A Venezuela vive um impasse com U$ 18 milhões que poderiam chegar em criptomoedas aos profissionais de saúde do país. Em abril de 2020, as autoridades norte-americanas haviam apreendido o valor do país sul-americano.
País vizinho ao Brasil, a Venezuela tem atravessado um momento difícil na economia, com a chamada hiperinflação. Além disso, a disputa política do país segue cada vez mais dura, com o país tendo “dois presidentes” atualmente.
De um lado, vários países reconhecem o poder do lado de Nicolás Maduro, sucessor de Hugo Chávez. De outro, Juan Guaidó é reconhecido como presidente da Venezuela, inclusive pelos Estados Unidos e Brasil.
Dinheiro apreendido da Venezuela pelos EUA vive impasse, mas pode chegar em criptomoedas para população
A Venezuela é dos países que mais viu crescer a adoção das criptomoedas nos últimos anos. Isso porque, com a hiperinflação, a população buscou refúgio em ativos alternativos para se proteger. Além disso, o dólar é uma moeda com presença no cotidiano do país.
Em abril de 2020, Juan Guaidó, um dos alegados presidentes da Venezuela, teve acesso a U$ 18 milhões, cerca de R$ 100 mi hoje. O dinheiro foi repassado a ele pelos EUA, que capturaram a quantia em uma operação contra Maduro, do qual não consideram um governo legítimo.
Desde então, Juan tenta entregar o valor para os profissionais de saúde da Venezuela. Contudo, Nicolás Maduro tem dificultado o repasse via bancos. Para contornar o bloqueio, Juan tem um acordo com a empresa Airtm, que trabalha com criptomoedas.
A Airtm também trabalha com criptomoedas e dólares, em carteiras digitais. Cabe o destaque que a Airtm foi financiada pela corretora Coinbase, uma das maiores do mundo e com sede nos EUA. Para ajudar o repasse aos profissionais de saúde da Venezuela, foi criada a campanha “Heróis da Saúde”.
Guaidó prometeu aos 62 mil trabalhadores a quantia de U$ 100, durante três meses. Ao ver que o valor iria ser repassado, Nicolás Maduro mandou bloquear o acesso ao site da Airtm.
Guaidó incentiva população a usar VPN para ter acesso ao dinheiro
Normalmente combatido por presidentes, o uso de VPN foi endossado por Juan Guaidó na última semana. Em uma publicação do Twitter, Juan pediu que as pessoas acessem o site da Airtm com uso da VPN.
Para facilitar, a empresa de criptomoedas criou um tutorial para ensinar a usar VPN. Guaidó acusou o presidente de ser uma ditadura brutal que quer impedir ajuda a quem está na primeira linha de defesa para salvar vidas. Contudo, deixou claro que não conseguirá bloquear o futuro, e pede que as pessoas usem VPN na Venezuela.
Solo una BRUTAL dictadura bloquea ayuda directa a quienes hoy están en la primera línea de defensa para salvar vidas, pero solo una ESTUPIDA dictadura cree que puede bloquear el futuro
¡Y el futuro es libertad y democracia!#HeroesDeLaSalud https://t.co/yrLqlT5Z3l
— Juan Guaidó (@jguaido) August 21, 2020
De acordo com Matt Ahlborg, analista de criptomoedas da América Latina, o caso é muito importante. Para ele, uma empresa de Bitcoin está ajudando a oposição de um país a levar dinheiro para pessoas.
Em resumo, eu só quero tomar um momento aqui para reconhecer o fato de que em 2020, o maior líder da oposição de um país está expressando apoio e contando com uma empresa alinhada ao Bitcoin para distribuir ajuda e conseguir reformas políticas. Quão longe isso chegou!
Dessa forma, Matt espera que seja difícil para Maduro resistir ao uso da criptografia em conjunto com as criptomoedas. O analista citou um estudo produzido por ele em conjunto com a CoinMetrics recentemente, que cita o “efeito da bitcoinização” nos mercados emergentes, principalmente aquelas que a população não tem acesso fácil a bancos.