O P2P de bitcoin brasileiro Michel Lopes Del Sent, mais conhecido como “Michel P2P“, perdeu nesta terça-feira (29) uma conta que tinha em uma instituição bancária, poucos dias após perder outra em instituição concorrente.
Em conversa com o Livecoins, o P2P disse que o problema não ocorria com ele desde 2022, quando pela última vez um banco ou instituição financeira encerrou sua conta unilateralmente.
Para a reportagem, Michel destacou que mantém contas nos bancos por pessoa jurídica, e mantinha uma boa relação com as instituições. No caso do encerramento desta terça, por exemplo, um gerente da instituição chegou a lhe ofertar recentemente um produto financeiro de investimentos.
Contudo, dias depois a sua conta caiu e o P2P diz que falta aos bancos um processo melhor de transparência ao encerrar a conta de clientes.
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P2P de bitcoin brasileiro diz que teve encerramento de conta após golpe do estorno do MED
Com a chegada do Pix no Brasil, muitas transações passaram a ocorrer por meio do método de pagamentos instantâneos do Banco Central do Brasil. Contudo, em seu início, o Pix não permitia estorno, nem para vítimas de golpes.
Assim, foi criado o Mecanismo Especial de Devolução (MED), que permite a vítimas de golpes e fraudes solicitar a devolução dos seus valores. Como os golpistas inovam ao perceber uma brecha, começaram a surgir o golpe do estorno do MED, cometido por pessoas que alegam ter sofrido uma fraude, mesmo quando não ocorreu, para reaver seu dinheiro enviado.
E este foi um episódio que ocorreu recentemente com Michel P2P, quando um cliente negociou criptomoedas com ele via Pix, e depois pediu estorno. O banco enviou a solicitação para análise, mas acabou devolvendo para o vendedor de criptomoedas os valores.
Ele conta que ao ver a movimentação suspeita e atípica sacou todos os valores em sua conta, não demorando muito para que o banco fechasse sua conta bancária. Questionado se o golpe do estorno tem se tornado comum, ele indica que sim.
“Tive 10 tentativas ano passado, todas eu provei que tinha tudo regular. Neste ano foi só essa e foi o suficiente para encerrar essa conta, que mal uso na verdade. Para se ter ideia, eu tinha uma relação tão boa que o gerente me ofertou investimentos no último dia 17 de abril“, conta o P2P ao Livecoins.
Banco pediu até a devolução das maquininhas de cartão
A instituição que encerrou a conta de Michel P2P nesta terça também opera no mercado com um produto de maquininhas de cartão. Assim, ao encerrar a conta eles pediram até a devolução dos dispositivos, ainda que o vendedor nem tivesse contratado o serviço.
Questionado se os encerramentos unilaterais de contas continuam sendo o maior desafio aos P2Ps brasileiros, ele concordou. “Então, muita gente ainda usa o Real brasileiro, infelizmente temos que passar por isso“, disse.
Sobre o novo cancelamento, Michel já protocolou uma reclamação junto ao Banco Central do Brasil e ainda aguarda resposta. Mesmo assim, ele não tem esperanças de reaver sua conta como antes, visto que mesmo se o banco desbloquear, ele passará a ter todas as suas movimentações financeiras enviadas para análise.
Segunda conta em dois dias
Na última segunda-feira (28), Michel já havia avisado aos clientes para esquecerem a sua chave Pix em outra instituição. Isso porque, sua conta também havia sido cancelada no outro banco ainda no domingo (27).
Antes de encerrar a conta, ele teve de transferir todos os valores para outra instituição. Após o encerramento, os bancos deixam claro que quaisquer valores presos só podem ser recuperados pelo Sistema de Valores a Receber (SVR).
Os encerramentos mostram que, mesmo com a chegada dos bancos no mercado de criptomoedas e regulação no setor, ainda há problemas para quem trabalha no setor.