QuadrigaCX era um esquema ponzi, afirma novo relatório

O caso da QuadrigaCX, um dos mais infames dentro de todo o criptomercado mundial, continua apresentando reviravoltas, com o órgão regulador de Ontário determinando que a corretora era na verdade um esquema ponzi.

A Quadriga foi a maior corretora do Canadá em seu auge, mas aos poucos perdeu espaço antes de uma tragédia pessoal se tornar um caso de polícia e uma das maiores histórias de conspiração do criptomercado.

Primeiro, a corretora anunciou a morte de seu fundador e CEO, Gerald Cotten. No entanto, logo depois, foi revelado que Cotten era o único com acesso às carteiras frias dos clientes com mais de US$ 200 milhões.

Desde que todo o caso foi revelado pela corretora, muitos clientes e outros participantes do ecossistema das criptomoedas passou a desconfiar de toda a história. Muitos acreditam que Cotten fingiu a sua morte, que aconteceu justamente enquanto ele visitava a índia.

Com todas as estranhas circunstâncias da morte de Cotten, alguns clientes até pediram pela exumação do corpo para ter certeza de que ele estava morto.

O caso foi investigado por diferentes instituições, incluindo a Ontario Securities Commission (OSC), órgão regulador similar a SEC dos EUA ou a CVM por aqui.

Um golpe clássico em uma embalagem moderna

Gerard Cotten, fundador da QuadrigaCX.

Segundo informações da CBC, o órgão regulador disse na última quinta-feira que o fundador da corretora, Cotten, abriu contas falsas para creditar a si mesmo saldos inexistentes de criptomoedas e dinheiro fiat.

Ele usou esse dinheiro que não existia para poder negociar com ativos reais dos clientes da plataforma.

O relatório aponta que Cotten eventualmente acabou tendo problemas de insolvência com a plataforma, não sendo capaz de entregar os valores que estavam sendo sacados. Para resolver isso, ele começou a operar a Quadriga como um esquema ponzi, pagando os clientes antigos com novos depósitos.

“O que aconteceu com a Quadriga foi um golpe antigo em uma embalagem tecnológica moderna”

A OSC também afirmou que a falta de registro com os reguladores permitiu que Cotten realizasse os golpes.

“A Quadriga não considerava que os seus negócios envolviam negociação de valores mobiliários e não era registrada com nenhum regulador. A falta de registrou facilitou que Cotten cometesse fraude em larga escala sem detecção. A falta de supervisão interna em Cotten também permitiu os golpes.”

A OSC gastou cerca de 10 meses analisando dados de negociações e da blockchain, entrevistando testemunhas chave e colaborando com órgãos regulatórios de outros países, além de usar informações bancárias para reconstituir a situação da Quadriga nos meses antes de sua falência.

Para onde foi todo o dinheiro roubado?

Segundo o relatório apresentado, US$ 115 milhões do dinheiro perdido foi roubado nesses esquemas fraudulentos de Cotten. Outros US$ 28 milhões foram usados para negociação em outras exchanges, sem a autorização dos clientes.

Além disso, os investigadores apontam que muito dinheiro também foi utilizado de forma indevida para manter o estilo e vida chamativo de Cotten.

Ao todo, quando a corretora anunciou a morte de seu fundador, ela devia US$ 215 milhões para seus clientes. A Ernst & Young, empresa responsável pela recuperação judicial da Quadriga, conseguiu recuperar apenas US$ 46 milhões.

Por fim, o órgão afirmou que poderia buscar ação judicial contra a corretora. No entanto, não seria produtivo, já que Cotten está morto e a Quadriga falida.

Com isso, o caso que fez vítimas até no Brasil, se torna muito mais estranho e a morte suspeita de Cotten fica ainda mais suspeita.

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Matheus Henrique
Matheus Henrique
Fã do Bitcoin e defensor de um futuro descentralizado. Cursou Ciência da Computação, formado em Técnico de Computação e nunca deixou de acompanhar as novas tecnologias disponíveis no mercado. Interessado no Bitcoin, na blockchain e nos avanços da descentralização e seus casos de uso.

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