Monero pegando fogo
A Monero (XMR), criptomoeda focada em privacidade, opera em queda de 15% nos últimos 7 dias, sendo 6,4% nesta terça-feira (12). A queda está relacionada a um ataque de 51% realizado pela Qubic.
Liderado por Sergey Ivancheglo, mais conhecido como ‘Come-from-Beyond’, o ataque começou no mês passado e finalmente teve sucesso com blocos sendo reorganizados nesta semana.
Anteriormente, o desenvolvedor recomendou que corretoras e outros serviços aumentassem o número mínimo de confirmações para 13 entre os dias 2 e 31 de agosto, apontando que esse seria o período de maior estresse da rede.
O assunto está sendo discutido por diversos desenvolvedores de outras criptomoedas. Isso porque não se trata de uma teoria, mas sim um ataque posto em prática.
Em suma, um ataque de 51% acontece quando um grupo possui mais da metade do hash rate da rede. Com isso, ele pode realizar gastos duplos, censurar transações, gerar prejuízo para outros mineradores e reescrever a história, algo crítico, já a imutabilidade é um pilar dessa tecnologia.
Nesta terça-feira (12), a Qubic conseguiu ultrapassar essa marca na Monero.
O feito foi compartilhado por nomes famosos do setor. Dentre os destaques estão os comentários de Mr. Cos, fundador da Slowmist.
“Já estou acompanhando há um tempo, e desta vez o ataque de 51% contra o Monero parece ter sido bem-sucedido, embora o custo também tenha sido alto. No fim das contas, não está claro qual seria o ganho econômico de fazer isso.”
“Agora, teoricamente, a pool de mineração Qubic pode reescrever a blockchain, realizar gastos duplos e censurar qualquer transação”, escreveu Cos. “Plataformas relacionadas devem ficar atentas a possíveis ameaças e manter a vigilância.”
O ataque está sendo liderado por ‘Come-from-Beyond‘ (CFB), famoso por seu envolvimento com as criptomoedas NXT e IOTA. Nas redes sociais, o desenvolvedor afirma que o ataque não é malicioso e pede calma aos detentores de XMR.
“Entre 11/08/2025 às 12:00 UTC e 12/08/2025 às 12:00 UTC, as equipes da Qubic e da Monero estão realizando um teste controlado de resiliência da rede Monero, o que pode aumentar o número de blocos órfãos”, escreveu CFB. “Isso é um comportamento normal durante esses testes, não se torne vítima daqueles que irão espalhar FUD sobre o XMR tentando maximizar o lucro de suas posições vendidas.”
Em outra postagem, CBF nota que corretoras pausaram depósitos de Monero.
“Queremos vender as XMR mineradas; se as corretoras habilitassem os depósitos, seria ótimo”, comentou.
Conforme a Monero (XMR) é uma criptomoeda focada em privacidade, o projeto não está listado em nenhuma das cinco maiores corretoras do mercado (Binance, Bybit, Coinbase, Upbit e OKX) devido a questões legais.
Embora diversos estudos sejam apenas teóricos sobre esse e outros tipos de ataques, ‘Come-from-Beyond’ conseguiu sair da teoria e colocar o ataque em prática. Isso chamou a atenção dos mais diversos desenvolvedores.
Dentre os exemplos está Peter Todd, desenvolvedor do Bitcoin apontado como Satoshi Nakamoto pela HBO, e Charles Hoskinson, co-fundador do Ethereum e fundador da Cardano (ADA).
“Interessante. Aparentemente o Monero também acabou de ter uma grande reorganização, suponho que relacionada a esse ataque”, comentou Todd.
“Esta é mais uma razão pela qual construímos o Minotaur para o Midnight. O consenso multirrecursos garante freios e contrapesos para os provedores de consenso que usam recursos diferentes, desde [proof of] work até stake. Assim, nenhum ataque pode dominar a rede”, comentou Hoskinson.
A Monero opera em queda de 15% nos últimos 7 dias, sendo 6,4% nesta terça-feira (12) após o ataque. Para Charles Guillemet, CTO da Ledger, a queda não reflete a gravidade da situação.
“Na prática, uma blockchain com valor de mercado de 300 milhões de dólares está assumindo o controle de outra de 6 bilhões”, comentou Guillemet. “As opções de recuperação do Monero são limitadas, e uma tomada completa agora é possível e até provável.”
“Até agora, a XMR caiu apenas 13%.”
Em nota compartilhada com o Livecoins, Ualifi Araújo, responsável pela comunidade brasileira da Qubic, afirma que “o objetivo da Qubic nunca foi agir de forma maliciosa contra o Monero, mas sim realizar uma demonstração construtiva”.
“Não atacamos para destruir, mas para ensinar. O desconhecido assusta, mas, quando compreendido, muda o jogo, e a Qubic está mudando as regras aqui”.
Segundo o brasileiro, o ataque também serve para desenvolvedores pensarem na segurança de grandes projetos, como o Bitcoin.
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