A pandemia pelo novo coronavírus (Covid-19) está gerando impactos devastadores e nunca antes vistos na economia do Brasil e do mundo neste ano. O isolamento social para evitar a disseminação da doença fez com que muitos serviços econômicos parassem as atividades e isso gerou várias consequências.
Um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que a economia mundial deve registrar em 2020 o pior desempenho desde a Grande Depressão de 1929.
No Brasil a esperança de melhora na economia em 2020 com aumento do PIB se transformou em portas fechadas, desemprego e luta pela sobrevivência.
Além de cancelamento do que faz girar a economia como viagens, negócios e eventos, os consumidores estão reduzindo o consumo ao redor do mundo, seja por queda ou perda de renda ou por medo da recessão.
De fato, o receio tem fundamento já que o país deve viver a pior recessão desde 1901.
Veja um detalhamento de dez impactos causados econômicos por causa da pandemia:
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Serviços econômico caem 6,9%
Os serviços econômicos no Brasil caíram 6,9% em março deste ano, se comparados com fevereiro também de 2020.
Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por meio da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada na semana passada. Os números de março deste ano, quando o isolamento social se intensificou, são os piores desde quando os dados começaram a serem computados em 2011.
Na pesquisa é possível ver que comparado com março de 2019, em 2020 o volume do setor de serviços caiu 2,7%.
Volume de serviços econômicos no Brasil por mês de 2020
Fonte: IBGE
As maiores quedas foram de serviços prestados às famílias (-31,2%); seguida por transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-9%).
Tiveram queda também os serviços profissionais, administrativos e complementares (-3,6%) e de informação e comunicação (-1,1%).
“Essa queda é motivada, em grande parte, pelas paralisações que aconteceram nos estabelecimentos, sobretudo nos restaurantes e hotéis, que fazem parte dos serviços prestados às famílias. Outras empresas também sentiram bastante depois do fechamento parcial ou total, como os segmentos de transporte aéreo e algumas empresas de transporte rodoviário coletivo de passageiros”, explica o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, por meio de texto do IBGE.
Queda no PIB
O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o Produto Interno Bruto (PIB) global deve recuar até 3% neste ano. No Brasil a previsão do FMI é de uma queda de 5,3% no PIB. Uma pesquisa do Bank of America (BofA) tem previsões ainda piores.
Em uma pesquisa do banco, a estimativa é de que o PIB brasileiro caia 7,7% neste ano. Antes da doença, a expectativa era de alta no PIB de 2,2%
Projeções do PIB em alguns países
Fonte: FMI
Alta do dólar
O dólar neste ano atingiu o preço recorde de R$ 5,84 e já caminha para chegar aos R$ 6. No meio financeiro a pergunta não é mais se a moeda vai chegar a esse valor, mas sim, quando ela chegará aos R$ 6.
O real já acumula uma desvalorização de 45% em relação ao dólar e a tendência é que essa desvalorização aumente. Outras moedas emergentes no mundo também estão se desvalorizando.
Bolsas caem pelo mundo
Perdas históricas estão sendo registradas nas bolsas de valores neste ano. Pelo mundo todo estima-se que cerca de US$ 14 trilhões em valor de mercado foram perdidos. Para a bolsa americana esse primeiro trimestre de 2020 foi o pior desde 1987.
As ações que mais foram afetadas foram dos segmentos das companhias aéreas, empresas de turismo, tecnologia e automóveis, mas a verdade é que todos os setores perderam valor de mercado e passaram a ter que rever suas projeções e seus resultados para 2020.
Índice de atividades turísticas cai 30%
Também por causa do isolamento, hotéis, restaurantes, transportes aéreos de passageiros e agências de viagens tiveram seus serviços restritos e com isso, houve uma queda de 30% nas atividades turísticas em março deste ano se comparado com fevereiro, segundo o IBGE.
Foi o maior recuo desde janeiro de 2011, quando se iniciaram as pesquisas. Os estados que tiveram os piores índices foram o Rio de Janeiro com queda de 36,6%; depois Minas Gerais com recuo de 30,8% e por fim São Paulo com recuo de 28,8%.
Brasil se tornou um país arriscado para se investir
Neste ano, o Brasil se tornou um país arriscado para investir. O Credit Default Swap (CDS) do país aumentou 255%, isso indica que os investidores internacionais estão vendo um risco crescente de o Brasil não pagar a sua dívida externa.
