Empresa que diz investir em energia solar pode ser pirâmide financeira, diz CVM

No começo do ano, em um comunicado enviado a um investidor supostamente lesado pela empresa, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) informou que o negócio tem indícios de fraude e pode ser uma pirâmide financeira.

Para atrair vítimas, “piramideiros profissionais” costumam surfar em assuntos que estão em alta, como bitcoins e criptomoedas. A onda da vez é o mercado de energia solar, que neste ano deve receber R$ 19,7 bilhões em investimentos no Brasil, segundo a Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica).

Uma das “empresas” supostamente fraudulentas que aproveitou o “hype” desse segmento sustentável é a Econ Global (antiga Econ Energia Compartilhada), que promete rendimentos de até 30% ao mês em cima do capital. Esse lucro gigante seria obtido por meio da suposta venda de energia solar.

No começo do ano, em um comunicado enviado a um investidor supostamente lesado pela empresa, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) informou que o negócio tem indícios de fraude e pode ser uma pirâmide financeira, conforme revelei no UOL.

“Em síntese, pelas características do caso concreto, elementos e argumentos supramencionados, a presença de fortes indícios da ocorrência de esquema fraudulento”, disse a CVM.

O que a Econ Global promete?

A Econ Global foi fundada pelo empresário Samir Gabriel da Silva no final de 2018. A empresa, sediada em São Paulo, afirmava em seu antigo site ter quatro supostas usinas de produção de energia solar no Piauí e em Minas Gerais. O site está fora do ar.

Samir Gabriel da Silva, CEO da Econ Global. Imagem: Reprodução/YouTube

Nessas usinas, a empresa afirma produzir energia solar fotovoltaica. Com a suposta venda dessa energia, a Econ Global promete ao investidor que compra uma cota da produção um lucro de 1% ao dia ou de até 30% ao mês em cima do capital aportado.

Essas usinas, no entanto, nunca existiram. No site da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), que reúne os empreendimentos de energia solar, não há nenhuma usina associada a Econ Global ou ao nome de seu proprietário.

Econ Global tem várias características de pirâmide, segundo CVM

A Econ Global é investigada pela autarquia que regula o mercado de capitais desde o final do ano passado, quando os investidores que acreditaram no negócio deixaram de receber os lucros prometidos. O processo ainda está em andamento.

Segundo o comunicado da CVM, além da oferta de lucro surreal – que é típica de pirâmides financeiras – a Econ Global apresenta outras características que sugerem uma possível fraude.

Algumas delas são “possibilidade de ganhos de até 15% por meio da indicação das pessoas”; “propaganda falha em demonstrar claramente a viabilidade econômica do “investimento” e “promessa de alta liquidez, com a possibilidade de saques semanais ou até mesmo diários”.

A CVM também citou que outro indício que sustenta a possibilidade de a Econ Global ser um golpe financeiro é o uso de “propagandas que dão amplo destaque unicamente aos benefícios, facilidades, lucros, rendimentos, premiações, bônus (tal como o bônus binário) e diversas outras vantagens”.

Reclame Aqui da Econ Global soma quase 500 reclamações

No Reclame Aqui, a Econ Global já tem quase 500 comentários de investidores lesados. “Investi cerca de R$ 2,000.00 (dois mil reais) e a empresa simplesmente fechou e não ressarciu os investidores”, disse uma das vítimas da empresa.

Outro investidor falou sobre o sumiço do fundador do negócio e sugeriu que ele deveria ser morto. “Entrei na empresa, investi um certo valor, no primeiro mês pedi saque e caiu na conta, depois só enrolaram, Samir o bambam, com videos só enchendo linguiça, tem que morrer na [Editado pelo Reclame Aqui] um cara desse, sumiu do mapa, não sei como consegue enganar as pessoas assim (…)”

A reportagem do Livecoins não encontrou nenhum representante da empresa para comentar o caso.

Pirâmide de energia solar internacional movimentou R$ 5 bi

Surfar na onda da energia solar não é mérito só de golpistas brasileiros. Na Califórnia (EUA), segundo o The Wall Street Journal, um casal foi preso por causa de um esquema ponzi associado à energia solar.

De acordo com a reportagem, a DC Solar Solutions prometia créditos fiscais federais a investidores corporativos que topassem ajudar a financiar a empresa. O golpe foi de cerca de US$ 900 milhões (R$ 5 bilhões).

Uma das empresas que caiu no golpe foi a Berkshire Hathaway, do investidor e filantropo norte-americano Warren Edward Buffett.

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Lucas Gabriel Marins
Lucas Gabriel Marins
Jornalista desde 2010. Escreve para Livecoins e UOL. Já foi repórter da Gazeta do Povo e da Agência Estadual de Notícias (AEN).

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