Um cliente da Kraken alerta que a corretora está exigindo informações adicionais sobre endereços que realizam saques e depósitos de criptomoedas em sua plataforma. Em outras palavras, seria como um KYC de carteiras de autocustódia.
A captura de tela circulando nas redes sociais e gerando diversas reações entre investidores. Afinal, o cliente é obrigado a fornecer os dados mesmo que a carteira não seja sua, incluindo o endereço residencial do proprietário em questão.
Caso não responda até o prazo estipulado, a Kraken informa que a conta do cliente será bloqueada até que as informações relacionadas as carteiras de Bitcoin ou outras criptomoedas sejam fornecidas à corretora.
Corretoras começam a fazer KYC de carteiras externas
O caso em questão aconteceu no Reino Unido, famoso por ser o país mais rígido em relação ao setor. Dentre os exemplos está a prisão para quem promover criptomoedas, grandes corretoras colocadas em uma lista de alerta, e também a regulação de memes sobre criptomoedas.
Logo no início do e-mail, a Kraken comenta que o pedido está ligado a “regulamentações no Reino Unido” que exigem a corretora a manter “informações atualizadas sobre clientes e a atividade de suas contas em relação às carteiras de autocustódia”.
“Por favor, confirme que você é o proprietário ou está no controle da carteira de autocustódia da qual está enviando e recebendo. Se você não é o proprietário ou controlador da carteira de autocustódia da qual está enviando e recebendo, por favor, detalhe quais são elas, quem é o proprietário ou controlador, e forneça o endereço residencial.”
Finalizando, a corretora informa que o cliente tem até o dia 23 de fevereiro para entregar as informações em questão, caso contrário, sua conta será retida até que eles obtenham os dados requisitados. A medida, obviamente, não está ligada apenas a Kraken, mas a todas as corretoras de criptomoedas que operam no Reino Unido.
Kraken confirma que e-mail é verdadeiro
Devido à audácia do texto, muitos usuários não quiseram acreditar que o e-mail era verdadeiro e foram atrás de mais informações. No Reddit, o suporte da Kraken confirmou a eles que o e-mail é legítimo.
“Este e-mail foi enviado aos clientes do Reino Unido em relação às suas carteiras de autocustódia.”
Em outra postagem, um usuário da Itália afirma ter recebido o mesmo e-mail. “Isso me obriga a retirar todo o [meu] dinheiro da Kraken”, comentou, mostrando-se chateado com a mensagem recebida após ser cliente da corretora por 7 anos.
Como resposta, o suporte afirmou que “no momento, nenhuma ação imediata é necessária”. De qualquer forma, isso mostra que logo essas exigências atingirão clientes de outros países.
Comunidade mostra preocupação sobre KYC de carteiras de autocustódia
Embora o anonimato do Bitcoin seja fraco, o pseudo-anonimato oferecido já serve de grande ajuda para aqueles que não querem ter seus nomes ligados aos seus investimentos. Afinal, criminosos podem usar essas informações para praticar golpes como extorsão, sequestro e outros.
No Twitter, o brasileiro BitDov mostrou-se preocupado com a situação. Além de recomendar um vídeo próprio sobre carteiras de autocustódia, o investidor também criticou a pressão regulatória.
“A tendência dos serviços com KYC é que cheguem ao nível de controle exigido no Reino Unido”, comentou BitDov, do canal Bitcoinheiros. “Não é crime ter Bitcoin nem manter sua privacidade.”
“O criminoso é exigir KYC das pessoas.”
A tendência dos serviços com KYC é que cheguem ao nível de controle exigido no R.Unido: "confirmação da sua carteira de autocustódia e dos seus endereços pessoais"
Não é crime ter Bitcoin nem manter sua privacidade: https://t.co/SvX7zVd51C
O criminoso é exigir KYC das pessoas. pic.twitter.com/XLQFdmYH21
— ₿it⚡️Dov (@bitdov) February 14, 2024
Por fim, o principal interesse dos governos parece estar na coleta de impostos. No Brasil, por exemplo, a Receita Federal afirmou recentemente que 25.000 pessoas não declararam suas criptomoedas em 2023, número que pode aumentar caso a medida do Reino Unido seja copiada.