Regulamentado pela Anatel, analista critica mineração da Helium: “não dá lucro”

Segundo analista, mineradores estão comprando aparelhos em busca de grandes lucros, mas a realidade é oposta.

Menos de um mês após o aparelho responsável pela mineração da criptomoeda Helium ser regulamentado pela Anatel no Brasil, uma crítica detonou o projeto. Segundo o analista que pretende ser o “Michael Burry das criptomoedas”, o projeto não tem se mostrado muito rentável aos seus investidores.

A mineração de criptomoedas é uma atividade essencial para o funcionamento das redes públicas descentralizadas, visto que como não há um controle central, essa atividade garante a segurança dos sistemas e a validação das transações realizadas por eles.

Existem vários modelos de criptomoedas, sendo a primeira o Bitcoin, que tem sua mineração com consenso de Prova de Trabalho e é necessário Asics para realizar a atividade.

Mas a moeda Helium tem um funcionamento diferente, visto que seu objetivo é facilitar o ecossistema de Internet das Coisas (IoT). Assim, a rede se apresenta como um Wi-Fi descentralizado, com a mineração de HNT sendo realizada por espécies de roteadores que ficam nas casas das pessoas.

Após aparelho de mineração de Helium ser regulamentado pela Anatel no Brasil, crítico afirma que projeto não é rentável

No final de junho de 2022, a Anatel regulamentou no Brasil o aparelho necessário para se minerar a criptomoeda Helium, visto que como ele utiliza redes sem fio necessitava da aprovação da autarquia brasileira para funcionar no país.

Na última segunda-feira (25), contudo, o usuário do Twitter Liron Shapira divulgou um estudo sobre a falta de rentabilidade da mineração de Helium. Autor de vários artigos sobre criptomoedas, ele espera um dia encontrar uma bolha no mercado, assim como Michael Burry fez com a crise de 2008.

Um dos pontos que ele aborda é que o custo dos investimentos em hotspots, os aparelhos de mineração da Helium, são altos, para um retorno mensal de 6 mil dólares.

“Pessoas comuns também foram convencidas a gastar US$ 250 milhões comprando nós de hotspot, na esperança de obter renda passiva. O resultado? A receita total da Helium é de US$ 6,5 mil/mês.”

Considerando o valor de investimento em um aparelho hoje, o retorno viria em um prazo superior a 8 anos, considerando o valor do HNT hoje, que é de US$ 8,50 por unidade. Nos últimos 9 meses, após alcançar uma grande alta histórica, essa moeda despencou 84%.

Para Liron, outro fator preocupante são os 30 milhões de HNT que são enviados anualmente para a empresa por trás da Helium, a Nova Labs.

Outro ponto preocupante segundo o analista é a questão de haver 500 mil hotspots no mercado, para uma rede sem demanda atualmente. Isso dificulta ainda mais na geração de incentivos de se minerar essa criptomoeda, de acordo com Shapira.

“A completa falta de demanda do usuário final por Helium não deveria ser uma surpresa. Uma análise básica do mercado LoRaWAN teria revelado que esta era uma bolha de especulação em torno de um caso de uso falso e exagerado.”

A empresa atualmente é investida pela a16z, que também investiu no famoso game NFT Axie Infinity. Mas para Liron, este é um projeto que está afirmando ser da Web3, mas que a comunidade de tecnologia deve se manter atenta com um possível falso caso de uso.

Comunidade Helium reagiu

Ao ver as críticas ao projeto Helium, um minerador da moeda divulgou na comunidade Reddit r/HeliumNetwork uma resposta sobre o que chamou de “FUD” do Twitter. Segundo ele, certamente há exageros em quem divulga que os mineradores conseguem lucros altos, mas em comparação com anos anteriores muitos nem lucro tinham.

Já o fundador e CEO da Helium, Amir Haleem, respondeu pelo Twitter, na última terça-feira (26), que essa ainda é uma tecnologia nova e ele acredita que sua inovação tem espaço na chamada Web3. Dessa forma, desde que a rede foi criada, ele espera que em até 10 anos usuários se unam ao ecossistema e melhorem o caso de uso.

“Então Helium é uma falha espetacular e prova de que a web3 é uma droga? Eu diria que está apenas começando. meu horizonte de tempo para LoRaWAN sempre foi de 5 a 10 anos a partir de quando existia uma rede utilizável. Isso significa cobertura e custo.”

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Gustavo Bertolucci
Gustavo Bertoluccihttps://github.com/gusbertol
Graduado em Análise de Dados e BI, interessado em novas tecnologias, fintechs e criptomoedas. Autor no portal de notícias Livecoins desde 2018.

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