PMEs, crédito e tecnologia: o futuro do mercado de capitais já começou

As plataformas autorizadas pela CVM - como a AmFi, surgiram para beneficiar as PMEs ao simplificarem os processos de captação de recursos no mercado de capitais e reduzirem o tempo de estruturação das operações, o que traz também a redução do custo das emissões. 

As Pequenas e Médias Empresas (PMEs) representam, atualmente, cerca de 30% do PIB brasileiro, uma fatia significativa. Ao mesmo tempo, respondem por apenas cerca de 20% do mercado de crédito, de acordo com estimativas de especialistas, o que é um sinal de ineficiência na concessão de financiamento a negócios que geram emprego e renda para o país.  

Porém, a ótima notícia é que esse cenário está mudando de uma forma profunda, com as PMEs conseguindo finalmente captar usando seus recebíveis. Isso terá, no médio prazo, um impacto sem precedentes em toda a economia do país.

Historicamente, a principal forma de financiamento das empresas no Brasil é o sistema bancário, incluindo as instituições públicas. Estima-se que em 2024, esse sistema representou 67% do total. A fatia do mercado de capitais, por sua vez, foi de 33%

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A questão é que as empresas que conseguem acessar esses recursos são as de grande porte, que têm maior fluxo de caixa e garantias para oferecerem, reduzindo o temor sobre possíveis inadimplências. 

O que está acontecendo agora é que uma nova frente está se abrindo para as PMEs no mercado de capitais. Essa revolução é puxada pelas novas tecnologias, como blockchain, Inteligência Artificial (IA) e Big Data, e pela atualização de regulações como as de fintechs, crédito e investimentos.

Se olharmos o quadro completo, no geral, o mercado de capitais está se transformando e ganhando mais relevância. Tanto que as emissões mais que dobraram (120%) para R$ 977,3 bilhões de 2020 a 2024, segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). As emissões que envolvem as PMEs cresceram muito mais.

PMEs e processos de captação de recursos

As plataformas autorizadas pela CVM – como a AmFi, surgiram para beneficiar as PMEs ao simplificarem os processos de captação de recursos no mercado de capitais e reduzirem o tempo de estruturação das operações, o que traz também a redução do custo das emissões. 

O resultado foi um salto de 1.000% de nas emissões de 2020 (R$ 140 milhões) a 2024 (R$ 1,43 bilhão), enquanto o número de participantes regulados foi de 32 para 70. O ritmo forte continuou no primeiro trimestre de 2025, com o valor de R$ 790 milhões, 55% de todo o ano passado. 

A maior aceleração foi depois que a CVM esclareceu, pelos Ofícios Circulares 4 e 6 de 2023, que as emissões nessas plataformas poderiam incluir as de tokens, ou seja, as representações digitais dos ativos. Dessa forma, o token é, dentro de certas normas, um valor mobiliário lastreado em crédito ou em direito creditório. 

Tokenização

O mercado já vinha oferecendo operações estruturadas tokenizadas, mas a segurança jurídica a partir dos ofícios ajudou – e muito – as emissões a subirem de R$ 220 milhões em 2023 para o 1,43 bilhão de 2024. Grande parte delas foi ligada à ativos tokenizados. Mesmo com esse salto, as quantias que as PMEs captam ainda são pequenas na comparação com as das grandes empresas, sendo condizentes com seus fluxos de caixa.

Uma outra fonte de captação das PMEs nesse movimento no mercado de capitais são os fundos de investimentos estruturados, em especial os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs). São voltados para todos os negócios, incluindo as PMEs. Ao permitirem ao investidor de varejo aportar recursos em crédito, o patrimônio líquido desses fundos mais que triplicou de 2020 (R$ 180 bilhões) a 2024 (R$ 634 bilhões). 

A tokenização está acontecendo em diferentes formatos de produtos e distribuição. A plataforma de ativos digitais MB – Mercado Bitcoin, por exemplo, já tokenizou R$ 1,4 bilhão em ativos reais, sendo aproximadamente R$ 300 milhões em parceria com a AmFi.

Abrir espaço para novos produtos no mercado, em especial os tokenizados, foi como desentupir uma veia para o sangue passar e isso é fundamental para que qualquer empresa possa crescer, ser mais eficiente e sustentável no longo prazo. 

A junção de tecnologia e crédito significa agora dinheiro no caixa com muito mais agilidade para atender às necessidades do negócio, inclusive as mais urgentes, como levantar dinheiro para fazer um pagamento que está prestes a vencer. E a queda de custos permite operar no mercado de capitais onde há um grupo grande de investidores ávidos por mais e boas alternativas, uma oportunidade que as PMEs nunca tiveram.

Além disso, a tecnologia – neste caso, blockchain para a tokenização – permite um controle das operações e qualidade dos títulos que o processo tradicional não entrega. Um exemplo é a visualização 24×7 e em tempo real de todas as transações com os direitos creditórios representados por tokens. 

É uma transparência que se traduz em segurança e redução de riscos como fraudes e inadimplência. Isso significa um gerenciamento melhor dos ativos e mais qualidade do portfólio. 

As emissões conseguem oferecer taxas de retorno, em média, maiores do que a média do mercado tradicional, uma vantagem para as PMEs e para os investidores. 

Com benefícios tão evidentes, tanta demanda represada de financiamento e com a adequação das regulações à realidade do mercado, a união de tecnologia e crédito para as PMEs é um caminho sem volta e só vai crescer. 

Porém, será um movimento que irá além do crescimento. Isso porque trará também diversificação em termos de produtos para captação e investimentos. E mais: atrairá quem, até então, nunca teve a oportunidade de conhecer esse tipo de investimento. Você se lembra quando surgiram plataformas de investimentos fora dos bancos e que democratizaram esse mercado? É disso que se trata agora também, mas no setor de crédito.

Paulo David é cofundador e CEO da AmFi e antes disso fundou a Grafeno, uma das principais fintechs do Brasil e que recentemente teve parte de suas operações vendidas para a Vortx em 2025, e da Biva, vendida para a PagSeguro em 2017 Advogado de formação e com pós graduação em administração de empresas pelo Insper

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Vinicius Golveia
Vinicius Golveia
Formado em sistema da informação pela PUC-RJ e Pós-graduado em Jornalismo Digital. Conhece o Bitcoin desde 2014, atuando como desenvolvedor de blockchain em diversas empresas. Atualmente escreve para o Livecoins sobre assuntos de criptomoedas. Gosta de cultura POP / Geek. Se não estiver escrevendo notícias relevantes, provavelmente está assistindo alguma série.
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