Um dos casos mais lamentáveis de uma possível pirâmide financeira no Brasil acaba de ganhar um novo episódio. Isso porque, segundo um ex-cliente da Atlas Quantum, o fundador da empresa, Rodrigo Marques, teria enviado telefones grampeados para interceptar conversas e denúncias.
A Atlas Quantum recebeu atenção de artistas e políticos quando oferecia seus serviços, mas acabou causando prejuízo para muitas pessoas com o tempo. Na justiça brasileira, vários processos já correm contra o negócio, principalmente no Estado de São Paulo, local em que operava a sede da empresa que já foi considerada pirâmide por um juiz.
Nos últimos dias, uma comissão de parlamentares convocaram no Congresso os representantes da Atlas Quantum, que acabaram não comparecendo na audiência pública. Ao evitar comentar publicamente o caso e se recusar a devolver os investimentos dos clientes, a situação da empresa fica cada vez mais complicada.
Segundo ex-cliente, Atlas Quantum enviou telefones grampeados para monitorar conversas contra empresa
O FBI, nos Estados Unidos, foi descoberto com um esquema mundial de espionagem nos últimos dias ao colocar aparelhos celulares à venda para interceptar conversas criminosas.
Este caso, que chamou atenção no mundo todo, pode ter acontecido também no Brasil. Isso porque, o ex-cliente da Atlas Quantum, Gilliard Jorge, denunciou em seu canal do Youtube ter recebido um aparelho celular grampeado, possivelmente enviado pela Atlas Quantum.
Para ludibriar Gilliard, fazendo o aparelho parecer ser legítimo, Rodrigo Marques, com apoio de outras pessoas, teriam criado um perfil falso de uma loja de celulares no Instagram. Assim, a suposta loja teria enviado de presente para o ex-cliente lesado um smartphone Samsung S20 – modelo de última geração.
Como o aparelho veio pelos correios e lacrado, o homem abriu o “presente”, mas logo desconfiou do aparelho. De acordo com Gilliard, como o celular é novo, deveria ter iniciado na tela de configuração, contudo, logo iniciou pelos aplicativos.
“Por fim, abaixo, segue o relato e evidências da última tentativa de usar a conhecida “Engenharia Social” para obter dados, monitorar e invadir dispositivos informáticos dos líderes, com pretensão ainda desconhecida.”
“Usou até o CPF de uma pessoa falecida para o golpe”
Na denúncia de Gilliard, publicada em um vídeo no YouTube, o ex-cliente da Atlas Quantum afirma que já enviou um dos três aparelhos celulares recebidos para perícia na Polícia Federal.
Segundo ele, até o CPF de uma pessoa que já faleceu foi utilizado no processo de envio do smartphone supostamente grampeado, que tinha a clara intenção de interceptar conversas de ex-clientes contra a Atlas Quantum. A nota colocou o endereço de uma pessoa na cidade de São Caetano, interior de São Paulo. Todas as provas reunidas serão encaminhas em notícia crime para a Polícia Federal nos próximos dias.
Gilliard afirma que Rodrigo Marques, através de artimanhas como smartphones grampeados, tenta constranger as investigações que um grupo de clientes tem feito. O prejuízo que a Atlas Quantum deixa para os ex-investidores é um dos maiores no Brasil envolvendo o Bitcoin.
Surpreso com as artimanhas do que chamou de quadrilha, Gilliard Jorge recentemente procurou até o presidente Jair Bolsonaro para denunciar o golpe.
Desde 2019, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) publicou um alerta contra as atividades da Atlas.