A crise na Argentina continua assolando sua população, que agora vê o governo reprimindo o comércio de Bitcoin. O motivo seria que há um medo de fuga de capitais do país, uma vez que a população tem receio do peso argentino.
O Bitcoin é uma moeda digital que não depende de nenhum banco central para funcionar e nem realizar sua emissão. Ou seja, é uma moeda descentralizada e que permite a um usuário, independência de sistemas financeiros locais.
Mesmo sendo um país que tenha se dado bem no controle da disseminação do novo coronavírus, outros fatores têm sido preocupantes. O presidente, Alberto Fernandes, eleito ainda em 2019, acumula poderes com o congresso fechado e anunciou recentemente um novo calote na dívida. O peso argentino, então, tem se tornado uma moeda “pesada” para sua população.
Governo da Argentina está reprimindo comércio de Bitcoin, fiscalização aumenta em meio a pandemia
A Financial Information Unit (UIF), na tradução literal Unidade de Informação Financeira, é a agência governamental que monitora as transações financeiras. Seu funcionamento é semelhante ao do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) no Brasil.
De acordo com o portal local, El Cronista, o governo da Argentina está de olho no comércio de Bitcoin. O movimento, que poderia até ser considerado uma repressão, é uma forma de exercer controle com o dinheiro das pessoas.
O governo de Alberto Fernández quer monitoramento eficaz contra fuga de capital do país, uma vez que acredita que o Bitcoin é uma ameaça ao peso argentino. Dessa forma, a UIF emitiu um alerta aos bancos, casas de câmbio e corretoras de Bitcoin, para que fiscalizações sobre transações com criptomoedas sejam verificadas com maior cautela.
O que motivou o movimento de “repressão” do governo foi o aumento no volume de negociações de Bitcoin na Argentina, que tem um dos principais comércios da região. Por lá, é possível gastar a moeda digital em vários estabelecimentos e até em transportes públicos, o que preocupa o governo que tomou posse no último ano.
A velha desculpa de lavagem de dinheiro voltou a tona no país
Normalmente, países que banem o Bitcoin o justificam com acusações de lavagem de dinheiro e terrorismo. O governo da Argentina é o mais novo a utilizar a falácia, que já se provou errada nos últimos anos uma vez que as transações com Bitcoin são rastreáveis.
A história mostra que o melhor meio para lavagem de dinheiro é usar moeda em espécie, e não as criptomoedas. Com o aumento de volume de compra de Bitcoin na Argentina, uma das vias de acessar informações dos traders foi enviar um anúncio de “prevenção a lavagem de dinheiro” aos participantes do sistema financeiro, de acordo com o El Cronista.
O movimento de repressão, contudo, acontece junto ao que o governo busca fortalecer o peso argentino. Para isso, uma luta contra o câmbio paralelo foi traçada, e há um medo que a população deixe o peso argentino como moeda de poupança, fator que abalaria o sistema financeiro local. O Bitcoin seria um forte concorrente, pois é visto como reserva de valor.
Além disso, a Financial Information Unit destacou que a coleta de informações dessas transações visa fortalecer seu conhecimento sobre o assunto. As motivações para isso seriam para prevenção de terrorismo e lavagem de dinheiro no país, segundo a UIF.
Por fim, cabe o destaque que a Argentina reprimindo o comércio de Bitcoin, após anos de liberdade no assunto, é uma mudança que não é vista com bons olhos pela comunidade mundial. A Venezuela, outro que sofreu com câmbio, até tentou tal restrição, e não conseguiu.