Volume BrasilBitcoin despenca e chama atenção da comunidade brasileira (Foto/Livecoins)
Um volume “fantasma” da corretora de bitcoin brasileira BrasilBitcoin chamou a atenção de investidores do país nesta segunda-feira (11), ao se aproximar subitamente do mesmo volume operado na Binance.
O evento atípico ocorreu, de acordo com o CEO Jorge Alves, procurado pela reportagem, após sua API de dados disponibilizar um volume de negociações de R$ 453.645.421,07, um salto surpreendente de 127% em 24 horas.
“Foram algumas transações executadas entre nós mesmos que foi contabilizado erroneamente na API“, disse Alves.
O movimento, contudo, a colocou momentaneamente no mesmo patamar da gigante global Binance, que registrava um volume de R$ 479.564.439,75 no país. Ou seja, ficou parecendo que a BrasilBitcoin era a segunda maior do mercado hoje em liquidez.
O episódio, cujos dados foram disponibilizados na ferramenta Mercado Cripto do portal Livecoins, chamou atenção de investidores que logo perceberam a movimentação anormal.
Os riscos para investidores de bitcoin quando corretoras não apresentam seus dados de mercado corretamente são muitos e graves, mas o destaque fica para possíveis práticas de “wash trading“.
A teoria da prática ilegal indica que uma corretora poderia estar realizando compras e vendas do mesmo ativo para inflar artificialmente o volume de negociações. Na prática, quem faz isso busca melhorar sua posição em rankings, mostrar liquidez maior do que a verdadeira e atrair novos clientes.
Ainda que o CEO da BrasilBitcoin tenha alegado um “erro” e não uma manipulação intencional, situação não confirmada pela reportagem, o impacto sobre a percepção de confiança é inegável, principalmente em um mercado prestes a ser regulado.
Isso porque, a transparência e a precisão dos dados de volume são pilares para a tomada de decisão de qualquer investidor.
Além disso, saber o volume real negociado em uma plataforma é fundamental para avaliar o interesse genuíno do mercado por determinados ativos e a saúde financeira da própria corretora. Vale lembrar que a exchange BrasilBitcoin tem 42 pares de negociações rastreados pela ferramenta do Livecoins.
Dados apurados pela reportagem que chamam atenção é que, enquanto o erro da BrasilBitcoin durou, o volume dos pares BTC/BRL e ETH/BRL superaram e muito o de USDT/BRL.
Após a correção do erro, contudo, os gráficos voltaram a apresentar dados mais precisos sobre o mercado, como o volume da Binance acima de 50%, e o USDT sendo a criptomoeda mais negociada nas corretoras, muito além do BTC e ETH.
Por fim, após a correção confirmada às 15h45 desta segunda, os dados informados pela corretora caíram para R$ 23 milhões, registrando uma queda de praticamente 90% do volume operado.
Na tarde desta segunda, a reportagem também apurou que um cliente de Barra Mansa no Rio de Janeiro entrou em contato com o suporte pelo Reclame Aqui, alegando que todas as suas ordens criadas pela API foram canceladas pela corretora, e sua conta acabou bloqueada.
“Uso a Brasil Bitcoin a mais de 5 anos e hoje bloquearam meu painel de uso pelo fato talvez de ter lucrado devido a talvez alguma falha de bot de operações de alguém que lá vive cheio de bot se é que não é da própria plataforma. Creio que todas as corretoras tem acesso a API de operações que você programa para operar com sua estratégia. Porém se você programar errado ou qualquer coisa que seja e tiver prejuízo isso é problema da pessoa. Tive um lucro com algum erro de bot e simplesmente bloquearam minha conta e retiraram minha operações no qual tenho gravadas porque na maioria das vezes eu gravo. Alguma vezes já cliquei errado fiz compras erradas e tive prejuízo nem por isso nada foi estornado e fiquei com prejuízo“, diz o cliente no RA.
A corretora, contudo, ainda não deu uma resposta para seu cliente, que aguarda satisfação sobre o bloqueio após o lucro revertido.
Uma situação similar ocorre no passado com a corretora Bitcoin2You, quando um cliente ganhou uma causa contra a corretora que reverteu suas transações de Litecoin por erro interno.
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