Na última quarta-feira, enquanto o mundo se preocupava com as declarações de Donald Trump em relação ao Irã, a presidente do Banco Central Europeu compartilhava sua opinião desta instituição, inclusive sobre criptomoedas.
De acordo com Christine Lagarde, o ECB (European Central Bank) deve ter um papel ativo nas criptomoedas. Além disso, compartilhou sua visão sobre dinheiro físico, também chamado de papel-moeda.
Em outro ponto, Lagarde pôde compartilhar sua visão sobre o Brexit, que tem sido conduzido pelo Primeiro-ministro inglês, Boris Johnson. Há rumores que o acordo do Brexit possa ser assinado nesta quinta (9), logo a Europa se prepara para o impacto deste.
Banco Central Europeu se preocupa com emissão de dinheiro no continente, inclusive em criptomoedas
Para Christine Lagarde, atual presidente do Banco Central Europeu, o ano de 2020 será um ano de desafios. Com inúmeras tensões geopolíticas, inclusive do Brexit, uma desaceleração do crescimento europeu já é colocada no radar.
O bloco econômico europeu poderá ter um crescimento em cerca de 1,1% segundo a presidente, valor abaixo do registrado em 2019 que foi um ano fraco segundo analistas do FMI.
Apesar de Lagarde afirmar que a saída do Brexit em 31 de janeiro é uma “boa notícia”, ainda há muita cautela com este cenário. A Câmara dos Comuns no Reino Unido votou a saída deste da zona do Euro, entretanto, muito há por ser analisado.
Uma saída brusca do continente poderia arrasar a economia dos países da região, colocando pressão no bloco. Lagarde lembrou que a Inglaterra não é um estado-membro apenas rico, mas também com grande poderio militar.
Como a saída do país está marcada, não há mais volta neste caso. O tempo corre para que seja assinado um acordo de saída que, de acordo com o Público de Portugal, será assinado nesta quinta (9). Caso não seja assinado um acordo, o Reino Unido poderá sair de maneira brusca, algo considerado caótico pelos governantes do bloco europeu.
A UE se recuperará, mas precisará reforçar seus esforços para compensar a saída do Reino Unido.
A criação de uma criptomoeda é uma tarefa legítima para o BCE?
Com a pergunta acima, os jornalistas Pierre-Henri de Menthon e Sabine Syfuss-Arnaud fecharam o cerco a presidente do ECB. O Banco Central Europeu tem pensado no assunto das criptomoedas, já considerando emitir uma moeda para o bloco.
Para Lagarte, os meios de pagamentos digitais evoluíram muito, principalmente no quesito “transfronteiriço”. Dessa forma, observar as novidades é um dos papéis do Banco Central, segundo a presidente.
Ela lembrou que na zona do Euro já há o sistema de pagamentos que funciona de forma ininterrupta, chamado TIPS. Nele, são processadas transações 24 horas, sete dias por semana, com funcionamento mesmo entre bancos diferentes. Este sistema foi pensado para resolver problemas encontrados pelas novas gerações com smartphones e, também, por empresas da região.
A presidente enxerga que eventualmente o dinheiro físico acabe com as novas soluções digitais. O Banco Central Europeu, contudo, ainda não vê necessidade em emitir uma criptomoeda própria para o bloco.
Em termos do caminho a seguir, o BCE continuará avaliando os custos e benefícios da emissão de uma moeda digital do banco central (CBDC) que garantiria que o público em geral permanecesse capaz de usar o dinheiro do banco central, mesmo que o uso de dinheiro físico acabasse diminuindo.
Apesar da negativa de uma eventual emissão em breve, Lagarte afirmou que desde o fim de 2019 há uma força tarefa entre o ECB e Bancos dos países do bloco, para identificar oportunidades nesta área. A presidente deixou claro que o estudo da força-tarefa deverá cobrir todos os aspectos práticos de uma eventual emissão de criptomoeda, inclusive com os impactos no mercado financeiro.
Em resumo, o cenário de incertezas do bloco vão muito além do Brexit, mas também em relação às criptomoedas. A motivação para estudar este assunto se deve ao crescimento da adoção do Bitcoin, maior criptomoeda do mundo.