Antes da pandemia, os investidores acreditavam que o país seria um bom pagador isso era motivado pelas agências de avaliação de risco.
Neste ano, o país tinha tudo para ter bons investimentos. No começo do ano, em janeiro o CDS brasileiro era de 95 ponto – menor pontuação em dez anos.
No entanto, em abril a situação piorou e o país chegou a 400 pontos derrubando as chances de volta a um grau de investimento estrangeiro positivo.
Indústria tem queda no Brasil
Pela primeira vez em oito anos, a indústria teve queda em 15 localidades pesquisadas no Brasil pelo IBGE. O resultado negativo foi registrado entre fevereiro e março deste ano.
A última vez que tinha acontecido uma queda tão drástica tinha sido em maio de 2018, quando houve a greve dos caminhoneiros, que derrubou a produção industrial em 14 locais.
“Os dados de março são efeitos diretos do isolamento social que afetou o processo de produção no Brasil”, explica o analista da pesquisa, Bernardo Almeida, por meio do site do IBGE.
“Por concentrar mais de um terço (34%) da indústria nacional, São Paulo foi o local que mais influenciou para o resultado nacional de março (-9,1%), com queda de 5,4%. Essa foi a segunda taxa negativa do estado consecutiva, acumulando em fevereiro e março perda de 6,6%. Duas atividades contribuíram fortemente para essa queda: veículos, um dos setores que mais atua no estado, e bebida”, informou o IBGE.
- Rio Grande do Sul – 20,1%
- Santa Catarina – 17,9%
- Ceará -21,8%
- Pará (-12,8%)
- Amazonas (-11%)
- Pernambuco (-7,2%)
- Espírito Santo (-6,2%)
- São Paulo -5,4%
- Bahia (-5,0%),
- Paraná (-4,9%),
- Mato Grosso (-4,1%),
- Goiás (-2,8%),
- Rio de Janeiro (-1,3%)
- Minas Gerais (-1,2%)
Desemprego aumentou em 12 estados do Brasil
Com a redução das atividades econômicas, o desemprego voltou a ser uma realidade no Brasil. De acordo com dados do IBGE, a taxa de desocupação no primeiro trimestre deste ano aumentou em 12 estados e se manteve estável nos demais, na comparação com o quarto trimestre do ano passado.
“As maiores taxas foram observadas na Bahia (18,7%), Amapá (17,2%), Alagoas e Roraima (16,5%), enquanto as menores em Santa Catarina (5,7%), Mato Grosso do Sul (7,6%) e Paraná (7,9%). Já as maiores altas no desemprego foram no Maranhão (3,9 pontos percentuais), Alagoas (2,9 p.p) e Rio Grande do Norte (2,7 p.p)”, informou o IBGE.
Segundo os dados, 15 estados superaram a média nacional de desemprego que é de 12,2%. No primeiro trimestre do ano, o Brasil tinha 12,9 milhões de pessoas sem trabalho.
Entre as pessoas que pediram o seguro-desemprego em abril, o número aumentou 39% em relação a março, de acordo com o Ministério da Economia. Além disso 6,2 milhões de pessoas foram inseridas na medida provisória do Governo Federal que permite a redução de salário e a suspensão do contrato de trabalho durante a pandemia.
A pandemia ter um custo global de US$ 8,8 trilhões
No mundo todo, o custo da pandemia pode chegar a U$$ 8,8 trilhões, de acordo com um estudo divulgado pelo Banco Asiático de Desenvolvimento. Isso vai depender de como serão os governos vão lidar com a pandemia e da evolução do Covid-19 no mundo.
Pela estimativa do banco, o custo da crise corresponde a 10% do PIB global. O Banco sugere que os sistemas de saúde sejam reforçados e que haja proteção da renda e do emprego para tentar evitar impactos ainda piores. A previsão do banco é que entre 158 milhões e 242 milhões de empregos sejam eliminados por causa da crise com a doença.
Recessão
Por causa da pandemia, o Brasil deve viver a pior recessão desde 1901. No mundo os impactos gerados pela queda do PIB já provocam uma recessão que não era vista desde a Grande Depressão em 1929.
Pela projeção do FMI os países mais ricos devem ter um recuo econômico de 6,1% e os países emergentes de 1%. Ainda segundo a projeção do fundo, 80% dos países do mundo vão ter recuo de atividade econômica.