Em um artigo recente, a Visa apresentou os conceitos de um sistema de pagamentos recorrentes com Ethereum, apresentado por Fernando Amaral, vice-presidente de Produtos e Inovação da Visa do Brasil.
Segundo o estudo, as blockchains já são uma realidade, ao menos no que se refere ao mundo das criptomoedas, que utilizam essas redes em suas transações devido à praticidade e à segurança que elas proporcionam. Mas o potencial de aplicações dessa tecnologia pode ir bem além das moedas digitais.
Em um documento técnico publicado recentemente, a Visa propõe um conceito denominado Abstração de Conta (AA, na sigla em inglês para “Account Abstraction”). Tal solução, ainda em fase de estudos e desenvolvimento, permitiria aos usuários programar pagamentos recorrentes de forma inteligente e segura.
Estudo da Visa com pagamentos em Ethereum
O documento da Visa foi elaborado por uma equipe que estuda os níveis de segurança, escalabilidade, interoperabilidade e privacidade de diferentes protocolos de blockchains.
Ele é voltado para desenvolvedores que trabalham em sistemas compatíveis com o Ethereum, rede baseada em blockchains e que expandiu as capacidades do Bitcoin ao permitir a execução de códigos de programação para aplicações descentralizadas.
A ideia por trás do conceito de AA é tornar o funcionamento das contas de um usuário no Ethereum mais parecido com o de um contrato inteligente, permitindo que ele tenha mais recursos programáveis integrados em suas carteiras.
No estudo conduzido pela equipe da Visa, descreve-se como escrever um aplicativo de contrato inteligente voltado para uma carteira de autocustódia, ou seja, uma carteira controlada exclusivamente pelo usuário e sua respectiva chave privada.
Através desse aplicativo, as pessoas poderiam configurar uma instrução de pagamento programável para enviar fundos automaticamente de uma conta de carteira de autocustódia para outra, em intervalos recorrentes, sem precisarem participar ativamente de cada operação.
Tecnologia pode alavancar nova geração de aplicativos financeiros, diz empresa
No artigo apresentado pela Visa, que começou a discutir a tecnologia ainda em dezembro de 2022, a empresa declara que o surgimento das criptomoedas mudou a forma de se pensar em dinheiro digital. Com isso, novas oportunidades para aplicativos financeiros surgem a cada dia no mercado.
No entanto, o estudo pondera que o mercado de aplicativos financeiros com criptomoedas está em sua fase inicial e muito ainda será desconsiderado ou explorado.
De certa forma, esse método imita o processo utilizado hoje para configurar pagamentos recorrentes com cartão. A diferença é que, se o conceito de AA for habilitado no Ethereum, a proposta da Visa poderá ajudar a trazer experiências de pagamento com interfaces familiares aos usuários (como é o caso dos pagamentos automáticos programados), mas com toda a segurança e praticidade do ecossistema blockchain, que tem, entre suas características, o fato de ser uma rede disponível em qualquer horário, e sem a presença de intermediários.
Segundo Catherine Gu, head de CBDC (Central Bank Digital Currency) e Protocolos da Visa, área que está por trás do estudo técnico, “é preciso incorporar tecnologias aptas a agregar valor de verdade ao ecossistema de pagamentos” para que os clientes e parceiros possam inovar.
O foco do trabalho tem sido expandir as principais competências da Visa nas camadas de infraestrutura Web3 e protocolos de blockchain que estão impulsionando o desenvolvimento das criptomoedas.