Em um caso muito curioso, uma vítima de um golpe milionário de criptomoedas está se unindo ao hacker que lhe roubou para enfrentar uma das maiores empresas do mundo. A história, que mais parece o roteiro de algum filme cheio de reviravoltas, aconteceu em Nova York, como foi contado pelo The New York Post.
Para entendermos melhor essa história, primeiro é importante entender os dois lados envolvidos, a vítima, Michael Terpin e o hacker Ellis Pinsky, popularmente chamado de “Baby Al Capone”.
Ataque hacker de US$ 23 milhões
Segundo informações do The New Yok Post, em janeiro de 2018, um grupo de cerca de meia dúzia de hackers com atuação nos Estados Unidos e partes da Europa invadiu a conta de criptomoedas de Michael Terpin, roubou e lavou todos fundos da carteira, levando cerca de US$ 23,8 milhões.
O mais impressionante da história é que, Pinsky, considerado um dos líderes do grupo hacker, tinha apenas 15 anos de idade durante o crime.
A farra do hacker mirim não durou muito tempo, já que alguns anos após o caso ele foi descoberto e levado a julgamento, sendo condenado a devolver boa parte do dinheiro de volta para a vítima.
Na semana passada, Ellis “Baby Al Capone” Pinsky, agora com 20 anos idade, concordou em pagar US$ 22 milhões ao empresário Michael Terpin, acusado de liderar o grupo que hackeou o telefone de Terpin, no entanto, até agora, Pinsky não se declarou culpado das acusações, apenas decidiu fazer um acordo.
É aí que vem a segunda parte da história, Pinsky também concordou em ser testemunha da vítima, em um caso que Terpin abriu contra a AT&T, operadora de telecomunicações que, segundo ele, não realizou as etapas de segurança necessárias para que o ataque hacker não acontecesse.
Hacker agora é testemunha da vítima em ação contra empresa de telefonia
O empresário de 65 anos entrou com uma ação de US$ 225 milhões alegando que a operadora de telefonia “não ofereceu supervisão adequada… e permitiu que um contratado de US$ 9 [por hora] substituísse manualmente o sistema que deveria estar protegendo as informações”, consequentemente permitindo que o ataque hacker acontecesse usando o seu celular.
De acordo com Paul Blechner, sócio de Terpin e membro de sua equipe jurídica, Ellis concordou em fornecer informações verdadeiras sobre o que aconteceu.
“Ele vai nos dar detalhes completos sob juramento sobre como isso ocorreu e como aconteceu.”, disse Blechner ao The New York Post.
Com isso, a ideia é que o testemunho de Pinsky seja fundamental para Terpin conseguir vencer a ação contra a AT&T, em um valor muito maior do que ele perdeu durante o crime.
Mesmo assim, ainda há ressentimentos entre Terpin e o hacker, com a vítima dizendo que o jovem criminoso é um “bom ator” e um verdadeiro “gênio do mal”.
Apesar dos advogados do homem de 20 anos não se pronunciarem, a equipe jurídica de Terpin diz que Pinsky afirma não ter dinheiro para pagar os US$ 22 milhões pendentes. Algo que a vítima não acredita de verdade.