Para um executivo de uma corretora brasileira de criptomoedas, a renda fixa deve atrapalhar os investimentos em bitcoin em 2023, visto que tem oferecido bons rendimentos aos investidores.
O pensamento compartilhado com o Livecoins por Israel Buzaym, head de comunicação da Bitypreço, aprofunda o debate do comportamento do mercado. A corretora é uma das maiores em volume no Brasil, de acordo com informações do Mercado Cripto.
O especialista citou a queda de 66% do bitcoin em 2022 como um reflexo das dificuldades vividas pelo setor.
“Surpresas inesperadas derrubou o bitcoin em 2022”
Para Israel Buzaym, o final de 2022 foi de queda extrema no mercado, com o bitcoin fechando o ano cotado em R$ 88.109,00. A queda em dezembro, por exemplo, foi de 2,07%.
Em análise sobre o ocorrido, o especialista acredita que as surpresas do último ano impactaram os preços. Contudo, para a equipe da corretora, a tese de investimento para o Bitcoin no longo prazo segue intacta, visto que os fundamentos da moeda não registram impactos.
“Tivemos algumas surpresas inesperadas como a morte de alguns projetos de criptomoedas que eram tidas como promissoras por todo o mercado e também algumas das maiores corretoras do mundo ficando insolventes, casos, por exemplo, do LUNA e da FTX, respectivamente, reacendendo a discussão sobre a importância da auto-custódia de criptoativos. Apesar de tudo isso, nossa tese de investimento para o Bitcoin permanece intacta. Os fundamentos continuam os mesmos e as características que dão valor ao BTC são as mesmas.”
“Renda fixa deve atrapalhar investimentos em bitcoin, mas traders precisam permanecer atentos para oportunidades de acumulação”
Para o especialista da Bitypreço, o interesse por ativos de risco ao redor do mundo tem diminuído, principalmente com a renda fixa pagando bons juros em função da política monetária dos bancos centrais para conter inflação.
No entanto, o baixo interesse geral em bitcoin não deve ser considerado um fator negativo apenas. Na visão de Israel, no curto prazo investidores devem tomar cuidado com criptomoedas pequenas e desconhecidas, observando os volumes para boas entradas.
“No curto prazo, falando do primeiro trimestre, espero uma certa volatilidade no preço do BTC e das criptomoedas com maior capitalização de mercado – aquelas que possuem maior volume sendo negociado ao redor do mundo. E onde existe volatilidade existem oportunidades para traders. É importante destacar que essa volatilidade deve se manter pequena, sem grandes variações como vimos nas altas de 2021 e até mesmo nas quedas de 2022.”
Para Buzaym, o primeiro grande suporte que deve segurar os preços na lateralização esperada é a região dos US$ 15.400,00, testada em dois momentos no ano passado.
“O trader precisa ficar de olho nesse nível porque pode ser uma excelente posição de entrada ou acumulação mais forte. Tentar encontrar o fundo de um movimento de preços é uma tarefa muito difícil, mas se eu tivesse que fazer essa previsão, ficaria de olho nessa região.”
Quais fatores podem causar novas altas no Bitcoin?
Para o futuro, os investidores devem ainda se atentar para pelo menos dois fatores que podem ajudar o bitcoin a voltar a subir.
Segundo o especialista, o consenso entre os analistas, entusiastas e estudiosos do mercado cripto é que em 2024 ocorra o início de uma recuperação de preços.
Um dos fatores que pode ajudar é o halving, que é quando a recompensa de mineração é cortada pela metade, evento que ocorre a cada quatro anos.
Por fim, caso bancos centrais relaxem as taxas de juros, o efeito pode impactar positivamente o bitcoin, devendo os traders permanecerem atentos ao cenário.
“Outro fator que deve impactar esse movimento de entrada de dinheiro nas criptos é o retorno do afrouxamento quantitativo quando os bancos centrais voltarem a diminuir as taxas de juros aquecendo os mercados de renda variável.”