Bancos centrais devem se unir para criar moedas digitais, diz comunicado do BIS, FMI e Banco Mundial

Bancos centrais deverão encontrar consenso na tecnologia, que não pode ser criada apenas para fins domésticos, alertam autoridades. Quem terá o controle do dinheiro agora?

As intenções de se criar uma infraestrutura para moedas digitais de bancos centrais pelo mundo ficaram mais claras nesta sexta-feira (9), em um comunicado conjunto do FMI, BIS e Banco Mundial.

De acordo com a Reuters, cerca de 90% de todos os bancos centrais estão em busca de criar suas próprias versões de uma CBDC. O Brasil, por exemplo, já até liberou as diretrizes do Real digital, que deve chegar em 2022.

O relatório produzido pelo esforço conjunto de grandes instituições internacionais do mercado financeiro chamou atenção para uma cooperação mundial de bancos centrais em torno do tema.

Bancos centrais devem se unir para ter sucesso no lançamento de suas moedas digitais

A chamada CBDC é a moeda digital que está em planejada por bancos centrais no mundo todo. Com a intenção de se criar um padrão mundial para esse sistema, visando a interoperabilidade, o sucesso destes lançamentos está dependendo de apenas uma grande questão: consenso.

De acordo com um relatório de 37 páginas publicados pelo BIS nesta sexta (09), o potencial das moedas digitais pelo mundo é enorme. Além disso, a eficiência de pagamentos internacionais pode ser ampliada, mas os países devem trabalhar juntos.

“As moedas digitais de bancos centrais (CBDCs) têm o potencial de aumentar a eficiência dos pagamentos internacionais, desde que os países trabalhem juntos. Esta é a principal conclusão de um relatório conjunto divulgado hoje pelo Comitê de Pagamentos e Infraestruturas de Mercado (CPMI), o BIS Innovation Hub, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.”

Vale o destaque que os trabalhos para se criar um projeto de moeda digital mundial já até começaram. Segundo Benoît Coeuré, chefe do Centro de Inovação BIS, protótipos de CBDCs já estão sendo desenvolvidos com as autoridades monetárias interessadas no assunto, este que é tratado como prioridade máxima.

“No futuro, os arranjos nacionais poderiam se tornar interoperáveis ​​por meio de arranjos CBDC múltiplos (mCBDC) entre bancos centrais. Isso mitigaria os riscos e fricções transfronteiriças e entre moedas, ao mesmo tempo que reforçaria o papel da moeda do banco central como âncora para o sistema de pagamentos.

O BIS Innovation Hub está colaborando com vários bancos centrais para estabelecer protótipos e provas de conceitos para explorar diferentes usos de CBDC de atacado em um contexto transfronteiriço.”

Diretor do FMI garante que moedas digitais de bancos centrais não são apenas nacionais

Para Tobias Adrian, Conselheiro Financeiro e Diretor do Departamento de Mercado Monetário e de Capitais no FMI, as moedas digitais até podem ser criadas para uso doméstico. No entanto, em algum momento elas deverão cruzar as fronteiras, ou seja, isso deve ser avaliado pelos bancos centrais.

“As implicações dos CBDCs, mesmo que sejam apenas para uso doméstico, irão além das fronteiras. As implicações macrofinanceiras dependerão, em última análise, de vários fatores, como o nível e a natureza da adoção internacional – que vão desde a adoção de nicho para facilitar as remessas em certos corredores até a substituição generalizada de moeda.”

O novo relatório publicado pelo Banco Central dos Bancos Centrais deverá servir como guia para a criação dessas moedas, até mesmo no Brasil.

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Gustavo Bertolucci
Gustavo Bertoluccihttps://github.com/gusbertol
Graduado em Análise de Dados e BI, interessado em novas tecnologias, fintechs e criptomoedas. Autor no portal de notícias Livecoins desde 2018.

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