Os roubos e golpes com criptomoedas tiveram uma escalada imensa no ano de 2019. Um relatório elaborado pela CypherTrace, indicou que mais que R$ 16 bilhões já foram perdidos neste ano.
Sobe 150% o número de roubos e golpes com criptomoedas em relação à 2018
O ano de 2019 novamente voltou a ter um dado alarmante no setor das criptomoedas. Os roubos e golpes, relacionados com moedas digitais, tiveram um enorme crescimento em relação ao ano de 2018.
De fato, os dados analisados pela CypherTrace apenas apresentaram uma análise dos primeiros nove meses de 2019. O roubo da UPbit ocorrido no último dia 27, por exemplo, não foi contabilizado.
Mesmo assim chamou atenção para a quantidade de criptomoedas já perdidas. A soma chega a cerca de U$ 4,4 bilhões de acordo com a CypherTrace, ou seja, mais que R$ 16 bilhões de criptomoedas roubadas ou utilizadas em golpes.
Em entrevista para a Reuters, o CEO da Cyphertrace afirmou que os bandidos têm se adaptado a uma nova realidade financeira.
O aumento de 150% no roubo e golpes com criptomoedas reflete como os criminosos estão se adaptando para obter recompensas cada vez melhores.
2019 ainda não acabou
Apesar do ano ainda não ter finalizado, o relatório da CypherTrace apontou que os maiores roubos e golpes com criptomoedas aconteceram no começo do ano. Ou seja, se era uma tendência, pode ter diminuído com o tempo.
Mesmo assim, o valor perdido em 2019 chamou atenção pelo fato de ter ultrapassado, e muito, o ano de 2018. Em 2018, por exemplo, apenas U$ 1,7 bilhões foram perdidos em todos os doze meses. Ou seja, os primeiros nove meses de 2019 superaram pelo menos três vezes o ano todo de 2018.
Contudo, um dado animador foi a análise do terceiro trimestre de 2019. Este obteve os menores registros de roubos e golpes dos últimos dois anos, o que indica a queda na tendência.
Os principais problemas de 2019 foram: QuadrigaCX e PlusToken. No primeiro caso, o CEO de uma grande corretora canadense morreu, levando com ele o acesso aos fundos. No segundo, uma pirâmide financeira da Coreia do Sul foi a responsável por um roubo gigantesco.
Analisando o Brasil, o ano de 2019 também não foi diferente. Alguns problemas como o atraso nos saques da Atlas Quantum, Grupo Bitcoin Banco, Unick Forex e Indeal também deixaram milhares de investidores de criptomoedas em maus lençóis.
Golpes e roubos com criptomoedas são fáceis de serem rastreados
As criptomoedas não são as culpadas pelos problemas que as envolvem. Isso porque estes ativos são apenas meios de troca utilizados por pessoas mal intencionadas para o fim de realizar fraudes.
Além disso, os bandidos que aproveitam da tecnologia para fraudar costumam atacar pontos centrais de falha. Por exemplo, a QuadrigaCX era uma corretora de criptomoedas, logo, uma empresa centralizada utilizando criptomoedas. Como a custódia estava apenas a cargo do CEO, sua morte foi um caso de lamentável amadorismo na manipulação das criptomoedas.
O roubo de Ethereum da UPbit, no último dia 27, é outro caso de ataque a um único ponto de falha. Entretanto, os hackers que levaram Ethereum dessa operação estão com um valioso problema em suas mãos.
A explicação é porque a blockchain possui a transparência como uma de suas ferramentas. Isso indica que ao tentar gastar os Ethereum, o hacker tem dificuldade de encontrar uma corretora que aceite essas moedas. A Etherescan, famosa exploradora de blocos da rede Ethereum, já nomeou os endereços como UPbit hacker. Na prática, todos do mundo conseguem saber onde os fundos roubados pela UPbit estão passando.
O hacker inclusive já tentou gastar suas moedas na Binance e Huobi, duas das maiores corretoras do mundo. O criptoanalista Chiachic Wu, utilizando a EtherScan, mapeou todos os endereços Ethereum envolvidos com o roubo da UPbit.
Por fim, a dificuldade para que este(s) gaste todos os seus milhões será muito maior do que os ladrões que roubaram o ouro no aeroporto brasileiro, em julho de 2019. Neste outro ativo físico, que pode ser facilmente derretido, há uma imensa dificuldade de rastreio.