Muitas pessoas pensam que a matemática do Bitcoin é algo complexo demais, mas um pesquisador brasileiro sugere que ela é de nível médio.
O estudo foi feito pelo engenheiro Raoni do Nascimento Gonzaga, mestrando do PROFMAT, Mestrado Profissional do Departamento de Matemática do Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio). Seu estudo ressalta a importância de compreender o papel da matemática na garantia do funcionamento seguro das criptomoedas.
Segundo ele, com a devida metodologia, esse ensinamento pode começar a funcionar no Brasil. O estudo contou com a orientação do professor Sinésio Pesco, resultando na dissertação “Bitcoin: uma introdução à matemática das transações“.
Matemática do Bitcoin é de nível médio, garante orientador de estudo
Com golpes envolvendo a imagem do Bitcoin no Brasil, associar a moeda a atividades criminosas se tornou uma realidade comum. Mas no Rio de Janeiro, um pesquisador foi em busca de mudar essa realidade, colocando a matemática da moeda digital como um assunto que já poderia ser discutido no Ensino Médio.
Para Sinésio Pesco, que orientou o estudo, o cenário de começar a estudar o Bitcoin é desafiador, mas é possível estabelecer uma ponte entre as temáticas.
“É desafiador levar o assunto para a sala de aula, mas é possível estabelecer uma ponte entre as temáticas, principalmente por despertar curiosidade e envolver muita matemática”.
Em julho de 2021, ele e seu aluno foram além da simples ideia e apresentaram um detalhado estudo em uma dissertação sobre este tema.
O estudo então explicou o fenômeno Bitcoin como forma de sugerir novas abordagens para a educação financeira trabalhada durante o período escolar. O orientador garante que este é a primeira etapa para desenvolver metodologias que possam relacionar tais conceitos.
“O estudo apresenta as etapas de uma transação de Bitcoin, explorando os conceitos matemáticos como Curvas Elípticas e suas aplicações sobre a geração de chaves públicas nas transações de Bitcoin chamando a atenção para as características que conferem segurança, em particular, à aplicação de criptografia por meio do algoritmo ECDSA.”
Para pesquisador, é importante mostrar que a segurança do Bitcoin é verdadeira e de fácil compreensão
As criptomoedas ganharam força e já são utilizadas por diversos países para realizar grandes transações financeiras. Contudo, ainda há muito receio e dúvidas sobre como aplicar essa moeda virtual devidamente, visto que a sociedade está acostumada com a presença de autoridades, sejam bancos, governos ou empresas, encarregadas de validar as operações bancárias.
Mas a legitimidade das criptomoedas é verdadeira, sendo possível explicar seus fundamentos para qualquer pessoa interessada, afirmou Raoni Gonzaga, pesquisador que se formou pelo Instituto Militar de Engenharia, do Exército Brasileio, antes do mestrado.
“Esse algoritmo de assinatura digital é o ‘coração’ da segurança das transações de Bitcoin. A partir dele se confere autenticidade às operações e se constrói a confiança dos usuários na rede Bitcoin”.
Na visão do pesquisador brasileiro, o ensino da matemática do Bitcoin ainda não é possível na maior parte das instituições, mas há algumas que poderiam se aproveitar deste conhecimento, até para despertar a atenção dos alunos.
“Dos números primos ao Bitcoin, pudemos percorrer esse caminho fazendo pontes capazes motivar vários estudantes e educadores. Sabemos que nem todo programa de ensino de matemática abrange o ensino de congruências (infelizmente), entretanto há círculos nos quais existe esse espaço e o paralelo com a matemática que subsidia a segurança de uma criptomoeda famosa é de grande valia como atrativo para despertar o interesse por esse tema”.
O estudo de Raoni pode ser acompanhado na íntegra pelo site da PUC-RJ.