Intitulado “Apostar não é investir: a tentação do dinheiro fácil“, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina publicou uma orientação aos seus servidores na última quinta-feira (21), comparando as casas de apostas com o mercado de criptomoedas.
Na seção de dicas, o TJSC oferece conselhos financeiros, de saúde e vários outros temas para melhorar a qualidade de vida dos servidores. Como o impacto financeiro em uma família para desestruturar um servidor, a preocupação se mostra pertinente.
Acontece que no Brasil as bets estão em alta, com regulação sobre o tema em discussão, assim como preocupações de perdas financeiras por apostadores. Além disso, os aplicativos de apostas esportivas também ofertam jogos de casino online, que colocam ainda mais em risco os apostadores, modalidade chamada de “tigrinho”.
“Apostar não é investir”, diz dica da justiça para brasileiros
Claro que como as dicas aos servidores são públicas, qualquer um pode perceber que a dica serve a todos os brasileiros. E em tempos de bets colocando em risco a vida das famílias, o texto “apostar não é investir” se torna ainda mais relevante.
Com o texto elaborado por Cristiano Minuzzi Debiasi, da equipe do Programa de Educação Financeira do TJSC, o profissional lembra que muitos esperam encontrar formas de enriquecimento rápido.
“Você sabia que apostar não é investir? Por mais básica que seja essa diferenciação, há pessoas que encaram as apostas como oportunidades de investimento: querem acertar precisamente qual será a próxima “bola da vez” dos investimentos, ou seja, aquela aplicação que trará os maiores ganhos de uma vida inteira“, começa o texto.
Seguindo, Cristiano lembra que muitos profissionais de finanças passam uma vida inteira estudando e não conseguem obter sucesso rápido. Ou seja, quem não estuda corre maiores riscos. De qualquer forma, o profissional não entende que as apostas de risco sejam um problema total, mas alerta que os apostadores devem ter a consciência que isso não é um investimento.
“Febre das criptomoedas deixou muitos com prejuízo”, diz texto em comparação com bets
O que chama atenção no texto publicado no TJSC é a relação buscada pelo autor entre as bets e o mercado de criptomoedas. De acordo com ele, quem apostou grandes fundos em criptomoedas pode ter amargado um grande prejuízo.
“Na última febre das criptomoedas surgiram histórias de pessoas que venderam imóveis ou disponibilizaram parte considerável do patrimônio para investir (ou arriscar) no bitcoin e outras criptomoedas acreditando que logo estariam milionárias. No entanto, o que ocorreu de fato foi que, com a grande queda subsequente, perderam grande parte do capital aplicado. Para exemplificar, quem aplicou R$ 10.000 em bitcoin e, no desespero da baixa, resgatou R$ 3.000 teve queda de 70% no investimento, ou seja, perdeu R$ 7.000. Já quem arriscou R$ 300.000 no sonho de ficar rico rápido perdeu os mesmos 70%, no entanto esse percentual representou R$ 210.000. Considerando os montantes perdidos, será mesmo que vale correr tanto risco?“, diz artigo no TJSC.
Seguindo em sua explicação, Cristiano diz que a “febre das criptomoedas” deu lugar às atuais bets, com jogos de azar em plataformas virtuais. O artigo destaca que os apostadores preferem este risco do que investir na bolsa de valores, deixar dinheiro na poupança ou renda fixa.
“Por isso, é necessário ter em conta que apostas e jogos de azar são desenvolvidos para que os participantes não tenham chance de ganhar, pois é assim que aquele negócio faz dinheiro“, lembra o artigo. Por fim, a dica financeira do TJSC pede que os brasileiros estudem investimentos, evitando a busca por soluções milagrosas de dinheiro rápido.
Criptomoedas e bitcoin são como as bets?
Vale lembrar que, apesar da comparação das criptomoedas com as bets, as moedas digitais como o bitcoin estão em prateleiras separadas.
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, por exemplo, defendeu a criação de uma reserva de bitcoin nacional nos Estados Unidos, mostrando que o tema não é uma simples bet, visto que a maior economia do mundo se prepara para adotar a moeda digital em larga escala.
Além disso, grandes gestoras bilionárias como a BlackRock estão acumulando bitcoin e lançando seus produtos em bolsas de valores. Ou seja, o bitcoin e as criptomoedas não são mais simples apostas, mas sim novas modalidades de investimentos e formas de se enviar dinheiro pela internet de forma descentralizada.