptomoedas para rentabilizar o ganho dos clientes. Essa informação teria sido repassada ao advogado pelo próprio dono da Crypto Investments.
Empresa de Curitiba, acusada de pirâmide em vários processos, tentou regularizar situação junto a CVM e foi barrada
Questionado se a empresa buscou se regularizar junto à CVM, Bernardo afirmou que a autarquia federal foi procurada. Contudo, a CVM afirmou que não é de sua competência fiscalizar as criptomoedas.
A CVM, por meio de assessores da presidência, nos informou que o fato do ativo não ser considerado um ativo financeiro ainda, a CVM não tem competência para regulamentar a atividade, nem as atividades das empresas que são envolvidas nestes tipo de negócio.
A reportagem do Livecoins buscou contato com a CVM para esclarecer a falta de fiscalização deste setor. Até o fechamento desta atualização, ainda não haviam respondido ao contato.