O Banco Central Europeu (BCE) anunciou um pacote de estímulos polêmico, ao que alguns analistas se preocupam com a impressão de dinheiro infinita. As preocupações se dão principalmente em relação à inflação, que é certamente um risco em épocas de alto desemprego.
Na última quinta (4), a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, soltou um pronunciamento ao público. A autoridade monetária estaria de olho na taxa de inflação prevista para 2022, que estaria na faixa de 2% no ano.
Com essa previsão pessimista para 2020, o BCE resolveu aumentar a base monetária do bloco, ou seja, imprimir dinheiro. A crise do novo coronavírus (COVID-19) é a principal causa da atuação com firmeza do Banco Central Europeu, justificam.
Banco Central Europeu vai imprimir mais dinheiro na pandemia, justificativa é que inflação está controlada
Com a evolução da comunicação e da transparência demandada pela população frente às políticas monetárias, os posicionamentos de bancos centrais são acompanhados com mais atenção. Dessa forma, o anúncio do BCE na última quinta chamou atenção dos mercados, que viram mais um movimento sem precedentes, conduzido pela autoridade monetária.
Isso porque, ao afirmar que irão manter o programa para imprimir dinheiro, ainda afirmaram que o prazo será estendido. Ou seja, o Banco Central Europeu sinaliza que vai imprimir dinheiro enquanto a crise se manter, a princípio, pelo menos até junho de 2021.
Chamado de Programa de Compra de Emergência Pandêmica (PEPP), o BCE afirma que vai manter a aquisição de títulos públicos. A prática é chamada de Quantitative Easing (QE), e o Banco Central sustenta que deverá desafogar a zona do euro dos receios provocados pela crise do COVID-19.
De acordo com um analista ouvido pela CNBC, é possível que o BCE mantenha as compras emergenciais por um bom tempo. Podendo durar até o fim da crise do novo coronavírus, analistas já apelidam que o Banco Central Europeu abre brechas para imprimir dinheiro infinitamente na economia, algo perigoso na visão de economistas.
O programa PEPP começou oficialmente em março de 2020, em meio ao aumento de casos do novo coronavírus no mundo e com outros bancos centrais tomando suas providências. O Banco Central europeu compra dívidas desde 2015, mas havia parado em 2018 após aumento da inflação. Em 2019, a prática voltou a acontecer e tem se mantido na crise.
Não aguento mais o uso indevido dessa terminologia “Inflação e Deflação”, apontou analista
Para o cofundador do podcast The Investor (O Investidor), Preston Pysh, as pessoas estão se confundindo com os conceitos de inflação e deflação durante a crise. Em uma thread no Twitter, o analista apontou que os conceitos devem ser melhor compreendidos neste momento de crise, para que a população consiga entender melhor o que se passa.
De acordo com Pysh, os Bancos Centrais estão inflando agressivamente a base monetária. Desde 2008 nos EUA, por exemplo, o banco central (FED) imprimiu muito dinheiro, inflando a base de dólar de 0,8 trilhões para 7,1 tri.
Isso significa que os EUA inflaram a base a uma taxa de 21,9% ao ano. Contudo, a população não percebeu o movimento, visto que o FED compra ativos financeiros com esse dinheiro recém impresso. Ou seja, quem detém ativos na mão para vender se beneficia do momento e apenas um fio cai para as pessoas, afirmou Pysh.
A justificativa para manter isso seria que com investimentos agressivos, os ganhos com juros superariam as perdas pela degradação do dinheiro. O analista apontou que o dinheiro sendo impresso, mesmo durante a crise, aumenta o abismo entre os ricos e pobres e não é nada bom.
É por isso que os governos estão dando dinheiro para as pessoas, estão sem opção
Preston Pysh lembrou ainda que não são todos os setores que sofrem com a inflação. Alguns produtos e serviços perdem valor, deflação, que tem afetado nos últimos anos os eletrônicos, por exemplo, como celulares e televisão, que ficaram relativamente mais baratos até 2017. Contudo, comidas e bebidas encarecem nos EUA, pelo menos 55%.
Ou seja, a inflação pode ser setorial, afetando apenas alguns setores essenciais, mas prejudicando as pessoas. Em uma crise como a do coronavírus, onde pessoas perdem empregos e com comida e bebida mais caras, só resta ao governo dar dinheiro para as pessoas.
Essa alternativa, de acordo com Pysh, é a única que resta aos Bancos Centrais, sendo chamadas de renda básica, auxílio emergencial e até coronavoucher. Caso os governos não façam isso, haverá cada vez mais distúrbios civis, apontou o analista, um risco que nenhum governante quer correr.
O Banco Central Europeu, na última quinta, reafirmou sua posição de imprimir dinheiro infinito, ou seja, uma forma de acalmar os mercados locais. No Brasil ainda não há sinalização semelhante, e o caso é mais complicado no país que é de economia emergente.
Por fim, Preston Pysh afirmou que o sistema financeiro está sendo fraudado e é por isso que ele comprou Bitcoin. Para fugir desse sistema sujo e corrupto, que ele chamou de “espiral imparável de destruição da impressão fiduciária“, somente o Bitcoin seria de confiança hoje.