Álvaro Garnero tem ligação com empresas de bitcoin que deram calote em clientes

Reclamações no portal Reclame Aqui indicam atrasos nos pagamentos pelo menos desde agosto de 2020.

Empresário, apresentador de televisão, herdeiro do Grupo Monteiro Aranha e nome conhecido da alta sociedade brasileira, Álvaro Garnero também tem um pé — literalmente — no universo das criptomoedas. Por outro lado, esse vínculo está justamente em um negócio que é investigado pelo Ministério Público e vive às voltas com acusações de calotes contra clientes e até funcionários, a Meu Pé de Bitcoin.

A ligação de Garnero com a Meu Pé de Bitcoin foi citada por uma fonte que prefere não se identificar. Em foto enviada ao Livecoins, o empresário — que apresenta quadro turístico 50 em 1, no programa Domingo Espetacular (Record) — aparece ao lado de integrantes da cúpula da empresa, incluindo o trader Hélio Caxias e o CEO Felipe Mazzetto.

Caxias é mais conhecido ainda como uma das pessoas por trás da Hibridos Club, empresa do setor de criptomoedas que suspendeu saques de seus clientes em 2017.

Alvaro Garnero Hibridos Hélio Caxias
Álvaro Garnero (e) durante evento da Hibridos, junto com Hélio Caxias (d), líder da empresa.
(Foto: Reprodução/YouTube)

Natural de Embu das Artes, na Grande São Paulo, Hélio Caxias é retratado como uma pessoa que superou uma infância pobre, aproveitou as poucas oportunidades que teve para vencer na vida e até hoje luta contra aqueles que invejam seu sucesso. Essa narrativa fica bem clara em um vídeo publicado em dezembro de 2020 no canal da Hibridos no YouTube, disponível no Linktree da própria Meu Pé de Bitcoin.

Nesse vídeo, inclusive, Garnero aparece em uma as atividades promovidas pela Hibridos em seu auge, o 1º Congresso de bitcoin, ocorrido em junho de 2017 em Embu das Artes. O empresário foi um dos palestrantes no evento. O herdeiro do Grupo Monteiro Aranha é citado ao final da produção ainda como um dos parceiros que aportaram bitcoins para que Caxias mantivesse seus negócios.

Procurado pela reportagem para comentar a ligação com a Meu Pé de Bitcoin e as acusações que recaem sobre a empresa, Álvaro Garnero enviou a seguinte nota:

“O empresário Alvaro Garnero reforça que sua posição como investidor no setor de bitcoins existe desde o surgimento da moeda, chegando até a receber os irmãos gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss durante passagem pelo Brasil.

Sua relação com as empresas Meu Pé de Bitcoin e Hibridus é restrita apenas à obter, como cliente, os serviços oferecidos pelas mesmas, assim como qualquer outra pessoa.

Alvaro reitera sua integridade frente aos negócios que investe, e lamenta por todas as pessoas que estão enfrentando problemas com as empresas.”

Frutos duvidosos

Sediada em Caruaru (PE) e com filiais espalhadas por todo o Brasil, a Meu Pé de Bitcoin promete retornos de 3% ao mês a partir de investimentos na mais famosa das criptomoedas — algo bem acima do que permitem de fato as aplicações mais rentáveis no mercado. Os frutos dessa árvore, no entanto, cada vez mais apresentam problemas.

Reclamações no portal Reclame Aqui indicam atrasos nos pagamentos pelo menos desde agosto de 2020. No entanto, já em janeiro do último ano era possível verificar denúncias sobre atuação irregular da Meu Pé de Bitcoin. Além disso, funcionários também se queixam e alegam ter sido dispensados sem que a empresa honrasse com os compromissos trabalhistas.

Tais fatores levaram a Meu Pé de Bitcoin a entrar na mira de dois Ministérios Públicos Estaduais, os de Pernambuco e de São Paulo.

No caso paulista, inclusive, uma audiência estava marcada para 11 de fevereiro entre representantes da empresa e um cliente que abriu inquérito civil contra a Meu Pé de Bitcoin. No entanto, o encontro não ocorreu porque os proprietários da empresa não foram localizados.

De acordo com a assessoria de comunicação do órgão, a promotora Ana Beatriz Frontini pediu auxílio ao Centro de Apoio às Execuções (Caex), órgão técnico do Ministério Público de São Paulo, para tentar localizar os responsáveis pela Meu Pé de Bitcoin.

A Meu Pé de Bitcoin se define como uma startup e diz que não atua como plataforma de investimento, o que contradiz a promessa de ganhos por meio do investimento na criptomoeda.

Colheita de problemas

A Meu Pé de Bitcoin está com o site fora do ar e o telefone disponível para contato não completa a ligação. Ao mesmo tempo, há uma série de reclamações na Apple Store e Google Play contra a empresa. Por outro lado, permanece ativa nas redes sociais, com a ajuda dos chamados “potencializadores”. Embora o modelo de atuação desses representantes não esteja claro, eles comentam cada postagem feita pelos perfis disponíveis no Facebook, Instagram e LinkedIn, ajudando a alavancar a empresa nas mídias sociais.

Uma dessas reclamações de clientes da Meu Pé de Bitcoin rendeu uma situação inusitada. Quando um destes citou que reclamaria junto à Polícia Federal pela falta de pagamento, a empresa respondeu no Reclame Aqui com o endereço da Superintendência da instituição em Pernambuco, que fica em Recife.

O tom desafiador também é verificado nas poucas vezes que a Meu Pé de Bitcoin se manifesta nas redes sociais sobre as denúncias de irregularidades na startup.

A Meu Pé de Bitcoin também não se manifestou sobre as falhas relatadas pelos clientes, tampouco quanto às investigações das autoridades. Também nada disse a respeito da participação de Garnero junto à empresa.

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Rodrigo Borges Delfim
Rodrigo Borges Delfimhttps://canalmynews.com.br/
Jornalista formado pela PUC-SP, começou a carreira jornalística no portal UOL, na antiga área de Novas Mídias e Inovação. Passou também pela Folha de S.Paulo, onde atuou principalmente na editoria de Política (Caderno Poder). Colaborou com o Portal do Bitcoin em maio de 2018.

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